A luz do sol filtrava-se pelas cortinas da sala de estar de Rachel, em São Paulo. Ela estava sentada no sofá, uma xícara de café fumegante em suas mãos, enquanto pensava em Kally, sua amiga do reality "A Fazenda 15". As memórias da competição ainda estavam vivas em sua mente, mas agora, mais do que nunca, ela se via perdida em sentimentos confusos.
Rachel, aos 51 anos, sempre se esforçou para se encaixar nos padrões que a sociedade lhe impôs. Mãe de dois filhos adolescentes – um de 18 e outro de 16 anos – ela se via presa em um papel que parecia cada vez mais distante da sua verdadeira essência. Heterossexualidade era o que sempre acreditara ser a norma para ela. Mas a presença de Kally em sua vida desafiava essa percepção.
Kally, com seus 31 anos vibrantes e espírito livre, era tudo o que Rachel admirava: confiante, autêntica e destemida. A cantora tinha um jeito especial de iluminar qualquer ambiente com seu sorriso contagiante e suas risadas sinceras. E o mais intrigante? Kally não se limitava a amar apenas homens; seu coração era aberto para todos os gêneros, uma liberdade que fascinava Rachel.
As duas amigas costumavam conversar por vídeo chamada sempre que podiam. Kally estava em Natal, onde sua carreira musical florescia, enquanto Rachel tentava equilibrar a vida familiar e suas ambições pessoais em São Paulo. A distância física tornava cada conversa ainda mais preciosa. Contudo, à medida que os dias passavam, Rachel percebeu que seus sentimentos por Kally estavam além da amizade. Era uma obsessão silenciosa por aquela mulher livre e encantadora.
Rachel tentava se convencer de que era apenas uma admiração platônica. Mas sempre que Kally falava sobre seus relacionamentos ou suas experiências com outras mulheres, algo dentro dela se contorcia. A ideia de Kally com outra pessoa a deixava inquieta e cheia de ciúmes – sentimentos que ela não conseguia entender ou aceitar.
Em uma tarde ensolarada, enquanto conversavam sobre os desafios da vida após o reality show, Rachel decidiu abrir seu coração. "Kally," começou ela hesitante, "eu sinto que nossa amizade é algo muito especial. Você é uma das pessoas mais importantes na minha vida."
Kally sorriu ao ouvir isso, mas notou o tom sério na voz da amiga. "Eu também sinto isso! A gente realmente se conecta de um jeito único."
"Mas… às vezes eu me pergunto se estou me prendendo a algo que não posso ter," disse Rachel, sua voz quase um sussurro.
Kally franziu a testa. "O que você quer dizer?"
Rachel respirou fundo antes de continuar: "Eu sinto algo mais por você… algo que não sei como explicar. Eu sei que você gosta de homens e mulheres e eu… eu só estou tentando entender meus próprios sentimentos."
O silêncio pairou entre elas por um momento. Kally ficou surpresa, mas ao mesmo tempo compreendeu a luta interna da amiga. "Rachel," começou Kally suavemente, "é normal ter esses sentimentos confusos. O amor não tem regras fixas."
"Mas eu sou casada com a ideia de ser hetero," Rachel retrucou rapidamente. "Eu tenho filhos… O que isso significaria para nós?"
Kally inclinou-se para frente na tela da chamada, seus olhos brilhando com compreensão. "Isso não muda quem você é ou o quanto eu valorizo nossa amizade. Podemos explorar isso juntas sem pressa."
As palavras de Kally trouxeram um alívio inesperado ao coração de Rachel. Ela percebeu que poderia ser honesta consigo mesma sem medo do julgamento ou da rejeição.
E assim começou uma nova fase na amizade delas – uma fase onde exploravam suas emoções e desejos com sinceridade e vulnerabilidade. Elas falavam sobre amor livremente: as alegrias e as dores, os medos e as esperanças.
Conforme os meses passavam e as conversas se tornaram mais profundas, Rachel percebeu que estava aprendendo a abraçar sua verdadeira identidade sem precisar rotular-se como hetero ou homossexual. Ela estava simplesmente sendo Rachel – uma mulher que amava outra mulher.
E mesmo com a distância entre elas – São Paulo e Natal pareciam mundos diferentes – o amor crescia como uma planta forte enraizada no solo fértil da amizade.
Um dia, durante uma conversa à noite sob estrelas brilhantes (ou pelo menos em suas mentes), Kally disse: "Sabe, talvez devêssemos nos encontrar pessoalmente novamente…"
Rachel sentiu seu coração disparar com a ideia. O reencontro poderia ser o momento decisivo para ambas explorarem o que realmente sentiam uma pela outra.
E assim ficou decidido: elas iriam planejar uma viagem juntas para relembrar os velhos tempos e descobrir novos caminhos para suas vidas – juntas.
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Espero que tenham gostado beijos 😘