Capítulo 59

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A clavícula ainda subia e descia para o corpo resgatasse todo o seu ar perdido durante aquele momento de tensão. Passo as mãos nos cabelos soados, olhando para o teto da barraca, retomando todos os pensamentos que havia deixado para trás quando iniciamos as caricias. Dessa vez é o cérebro que toma conta, e tenho medo da reação do garoto ao lado, em virtude de já ter conseguido o que queria comigo. Sexo.

Tenho medo de Dylan espalhar o que houve entre nós, mesmo que algum lugar na minha consciência falasse que o rapaz não seria capaz de tamanha crueldade. Entreguei-me muito rápido, confesso. Porém, se fosse para ter aqueles toques e aquele calor emanado de seu corpo novamente, teria feito do mesmo jeito, pois nunca cheguei a tanta satisfação como estou agora. Parecia que cada momento foi bem elaborado, é como se ele me conhecesse tão bem ao ponto de saber todos os meus pontos fracos e todos os meus desejos. Bem, possivelmente seja a experiência em sexo, talvez tenha conhecido diversas garotas e feito a mesma coisa que acabou de fazer comigo. Isso me intriga de um modo inexplicável, a garganta seca e a raiva começa a pulsar nas veias. Eu sou só mais uma?

Encaro o garoto entrar no dormitório novamente, após ter ido se livrar da camisinha. Já havia me limpado e o mesmo também, assim como a colcha de cama. Então, apenas permaneci sentada de pernas cruzadas, calada, perdida em meus pensamentos.

— No que está pensando? — ele pergunta, inclinando-se levemente para ficar mais próximo, seus olhos cheios de ternura enquanto deposita um beijo caloroso na minha testa. O toque suave dos seus lábios me traz uma onda de tranquilidade, como se, por um breve momento, todos os meus receios desaparecessem. Paz. É o que florece em mim todas as vezes em que faz isso.

— Em nada, — respondo, balançando a cabeça, tentando afastar os pensamentos que se misturam em minha mente. — Só estou com sono, — completo, deixando meu olhar se perder nos seus olhos castanhos claros, que parecem ter o poder de desvendar cada parte de mim, mesmo as que tento esconder.

Ele sorri de maneira compreensiva, como se soubesse que há mais por trás das minhas palavras, mas não insiste. E isso me deixa aliviada e encantada.

— Vamos dormir, então, — diz com uma voz suave, deitando-se ao meu lado e me puxando gentilmente para o seu colo. O calor do seu corpo e o ritmo constante da sua respiração me envolvem, Em seus braços, eu me sinto aquecida e amada, mesmo que seja por um tempo breve, eu estou gostando disso, pois nem nos meus sonhos mais profundos poderia imaginar que em estaríamos nos aquecendo em uma noite tão fria como esta. – Eu quero lhe dizer algo antes – comenta, passando os seus dedos em meus cabelos.

Levanto o olhar, dando bastante atenção para o que estou prestes a ouvir.

— Pode falar – digo, acenando com a cabeça.

Ele respira fundo, como se estivesse reunindo coragem para as palavras que vêm a seguir.

— Você é a única, Emma, — ele finalmente fala, sua voz carregada de sinceridade e algo mais profundo que me atinge em cheio, fazendo meu coração vacilar por um instante. A intensidade do momento me deixa sem palavras, então apenas sorrio, um sorriso tímido, mas cheio de significado.

Antes que eu possa responder, ele se inclina e seus lábios encontram os meus em um beijo que mistura tudo: carinho, paixão e uma promessa silenciosa. Sinto meu corpo relaxar contra o dele, como se aquele beijo fosse a confirmação de tudo o que sempre desejei ouvir.

Coloquei o relógio, visando para onde o ponteiro marcava, são cinco e quinze da manhã. Então começo a me espreguiçar, pois tenho que trocar de barraca antes mesmo do treinador acordar todo mundo com o seu apito ambulante.
Dylan, faz um movimento contra isso, agarrando a minha cintura.

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