Nossos dias juntas estão apenas começando

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Luiza POV

A Catarina teve alta no mesmo dia à noite, tudo não passou de um susto e mais uma vez ela voltou para casa com a recomendação médica de não fazer tanto esforço por um bom tempo

A Valentina e eu não falamos muito uma com a outra ao decorrer do dia, apenas trocamos  alguns olhares enquanto escutamos os sermões da Ayla e do Marcos para a Catarina. As 20:00 eu estava estacionando em frente a casa dos Albuquerques e me deparei com a minha avó chamando no portão da família o nome da minha mãe

– Sônia, eu sei que você está aí, tá na hora de ir pra casa – Ela falava

Desde que minha mãe morreu, minha Avó nunca mais foi a mesma, na maioria dos dias ela fica em frente ao mar em absoluto silêncio e outras vezes ela parece voltar ao passado, onde tanto a Catarina quanto minha mãe eram apenas duas adolescentes que viviam grudadas

– Ah, Catarina querida, aí está você, chame a Sônia pra mim por favor, e não venha me dizer que ela não está com você, já é hora do jantar – Ela fala assim que a Catarina desce do carro

Eu não aguento ver minha avó dessa forma, e nesse longo dia tudo que eu queria era não ter que lidar com essa situação. Respiro fundo antes de descer do carro e sem esperar sinto as mãos da Valentina segurando as minhas enquanto ela olhava pra o lado de fora pelo banco de passageiro

Ela ainda não estava bem comigo, mas esse gesto foi apenas ela demonstrando que não importa o quão chateadas nós duas podemos ficar, sempre teremos uma a outra pra nos apoiar. Desci do carro e minha avó sorriu pra mim

–  Sônia, você disse que estaria em casa no jantar, já te disse mil vezes pra não ficar perturbando na casa da Catarina até tarde filha – Ela segurou meu braço e acariciou minha mão

– Vó, eu sou a Luiza, não lembra ? Sua neta– Acariciei seu rosto

Ela me encarou confusa por um tempo como quem buscasse em sua memória a lembrança de quem eu sou e não demorou muito para que seu semblante fosse ficando mais triste, eu sabia que ao menos por alguns minutos ela estava recuperando sua lucidez

– Tem razão, minha filha não está aqui – ela encarou a Catarina – Por sua causa

Antes que tudo nesse dia piorasse ainda mais eu a abracei e a afastei de perto dos Albuquerques, minha avó se deixou ser intoxicada pelo ódio do meu pai e se tornou mais uma a colocar o peso da morte da minha mãe nos ombros dela, eu me sinto sozinha por ser a única que enxerga as coisas da forma certa e não busco culpadas pra o que no fim foi apenas uma triste fatalidade.

– Eu vou levar a Vó em casa, volto pra te ver mãe

– Tudo bem meu amor, vá em paz

Valentina POV

Eu daria qualquer coisa, faria qualquer coisa pra proteger a Luiza de todas as situações que ela passa com sua família desde a morte da Sônia, mesmo irritada pelo fato dela não ter me contado sobre a minha mãe eu não consigo parar de pensar em como ela está.

Já passa das 23:00 e ela ainda não voltou pra casa, a Elis capotou no colchão que coloquei no chão do meu quarto, meu pai acabou dormindo exausto no sofá e a Ayla também pegou no sono abraçada com a minha mãe, entrei no quarto dela e me sentei ao seu lado na cama

– Você precisa dormir, mãe

– Tô preocupada com a Lu, você acha que ela volta pra casa ?

– Você ama quando a Luiza dorme aqui não é?

– Que mãe não gosta dos seus filhos seguros embaixo da sua asa – ela sorriu – A Luiza pode não ter saído de dentro de mim, mas eu  ajudei a criá-la tanto quanto a Sônia, eu daria minha vida por ela assim como faria por qualquer uma de vocês duas – Ela acariciou os cabelos da minha irmã

De volta às raízes ( Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora