Traços do Oriente | KageHina

Desentendimento

  Kageyama pegou a guitarra com as duas mãos e levantou, prestes a jogar no chão e quebrá-la em mil pedaços. Ele não aguentava mais aquela merda, porém pensou um pouco antes de realmente fazer. Ficaria sem guitarra, mas não importava, precisava descontar a raiva em alguma coisa. Kageyama bateu o instrumento no chão várias vezes, até que tivesse totalmente quebrado, sem possibilidade de conserto. Assim que jogou o braço da guitarra no chão, a porta atrás de si foi aberta, revelando um Hinata preocupado e um pouco assustado.

— Que merda, Kageyama! O que você fez? – O ruivo parecia irritado e acabou sendo grosso.

— Quebrando essa porra. Deixa que eu limpo essa merda. – Kageyama bufou — Licença. – Ele praticamente empurrou Hinata na porta, saindo do cômodo.

— Volta aqui! – Shōyō foi atrás — Para de agir como uma criança!

  A questão era que, depois do pagode, Kageyama se afastou um pouco de Hinata, seguindo o conselho de Kenma. Ele não queria se confundir, mas já estava há um tempo na república e se apegou a Hinata, não podia deixar que seus sentimentos florescessem.

— Kageyama! – O ruivo segurou o braço do moreno com força e o puxou.

Tobio foi diretamente pra ele e ficaram a centímetros de distância. A pele macia sob a mão de Hinata deixava o ruivo com o coração aquecido, enquanto Kageyama se acalentava com o toque. Os dois se olharam por uns segundos, Shōyō acariciando o braço do moreno e Tobio respirando fundo. O ruivo sorriu, a fim de acalmá-lo e o puxou para um abraço. O gesto repentino pegou Kageyama de surpresa, mas retribuiu. Seu coração estava acelerado, igual todas as vezes que ficavam perto, sua respiração descompassada, mas parecia em paz. As preocupações que o afligia anteriormente desapareceram, efeito do pequeno ruivo carioca.

— O que foi, Titi? – Hinata murmurou contra o peito do moreno. Ele falava de forma manhosa, provocando o rapaz.

— Para de me chamar assim, Shōyō. – Kageyama, com hesitação, colocou a mão nos cabelos macios de Hinata.

— Por que está bravo? – Ele colocou as mãos geladas dentro da blusa de Tobio.

— Ah, idiota! – O moreno afastou Hinata, rindo. Kageyama se encontrava muito mais leve devido à interação com Shōyō.

  O riso inesperado de Kageyama pegou Hinata de surpresa, mas ele adorou ver aquela reação. O ruivo sorriu de volta, satisfeito por ter conseguido tirar um pouco daquela tensão que parecia estar o consumindo.

— Tá vendo? É só relaxar um pouco. – Hinata disse, com um brilho no olhar.

  Kageyama, ainda com a respiração entrecortada pelo riso, balançou a cabeça e olhou para o chão. Apesar de ainda sentir um aperto no peito, agora não era mais tão sufocante. Havia algo no jeito despreocupado de Hinata que fazia com que todos os problemas parecessem menores.

— Você é insuportável às vezes. – Tobio resmungou, mas o tom era mais brincalhão do que irritado.

— E você é mais teimoso que uma mula. – Hinata retrucou, sorrindo — Mas, ó, se precisar quebrar mais alguma coisa, me chama, porque sozinho não tem graça.

  Kageyama revirou os olhos, mas um sorriso pequeno ainda permanecia em seu rosto. Ele sabia que Hinata estava apenas tentando aliviar o clima e, de alguma forma, isso funcionava. Sentiu que, talvez, não precisasse se afastar tanto assim, mesmo com toda a confusão que estava sentindo.

— Valeu, Shōyō. – Disse baixinho, o suficiente para o ruivo ouvir.

  Hinata abriu um sorriso largo, como se aquela pequena palavra tivesse feito seu dia. Ele voltou a abraçar Kageyama rapidamente antes de se afastar.