15: Não estou bêbada!

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Serena

Você, eu quero você. Como nunca quis nada na minha vida. Quero o meu namodo gentil e carinhoso de volta. Mas não é isso que deveria pedir. Talvez algo que vá me amar incondicionalmente.

— Eu quero um cachorrinho.

— Ok, não vou nem comentar! — Pega minha mão e anda pela calçada comigo até a entrada com letreiro em neon.

Tem uma fila pequena. Elias carrega minha bolsa sem problema, deixo com ele, não gosto de ficar segurando as coisas. Esperamos na fila. Até que anda bem rápido. Na nossa vez, ele entrelaça os nossos dedos. Percebo que só casais entram, tem que ter uma companhia. Ele podia ter chamado outra pessoa, fico feliz de não precisar usar a faca da cozinha que escondi no seu quarto.

O segurança pergunta os nossos nomes. Depois mal olho no papel e deixou que passássemos. Seguimos pelas escadas, para a área vip. Me pergunto como o meu namorado pobre se tornou isso. Tento não pensar no seu trabalho. O lugar está praticamente vazio, tem um grupo de homens barulhentos que parecem ser de uma banda, sentados no canto. A mulher no bar ignora o loiro tentando flertar com ela.

Me ajuda a sentar no banco, abraça minha cintura e pede uma bebida. Me apoio no balcão.

— Você vai demorar? — Sussuro pra ele.

— Não, se ouvir algum barulho não saia correndo, eu venho te buscar. — Responde no mesmo tom.

— Promete?

Beijo minha bochecha:
— Prometo.

( … )

— Então, você está sozinha?

Aparentemente tem salas aqui na área vip, só quem paga caro pode beber lá sem ser incomodado, só com os amigos. O loiro fala comigo a um tempo. Estou começando a ficar bêbada. Acho que bebi uns 3 ou 10 copos.

Estou sentada no balcão. No começo os olhares me incomodaram bastante. Mas depois da bebida me sinto mais leve, acho que não consigo sair daqui sozinha. Tem outro cara na mesa dos caras barulhentos tirando fotos das minhas pernas.

— O meu namorado está aqui, ele mata pessoas! — Ri do vento.

— Essa foi boa, você deve estar muito bêbada. Aposto que ele nem existe, onde ele está? — Sua voz também está arrastada. A loira do bar ri.

— Já falei que ele está aqui! — Se levanta com o seu copo para sentar perto de mim. — Esse lugar não é seu. — Bato a mão no balcão irritada. — Ele… ele existe, viu?

— Cadê ele então?

Por cima da sua cabeça vejo o Elias vindo, ele está sujo de sangue, de repente o loiro desmaia e o cara com celular também. A mulher das bebidas se esconde atrás do balcão. Gritos e medo dominam o lugar.

Estendo os braços rindo, a máscara faz ele parecer mais atraente. Me ajuda a descer, puxo o vestido para baixo.

— Ursinho! — Abraço ele. Soluço por causa da bebida, bebe muito vinho. — Você estava me traindo? — Seguro no colarinho da sua blusa.

— Você está bêbada? Eu saiu por 20 minutos e você se embebeda?

Soluço. Olho para cima, buscando seus olhos castanhos.

— Não estou bêbada! — Coço o nariz. — Quero ir ao banheiro.

Suspira irritado. Segura minha cintura, depois pede uma água a moça do bar. Ela me entrega se tremendo toda. Me faz beber a água para o soluço passar. A fila para o banheiro não existe na área vip.

Não tem nem uma mulher no banheiro. Me ajuda a andar, chego à cabine, puxo a calcinha para baixo e o vestido para cima. Sento no vaso e ele fica me olhando, esperando com a porta da cabine aberta.

— Para de olhar, assim eu não consigo.

— Já fez isso antes, vamos.

Fecho os olhos, nada. Nego, não consigo. Ele fecha a porta. Demoro mais um pouco, consigo fazer xixi. Puxo o papel higiênico. Me apresso e subo a calcinha arrumando o vestido. Sai da cabine. Me sinto tonta, mas não tão mal. Minha barriga ronca.

— Ursinho, vamos comer?

— Eu estou aqui, isso é uma palmeira de plástico! — Volto a soluçar. Talvez eu esteja um pouco bêbada.

( … )

Acordo com dor de cabeça. Não estou bem, corro pro banheiro aos tropeços. Levanto a tampa do vaso. Sinto uma mão juntando o meu cabelo no topo da cabeça. Fecho os olhos. Sinto que vou botar os órgãos para fora. Nunca bebi tanto com a Lena como bebi ontem.

Me ajuda a levantar e dar descarga. Me volto para a pia e lavo a boca, pego a escova e coloco pasta de dente. Evito o meu reflexo, sei que estou horrível. Elias está parado atrás de mim como um cão de guarda.

Cuspo a espuma da pasta de dente:
— Minha cabeça está doendo, pode me criticar outra hora?

Elias sai sem dizer nada. Lavo a boca com água. Jogo água no rosto e arrumo um pouco meu cabelo, prendo ele em um coque com o próprio cabelo. Sai do quarto na intenção de ir lá para baixo. Tento abrir a porta, está aberta. Fico confusa. Ele esqueceu de me trancar.

Esqueço do machucando nos pés e corro lá pra baixo. Me apoio na parede fazendo careta. Não lembro de muita coisa, tomara que eu tenha dado bastante trabalho pra ele.

Entrou na cozinha e ele está fazendo café. Café e chá, gosto dos dois, não consigo escolher. Sento na mesa, tem um copo com água e um remédio, tomo sem perguntar.

Como não lembro de muita coisa, tenho que perguntar:
— Você me traiu?

— Hum… — Se vira pra mim com um sorriso de canto. — A loira do bar até que era bonita, e també-

— Acha que pode me fazer ciúmes com isso, vou te dizer uma coisa… — Minha histeria e minha leve falta de paciência no fim não saiu extremamente como eu queria. — Eu não me importo! — Levanto empurrando a cadeira pra trás. Antes de chegar à porta paro para falar mais. — Não quero você dormindo comigo na cama nunca mais, e os meus peitos são maiores!

— Espera, era brincadeira… — Desliga o fogo e vem tentar falar. — Nem olhei pra ela.

— Mentiroso, como sabe a cor do cabelo dela? — Estreito os olhos, ponho a mão na cintura.

— Você falou dela no banheiro, lembra? “A loirinha do bar é legal”, você disse. — Explica nervoso.

Não lembro. Franzi a testa, ele está muito ansioso. Nem se importa realmente de dormir comigo ou não. De repente está assim.

— Tsc, Tá! — Evito ele. Tento ir pra sala, se coloca na minha frente.

— Bonequinha, olha pra mim. — Olho pra cima. — Posso ser horrível, e não amar você, mas sou obcecado… — Ando pra trás quando ele vem pra cima de mim. — Completamente obcecado.

Prendo o fôlego ficando entre a parede e ele. Se inclina pra ficar da minha altura. Elias não está mentindo, ele está olhando nos meus olhos. Sua mão agarra minha cintura. Nossas respirações se misturam.

Obscura ilusão.Onde histórias criam vida. Descubra agora