JUJUTSU KAISEN - Sukuna

Algo Mudou

O mundo continua sem graça. Pessoas sem graça correndo atrás de seus objetivos sem graça e morrendo de forma sem graça. O ciclo continua o mesmo de forma irritante a séculos. Como eles ousam andar por aí, como se o nosso mundo não existisse? É ridículo e até engraçado saber que muitas pessoas morrem ignorantes no que acontece na nossa realidade — a verdadeira realidade. As pessoas em seu percurso ridículo de vida passaram a temer coisas como palhaços, altura, sentimentos e monstros que vivem debaixo de suas camas... Mesmo quando há coisas muito mais tenebrosas para se ter medo.

(...)

Cheguei em Tokyo depois de uma longa e cansativa viagem, o ar frio faz os pelos dos meus braços arrepiarem e acabo por me lembrar que esqueci de trazer um casaco — droga de clima gelado — andei até uma loja de conveniência onde comprei uma jaqueta forrada e aproveitei para jantar, depois alguns terryakis e uma bebida gelada o meu humor melhorou muito.
— Alguém estava com muita fome. — disse uma senhorinha, que acredito ser atendente da loja, com um sorriso atencioso — Você não é de Tokyo, ou é?

— Não, eu cheguei hoje, pra ser exata faz só meia hora.

— ah sim, eu imaginei. Ninguém sai nesse frio tão despreparado — disse a senhorinha rindo.

— É que faz muito tempo que eu não visito, da última vez que vim não era tão gelado — digo olhando para as ruas —Sabe se dá pra chegar ao Templo de Retiro espiritual ainda hoje?

— Aquele lugar deserto? Acredito que sim — ela passa a olhar para mim com curiosidade — O que uma jovem como você quer em um lugar tão antiquado?

Sorri com o pensamento tolo da velha. O templo é nada mais que a instalação da escola técnica superior de jujutsu para feiticeiros no Japão, uma das duas únicas no país, mas é claro que ela não sabe disso, afinal para os humanos aquele lugar não passa de uma escola religiosa particular.

— É que eu gosto de exercitar a alma — disse a primeira bobagem que veio à minha cabeça e me levantei para ir embora.

—Ah sim, muito obrigada pela preferência. E boa noite! — ela diz quando saio da loja.

Do lado de fora vejo algumas maldições de nível inferior à espreita — devem ter se afastado quando cheguei, mas vão se aproximar de novo quando eu for embora. Talvez a velha não dure essa noite.

(...)

Algumas pessoas gostam de viver suas vidas medíocres buscando beleza na mediocridade, mas isso só te impede de viver as intensidades do desconhecido. Infelizmente isso também é temporário. Afinal quem vive de adrenalina não é melhor que qualquer outro viciado.
Eu quero algo diferente. Eu quero destrinchar as profundezas do que é certo e errado. Viver intensamente a essência do que eu sou de verdade.
E eu poderia fazê-lo sozinha, mas eu não quero.
Eu quero Ele.

Me hospedei faltando alguns quilômetros para chegar na escola, tenho que ser discreta a partir de agora. Decidi dormir essa noite e começar a mover minhas peças ao amanhecer. Algumas horas depois do sol nascer alguém me acordou me oferecendo café da manhã, acredito que era uma servente, tanto faz, mas o café da manhã estava uma delícia, aproveitei para tomar um banho e me vestir de acordo com a moda em Tokyo.
— Gostaria de mais alguma coisa, senhorita? — perguntou a servente com olhos gentis, era uma jovem, iria servir. Abri um sorriso.
— Sim.

(...)

Passei o dia pondo meu plano em prática, ajeitando cada detalhe para esse momento. O vento frio batia em meu rosto balançando algumas mechas do meu cabelo escuro, a noite estava menos fria que no dia anterior, estava perfeito. Observei de um ponto estratégico o meu propósito se concretizar, se eu estivesse certa uma explosão aconteceria nos próximos três, dois, um....
De repente uma maldição nível especial ataca a instalação onde eu estava hospedada quebrando as janelas e partes da construção, observando de longe vejo algumas pessoas gritando e correndo desesperadas pelas suas vidas enquanto a maldição detonava o pequeno prédio. Animada, balancei as pernas, enquanto estava sentada numa árvore há alguns metros do local — não demoraria muito pra que eles chegassem, ainda mais sem uma cortina com um ataque tão exposto.
Agora eu só precisaria esperar...