CHASERS INC. - Através do Sangue

2. Preparação.

Cheng ficou visivelmente surpreso com o que ela falou, seus olhos se arregalaram em completa descrença da situação.

— Mas madame, por qual motivo negaria?!

— Você sabe o motivo de ninguém saber nada sobre o Exame de Admissão?

— Eu desconheço a razão de tamanho mistério.

— É por que ninguém volta vivo do exame e aqueles que passam, ficarão presos em Obikawa até o fim de suas vidas. Falhar não é uma opção, principalmente competindo na categoria de Perseguidor, você pode ser forte, mas tá longe de ser um guerreiro ideal para o Exame.

— Como posso estar tão longe de ser um guerreiro ideal? Eu sou o Perseguidor número 1 de Detroit, desde que entrei na divisão, eu jamais falhei em qualquer punição.

— Exato, como vai lidar quando falhar? O que vai fazer quando não for forte o suficiente? Eu poderia apenas ignorar minha consideração por você e te mandar para a morte, mas estou tendo um conversa franca com você, por todos os anos de subordinação. Não posso deixar o meu melhor perseguidor morrer, Detroit não chega aos pés do Exame e de Obikawa.

A Diretora disse com firmeza, batendo as mãos na mesa declarando seu posicionamento firme. Cheng suspirou, ele cerrou os punhos brevemente então abriu suas mãos e encarou suas palmas, antes de olhar novamente para ela.

— Madame, eu sou eternamente grato pela sua bondade, quando nos conhecemos, você me deu um propósito nobre para lutar. Se eu ainda não sou o ideal, me ensine a ser melhor, eu preciso passar no teste, você sabe o quanto isso é importante para mim.

Nova franziu a testa, suspirando de cansaço, no fundo ela sabia a importância de tudo isso para ele, além de que, ela também não hesitaria se tivesse tido sua transferência aceita. Ela cruzou os braços enquanto se sentava em sua cadeira de escritório.

— Vocês jovens são tão teimosos, se você realmente quer passar pelo Exame, vai ter que passar por um treinamento intensivo, um treinamento que vai fazer você implorar para morrer, vai sentir seus ossos quebrarem, seu corpo dolorido e sua mente enlouquecer. Está entendendo a gravidade disso?

— Eu entendo bem, eu aceito tudo que você mandar para cima de mim, tudo por uma maldita chance de alcançar a vitória nesse teste, eu não vou falhar.

A Diretora deixou um leve sorriso orgulhoso escapar pelos seus lábios, ela olhou para ele com desafio.

— Então é isso seu filha da puta, eu vou transformar você em um monstro, temos 6 meses até te transformar em uma obra-prima. Você não pode morrer, não vou aceitar perder um Perseguidor tão bom para esse exame, está me ouvindo?!

— Eu não vou morrer, você não vai perder outro Perseguidor, isso eu te garanto.

— É o que eu queria ouvir, irei te aprovar então, tire a noite e amanhã de folga, depois disso, você irá treinar sem parar, sem pausas para longos descansos ou lazer. Eu irei contatar uma pessoa para nos ajudar, agora suma da minha frente.

Cheng sorriu de forma orgulhosa, seus caninos levemente avantajados deixavam seu sorriso ainda mais ameaçador, ele se virou para sair de cabeça erguida, se recusando a sentir qualquer medo ou dúvida de sua decisão, se ele desejasse alcançar os céus, ele alcançaria.

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Em cima de uma cobertura luxuosa, olhando para a cidade de Las Vegas como se pudesse segurar a cidade nas palmas da mão, havia um homem por volta dos 57 anos, de estatura bem alta por volta dos 2,16cm, corpo bem robusto e cheio de cicatrizes onde era visível, sua pele parda meio bronzeada de sol com uma leve marca de batom em seu pescoço, seus cabelos num tom roxo meio acinzentado preso num coque mal feito, seus olhos num tom roxeado, uma barba para fazer, vestido num roupão branco que mal parecia caber em seu corpo. Ele estava brincando com um baralho em suas mãos, fazendo pequenos truques enquanto esperava pacientemente por alguma coisa. Em menos de 3 minutos, ele escutou seu celular tocar na mesa ao seu lado, uma música cubana tocando bem alto em forma de toque, o homem parou de mexer no baralho, dançou levemente com seu corpo enquanto andava até o aparelho, ao pegá-lo, era notório o quão pequeno ficava o celular em sua mão gigantesca, ele leu o contato brevemente, um largo sorriso surgindo em seus lábios enquanto atendia, sua voz grave e pesada num tom sempre brincalhão.

— Mi Corazón! Como você está? Faz tempo que você não manda qualquer sinal de vida para esse pobre homem apaixonado.

A voz do outro lado era reconhecível, obviamente era Nova, seu tom mais cansado e sem paciência.

— Olá Ramon, eu preciso de um favor.

— Direta como sempre hein? Não posso nem trocar um pouco de conversa afiada com minha musa. Mas você sabe, eu não sou de favores, gosto de um bom pagamento.

— Me diga seu preço.

— Depende do que procura, Mi Corazón.

— Quero sua ajuda para treinar alguém, preciso prepará-lo para o Exame de Admissão.

O silêncio durante a ligação foi brusco, Ramon franziu o cenho, seu jeito brincalhão logo sumindo.

— Nova, você sabe onde está se metendo? Quem você vai sentenciar para a morte agora?

A Diretora suspirou em desagrado, mas se manteve firme.

— Eu peço pela sua ajuda, você é o único em quem confio o suficiente para transformar a taxa de sucesso de 0% a 1%, essa pessoa que vai participar, precisa disso, você sabe que eu jamais pediria algo a você que parecesse infundado.

Ramon continuou a admirar a vista, ele pensou um pouco antes de responder.

— Isso é verdade, você jamais me pediria algo sem fundamento, o quanto tu confia nessa pessoa?

— Eu aposto todas as minhas cartas nele.

Ramon deu um sorriso assustador, soltando uma risada sinistra.

— Então você confia pra caralho, fico até com ciúmes desse jeito, mas não se preocupa, eu ajudo, quero ver o talento desse moleque pessoalmente, eu chego em Detroit em 1 dia, vou cobrar pouco pela emoção, 3 garrafas dos melhores vinhos, um carro e um encontro, serve?

— Como quiser, mas não garanto que eu não te mate se encher meu saco.

— Hah, combinado então, Mi Corazón.

Ramon desligou a chamada, voltando a se apoiar no parapeito, ele ajeitou alguns fios de cabelo, sorriu de novo e disse para si mesmo.

— A vida ainda me surpreende depois de velho, la puta madre...