Capítulo 11

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Os meus olhos pregam-se no Phoenix enquanto a esperança se evapora de mim.

- Não?

- Não, Moon. Não.

- Porquê?! - explodo - Porque não tentar? Porque é que não me apoias? Porque é que...

Duas passadas e um piscar de olhos: a mão dele está sobre a minha boca, os seus olhos decididos e ferozes nos meus.

- Porque é inútil, Moon. É impossível. Esse plano nunca iria resultar. Não há garantias de nada do que disseste. E mesmo que conseguíssemos sair daqui, achas que nos íamos safar depois? Huh? O que é que ia acontecer depois? Achas que não nos encontrariam, ou não seríamos apanhados pelos Ismetris? Achas que iríamos sobreviver?

- Nix...

Ele retira-me a palma dos lábios ao som da voz da Annora, e relaxa um pouco os ombros, tentando acalmar a respiração. Endireita-se e suspira.

- Moon, isto é uma fortaleza. Isto é quase um setor inteiro debaixo do chão. Isto. É. Uma. Prisão.

- Por muito que te queiramos tirar daqui, Moony... É muito arriscado. É uma missão impossível, até para ti. Não queremos que morras ao tentar fugir daqui.

- Pois, mas eu prefiro morrer a ficar presa aqui para sempre! Recuso-me a ser a marioneta dele para lhe fazer o trabalho sujo mais uma única vez!

- Eu sei! Moon, nós sabemos, está bem?! Sabemos que detestas isto, talvez mais do que nós e com razão, mas é a única forma - a Annora tenta abraçar-me, mas eu afasto-a - Tens de te aliar a ele, dia 1. Tens de jurar que vais permanecer agente mesmo após os dezasseis. Tens de o fazer. Senão...

Os seus olhos lacrimejam e eu não os suporto ver. Os do Deadly são firmes e decididos, mas revelam dor e tristeza similares aos dela. Os meus... Não os sinto. Dói-me tudo. Tudo.

- Saiam.

Quem nunca se sentiu tão vazio por dentro ao ponto de pensar que está morto nunca poderá entender o que eu senti naquele momento

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Quem nunca se sentiu tão vazio por dentro ao ponto de pensar que está morto nunca poderá entender o que eu senti naquele momento.

Quando soube que o dia porque esperei toda a minha vida não chegará.

E que eu sou impotente quanto a isso.

Uma prisioneira. Uma marioneta. Uma arma.

Uma criança.

Entro aos tropeções na casa de banho. Assim que olho para o lado, vejo-a. A marca da palma da minha mão em sangue no espelho estilhaçado. Um lembrete para mim própria, e quase um favor.

Dispo-me e entro no chuveiro quadrado. Deixo a água escaldante me escorrer do topo da cabeça à ponta dos pés, sentindo a sua pressão contra o crânio, e pequenas correntes a deslizarem-me pelo corpo.

Assim fico até a minha porção de água quente acabar e a gélida me começar a arrefecer, fazendo um ruído audível ao entrar em contato com a pele a ferver.
Fecho a torneira e pego numa toalha, começando a esfregar-me e secar-me.

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