Os meus olhos pregam-se no Phoenix enquanto a esperança se evapora de mim.- Não?
- Não, Moon. Não.
- Porquê?! - explodo - Porque não tentar? Porque é que não me apoias? Porque é que...
Duas passadas e um piscar de olhos: a mão dele está sobre a minha boca, os seus olhos decididos e ferozes nos meus.
- Porque é inútil, Moon. É impossível. Esse plano nunca iria resultar. Não há garantias de nada do que disseste. E mesmo que conseguíssemos sair daqui, achas que nos íamos safar depois? Huh? O que é que ia acontecer depois? Achas que não nos encontrariam, ou não seríamos apanhados pelos Ismetris? Achas que iríamos sobreviver?
- Nix...
Ele retira-me a palma dos lábios ao som da voz da Annora, e relaxa um pouco os ombros, tentando acalmar a respiração. Endireita-se e suspira.
- Moon, isto é uma fortaleza. Isto é quase um setor inteiro debaixo do chão. Isto. É. Uma. Prisão.
- Por muito que te queiramos tirar daqui, Moony... É muito arriscado. É uma missão impossível, até para ti. Não queremos que morras ao tentar fugir daqui.
- Pois, mas eu prefiro morrer a ficar presa aqui para sempre! Recuso-me a ser a marioneta dele para lhe fazer o trabalho sujo mais uma única vez!
- Eu sei! Moon, nós sabemos, está bem?! Sabemos que detestas isto, talvez mais do que nós e com razão, mas é a única forma - a Annora tenta abraçar-me, mas eu afasto-a - Tens de te aliar a ele, dia 1. Tens de jurar que vais permanecer agente mesmo após os dezasseis. Tens de o fazer. Senão...
Os seus olhos lacrimejam e eu não os suporto ver. Os do Deadly são firmes e decididos, mas revelam dor e tristeza similares aos dela. Os meus... Não os sinto. Dói-me tudo. Tudo.
- Saiam.
Quem nunca se sentiu tão vazio por dentro ao ponto de pensar que está morto nunca poderá entender o que eu senti naquele momento.Quando soube que o dia porque esperei toda a minha vida não chegará.
E que eu sou impotente quanto a isso.
Uma prisioneira. Uma marioneta. Uma arma.
Uma criança.
Entro aos tropeções na casa de banho. Assim que olho para o lado, vejo-a. A marca da palma da minha mão em sangue no espelho estilhaçado. Um lembrete para mim própria, e quase um favor.
Dispo-me e entro no chuveiro quadrado. Deixo a água escaldante me escorrer do topo da cabeça à ponta dos pés, sentindo a sua pressão contra o crânio, e pequenas correntes a deslizarem-me pelo corpo.
Assim fico até a minha porção de água quente acabar e a gélida me começar a arrefecer, fazendo um ruído audível ao entrar em contato com a pele a ferver.
Fecho a torneira e pego numa toalha, começando a esfregar-me e secar-me.
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Segredos de Sangue
ActionEstamos em 2126. O Mundo não foi dominado por robôs como se pensava no passado, nem as secas e inundações destruíram o planeta. O Fim do Mundo não aconteceu. Bem, pelo menos, não da forma que se pensava. Agora, o planeta inteiro é controlado por alg...