Eduarda Reis
-Você ainda não encerrou seu horário de hoje?-Henrique,filho do meu patrão pergunta me fazendo xingar ele mentalmente,hoje tive o azar de encontrar ele na empresa
-Estou finalizando essa última planilha e encerro meu expediente
Falo voltando a me sentar,começo a organizar os últimos papéis pra poder finalmente terminar a maldita planilha,não que eu não goste do meu emprego,eu amo ele mas o filho do meu patrão quando vem aqui me faz odiar estar nesse lugar,ele me tira do sério desde quando éramos crianças
Posso te ajudar em algo senhor Henrique?-pergunto encarando as íris esverdeadas que tanto me cercam
-Só estou te observando,não posso?
-Sim claro que pode,se quiser se sentar pra observar melhor e não cansar, fique a vontade
-Mas olha só que língua afiada você tem em,você vai ficar a vontade se eu sentar do seu lado?Podemos dividir essa cadeira já que não vejo outra por aqui,o que acha?
Encaro o safado mais uma vez e ele dá um sorrisinho sacana,quando penso em responder a luz no fim do túnel aparece,senhor Roberto meu chefe e pai do embuste
-Henrique,pare de perturbar a senhorita Eduarda e vá pegar suas coisas
Ele pisca na minha direção e sai indo fazer o que o pai acaba de pedir,meu chefe respira pesadamente e nega com a cabeça
-Desculpe por ele querida,infelizmente não consigo controlá-lo
-Tudo bem senhor,já sou acostumada com a presença dele
Mentira
Seu Roberto é como um pai pra mim,ele era o melhor amigo do meu pai,os dois abriram essa empresa juntos mas infelizmente meu pai não soube administrar a parte dele o que nos levou a falência total,meu pai faleceu dois anos depois de perder tudo nos deixando ainda mais na merda,mas o senhor Roberto estendeu a mão mais uma vez pra mim e minha mãe e nos ajudou
Quando meu pai faleceu tínhamos direito a uma parte da empresa,parte essa que nos ajudaria se ele não tivesse torrado o dinheiro todo,mas não tínhamos nada e ainda assim o meu chefe fez questão de pagar por cada centavo
Hoje em dia eu trabalho pra ele,não por eu não ter condições pois a parte que nos restou da muito bem pra eu me sustentar e ter uma vida mansa,mas no ponto de vista dele sou a única pessoa que ele realmente confia pra ser assistente dele,confesso que ele me dá muitas regalias aqui na empresa,ele vive me dizendo que me tem como uma filha-Senhorita Eduarda?-ele chama minha atenção e eu saio do transe
-Desculpe senhor eu não ouvi,como disse?-falo envergonhada
-Pedi para que termine essas planilhas amanhã,já está tarde
-Eu já estou finalizando
-Não vou pedir duas vezes-ele fala firme e eu concordo-Não quero você fique até tarde aqui querida,sabe que não gosto quando passa do seu horário
-Sim senhor,vou buscar minhas coisas
Ele concorda e vai em direção ao elevador
-Diga ao Henrique que estou esperando ele no carro
É tudo que ele diz antes de sair,começo a desligar o computador e a recolher minhas coisas,depois de ter pego tudo desligo as luzes da sala dando um último confere antes de sair
Sigo em direção ao elevador e só então lembro do Henrique,reviro os olhos e vou atrás dele
-O seu pai está esperando no carro,estou de saída-fico alguns segundos na porta esperando uma resposta mas ele continua calado-Henrique você tá aí?
Silêncio
-Eu vou entrar-falo girando a maçaneta,ele nunca fica tão quieto tem algo errado-Henrique?-chamo mais uma vez e nada
-Finalmente-ele fala antes de me puxar pra si
-O que você tá fazendo?-pergunto confusa,tento me soltar mas ele só me prende mais em seus braços me deixando com a respiração descompassada
-O que tá acontecendo aqui Henrique?-uma voz feminina ecoa na sala e eu olho na direção da porta vendo uma moça nos encarando e pera aí...Ela trabalha aqui na empresa,é uma das novatas
-Eu achei que fosse você-ele diz sem tirar os olhos de mim
-Você pode me soltar por favor?-peço com a voz contida,por algum motivo esse contato físico me deixou desconcertada
-Sim é...Eu não sei...-Henrique limpa a garganta e ajeita a postura-Desculpe Eduarda
-Sem problemas e como eu disse,seu pai está esperando no carro
Saio praticamente correndo da sala dele,que constrangedor meu Deus,logo com essa criatura?
[...]
Depois de ter chegado em casa e ter tomado meu belo banho,corro pra minha cama esperando o pedido que fiz chegar
-Mas que porra é essa?-grito assustada ao notar que tem alguém na minha cama
-Porra você grita muito
-Já te disse pra me avisar quando vier pra cá Léo,você quase me matou de susto
-Desculpa loira,acabei dormindo antes de te avisar
Encaro meu amigo com raiva e ele ergue o corpo tentando me ver melhor
Leonardo é meu amigo desde quando eu era pequena,eu amo muito ele mas pensa num cara folgado-Me perdoa minha loirinha-ele fala me abraçando e eu respiro fundo
-Você vai pagar o lanche
-Nem vem loira,a rica da relação é você
-O que você veio fazer aqui?
-Vim te chamar pra sair,a galera da faculdade também vai
-Sabes que eu trabalho amanhã Léo,e a "galera da faculdade"-faço aspas e ele ri-Sempre inclui o Henrique nos roles e ele enche o meu saco
O cara é um gato isso eu não nego nunca,mas ele deveria aproveitar isso a favor dele e pegar mulher no rolê mas não,prefere torrar minha paciência
-Ele vai,mas disse que ia levar alguém
A tal novata...Certeza
-Bom se é assim eu posso até considerar a ideia,mas só vou depois que o lanche chegar
-Eu não vou pagar lanche nenhum
-Tudo bem,posso ficar em casa sozinha então
-Você joga muito baixo Eduarda
Sorrio convencida
Continua...