O pesadelo.

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"Papai?" Uma voz de garota chamou atenção do homem de cabelos negros e um rabo de cavalo baixo. "Você realmente pensa isso, de mim? Papai."

O homem tinha uma face neutra, como se não se importasse. "Mas é verdade, Kuina. Você não tem um potencial para realizar seu sonho." Ele pausou e suspirou, desviando o olhar novamente para a espada de bainha branca com dourado, que brilhava naquela sala escura. "Se coloque no seu lugar... Você é uma mulher."

Kuina engoliu seco. Com os olhos brevemente arregalados. Ela deu um passo para trás, saindo da sala e ficando parada em frente a porta aberta. "Mas pense pelo lado bom..." Koushirou começou novamente "Você irá poder ajudar na casa-" O Shimotsuki se calou ao ouvir a garota bater o pé no chão.

"EU NÃO QUERO!" Gritou, indignada. "EU NÃO QUERO DEPENDER DE HOMEM, OU FICAR PRESA DENTRO DE UMA CASA CHATA FAZENDO FAXINA PARA LÁ E PARA CÁ!" Continuou, parando para respirar.

"Essa é a SUA OBRIGAÇÃO, Shimotsuki Kuina! Não aumente seu tom comigo!" Indagou Koushirou.

  A garota mordeu o lábio inferior, irritada, estressada... Envergonhada. Não era culpa dela se seu sonho era ser uma espadachim e não uma esposa clichê que cozinha e passa pano para o marido. Não era culpa da garota se ela nasceu uma mulher.

"Eu te odeio! EU TE ODEIO!"


Kuina se virou e correu pelo corredor. Quando Koushirou ouviu os passos de corrida da garota, rapidamente começou a segui-la. Enquanto a mesma repetia em voz alta: "Eu te odeio!"

Até que essa foi a última vez que se ouviu a voz de Kuina. A garota tropeçou, e rolou escada a baixo. Quebrando o pescoço e indo a óbito.

O último suspiro, não foi um "Adeus". Nem um "eu te amo". Ela repetia, do fundo do coração até suas últimas respirações:

"EU TE ODEIO!"





Acordou arfando, o espadachim. Espantado com o pesadelo que vem atormentado ele recentemente. Suando frio, e os olhos brevemente arregalados. Ele não aguenta ouvir que as últimas palavras de sua melhor amiga foram palavras de ódio. Ele não acreditava.

Suspirou pesado, se levantando em completo silêncio de sua rede. Enquanto caminhava até a porta, observava seu capitão, o atirador, o médico, o cozinheiro, o carpinteiro e o músico dormindo em redes específicas.

Zoro saiu do quarto. Caminhou até a cozinha e fuçou a geladeira, querendo água, morrendo de sede.

Enquanto bebia a sua água, ele olhava para o horizonte. Distante... Perdido. No mundo da lua.

"Marimo?" Uma voz conhecida assustou o espadachim, que se virou rapidamente e quase derrubou o copo de água. "Te assustei?"

"Porra, Cozinheiro dos internos..." Zoro suspirou, aliviado que era apenas Sanji. Mas no fundo, lá no fundo... Ele queria e desejava que Sanji aparecesse ali.

"Deixa eu adivinhar... Pesadelo? De novo?"

"Tsk," estalou a língua, fingindo irritação. "Não é da sua conta."

O cozinheiro cruzou os braços e apoiou o ombro na amurada da cozinha que dividia a sala de jantar com o hábitat natural do cozinheiro. O silêncio reinou apenas por uma segundos, até que Zoro quebrou o mesmo:

"Sim, de novo." Murmurou baixo.

"Ah, Zoro... Você é um bebê chorão mesmo, né?" Brincou o loiro, enquanto se aproximava de Zoro e tocava sem ombro. O espadachim desviou o olhar e deixou o copo na pia. "Vem."

Sanji abriu os braços, deixando livre pra receber Zoro com carinho e conforto. O espadachim não exitou em abraçar o loiro, que nesses últimos dias, na calada da noite... Servia como sua terapia. Pois independente do que eles faziam à luz do Sol, a luz da Lua e as estrelas sabiam de seus segredos.

"Vai ficar tudo bem. Eu já te falei isso."

Sanji acariciou a costa do espadachim. Mesmo com o coração palpitando acelerado, ele manteve a calma. Queria seguir esse ritmo até se declarar para Zoro, o que seria algo um tanto difícil.

O cozinheiro não conseguia enganar o coração. Ele amava Zoro de todas as formas que existem no planeta. E o medo não o-impedia.

Zoro podia sentir a respiração de Sanji em seu pescoço e ombro, se sentindo seguro e protegido. A preocupação foi embora e estavam apenas os dois. Uma cozinha e uma janela que entrava um pouco de luz da Lua que iluminava aquele momento.

"Obrigado, Sanji." Zoro Murmurou, mas não usou nenhum apelido. Ele falou o nome de Sanji, e isso faz o cozinheiro prender a respiração de uma forma que ninguém entenderia.

"De nada, marimo chorão."

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Até o próximo cap. <3 (Está curto, me desculpem.)

O Tempo Cura - ZOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora