⁴⁶* Você acha que eu quero isso?

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Pov'Giacomo



- você não sabe o que EU tenho passado - você me fez acreditar que tinha abortado, me deixou lá com a maldita culpa por ter matado nosso filho.

Ela não vazia ideia de como me sentia ainda pior agora, ver meu filho, tocar ele, pode abraçar e lhe por para dormir, sentir seu cheirinho de bebê, saber que ela fugiu por medo, medo de todos até de mim, me sentia furioso, e ainda mais culpado, era horrível aquela sensação de saber que eu comecei tudo isso, não terminei, mas é o típico efeito dominó, só toquei uma peça, só uma e as outras foram desmoronando como consequência, de uma certa forma tudo ainda era minha culpa.

- eu não quero que ele cresça naquele lugar, que se torne mais um capanga da máfia.

- você acha que eu quero isso? - não conseguia não gritar - você acha realmente que foi essa vida que eu escolhi?

- talvez não antes... Mas você parou de lutar contra.

- você não sabe de porra nenhuma, Ellen.

Meu grito a assustou, lhe fazendo recuar, mas estava farto, era insuportável tudo aquilo, senti as lágrimas me traindo, sentia ódio e gratidão ao mesmo tempo, sentia feliz porque meu filho estava vivo, mas queria bater, pior, eu queria matar, sentia o desejo por sangue, mas não onde Ellen, nunca, mas do meu pai, do pai dela e de todos que estavam dentro da máfia.

- eu sei que fiz o melhor para livrar ele da vida que teria naquele maldito lugar.

A voz dela agora era só um sussurro, e ainda sim era possível ouvir a dor e o medo nela, eu entendia, nao o suficiente para não sentir raiva, mas entendia o que a levou a isso, foi o mesmo medo que me fez deixá-la partir, o medo de que Ellen acabasse como Beatrice, sem vida.

- você também não sabe o que eu passei, e não sabe o quanto doeu fazer o que fiz, mas não foi por te odiar, foi por amar nosso filho, por querer para ele algo melhor...

- melhor? Fingir que o pai dele não existe? Deixar ele criar vínculos com outro homem? - eu ri pela ironia daquela situação - acha que esse é o melhor? Mentir? Me fazer acreditar que por minhas escolhas, você abortou?

- foda-se ele.... Você mentiu, me usou, todos mentiram... Eu não ia ficar lá sobre o julgo do seu pai, sabendo que Guilhermo não teria chances de outra vida.

Ellen gritava e chorava ao mesmo tempo, eu queria sentir mais raiva, mas uma parte minha entendia, porém a outra se sentia roubado, traído, e tantas coisas, eu sentia raiva pelo que ela fez, perdi momentos únicos da vida do nosso filho, momentos que imaginei tantas vezes, que me corroem em culpa, e ele estava ali vivo e bem.

- você não tinha esse direito - devolvi no mesmo tom.

- não tinha? - ela riu com ironia - porra, deixa de ser hipócrita, você me usou, que cacete de direito você tinha? Eu fiz o que deveria fazer para proteger Guilhermo, e não me arrependo.

- claro que não, você está aqui na vida perfeita, com nosso filho e um cara que arrumou.

- vida perfeita? - ela voltou a gritar, sua frustração ficou evidente naquelas palavras - acha que é isso?

- é o que eu vi.

- você é um filho da puta idiota - Ellen estava chorando outra vez - você é tão idiota que não percebeu o quanto me feriu, porque eu te amo... Eu... - ela se afastou o máximo que pode, se curvou e segurou na borda do aparador enquanto tentava parar de chorar - acha que eu não quis voltar? Todos os dias eu não pensei nisso, que não me culpo por te privar de ver ele - sua voz era dolorosa de ouvir - que ... Não sofro por ver que desde o segundo que ele nasceu e a cada dia Guilhermo parece mais com você?

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