▪︎ quattuor ▪︎

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Mia Capell

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Mia Capell

Hoje é um dos raros dias de sol. Agosto está se despedindo de nós, deixando seus dias tristes e chuvosos para trás. O vento bate contra meu cabelo e o agradável aroma de grama recém cortada entra pelas minhas narinas. Ajeito os óculos de sol sobre meu nariz e retomo a leitura de Hamlet.

Estou na praça central da cidade, algo incomum na minha rotina. Posso explicar facilmente tal atitude com poucas palavras: continuo procurando aqueles dois. Sério, já faz mais de uma semana desde que não vejo aquele homem prepotente e misterioso e o rosto concentrado e maduro de Grey.

Não há nada no noticiário e ninguém parece realmente se importar. Praticamente, para os outros, eles nem existiam. Apenas o coordenador do Campus, de uma das áreas, me perguntou sobre o paradeiro do garoto. Minha resposta soou como "também queria saber".

— Mia.

A voz feminina me faz erguer o olhar do livro. A morena e bela Camilla Anderson está diante de mim, com o mesmo rosto triste e perturbado desde o sumiço do seu amado. Não me apaixonei ainda, pelo menos se não considerar as paixonites infantis, então não sei como me sentiria em uma situação parecida. Quero mandá-la parar de chorar e seguir em frente, ou largar tudo para procurá-lo, mas não posso fazer isso sem acabar ferindo seu "luto".

— Camilla, tudo... — Interrompo-me antes de fazer a pergunta idiota. — Vem, senta, 'tô sozinha aqui.

Ela faz exatamente o que falo, mantenho uma postura ereta e o olhar sobre as mãos entrelaçadas em seu colo. Pelo menos as bolsas sob seus olhos diminuíram. De vez em quando penso que tal atitude é exagerada de sua parte, mas reforço a lembrança de que nós duas estamos em situações diferentes. Infelizmente, não consigo entender o porquê de ser tão difícil para a garota.

— Não quero te incomodar, mas tenho que fazer isso... — Camilla começa sua frase com um tom baixo e fraco, mas se torna mais forte e decidida enquanto as palavras tomavam forma. — Você é a única que 'tava com a gente naquele dia e também a única lúcida no momento em que eles sumiram...

Esse é um dos pontos da história que não consigo encontrar uma solução. Já pensei sobre queda de pressão, tensão, doença, qualquer coisa que a fizesse desmaiar ou não conseguir pensar por conta própria. Quando a levei em um hospital, por não retomar a consciência, me disseram que ela estava tão saudável que só podíamos estar querendo gastar o precioso tempo deles.

— Fui até a casa do Grey ontem e acabei encontrando o pai dele. — Ela engole em seco e finalmente me encara. — O Sr. Clark 'tá mal-humorado e foi totalmente grosso comigo, me mandou ir embora e me afastar dele. Seus olhos estavam tão vermelhos que deveria estar chorando... — Solta um longo e pesado suspiro. — Entendo sua atitude e deveria ficar triste por vê-lo daquele jeito, tão fechado. Mas se eu disser que fico feliz por ver outra pessoa sofrendo, me fazendo acreditar que não é um delírio da minha imaginação fértil o sumiço de Grey, você me consideraria uma louca, Mia?

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