Capítulo 5 - Parte 1

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No dia seguinte, Nidalee acordou mais cedo do que Angélica e suas irmãs, mas não abriu os olhos. Ele se revirava de um lado para o outro na cama, tentando encontrar uma posição mais confortável para voltar a dormir, mas não conseguiu. Seu rosto estava úmido de suor, mesmo sem esforço físico. A respiração ofegante, seus braços arrepiados, e seu coração batendo mais rápido que o normal indicavam que algo estava errado. O problema não era a posição em que estava deitado, nem algo relacionado com seu corpo – ele não se sentia doente ou com mal estar. Era algo lá fora, algo fora do planeta e que parecia se aproximar cada vez mais.

Algo dentro dele estava muito inquieto, como se milhares de miniaturas corressem desesperados de um lado para o outro, tentando entender o que estava acontecendo mesmo que aparentemente não tivesse nada errado. O desconforto não era apenas físico; era uma pulsação invisível, uma agitação no tecido do universo. Nidalee estava com um mau pressentimento, uma intuição horrível e desagradável.

Depois de ter se revirado na cama diversas vezes, Nidalee acabou perdendo o sono por completo por causa de sua intuição. Ele acordou, bocejou, se levantou e sentou na beirada da cama, ainda sonolento. Nidalee ficou olhando para o chão por alguns segundos, sem dizer uma palavra, até que levantou a cabeça e olhou para fora da janela. O dia ainda estava amanhecendo.

"Acho que nem a Angélica e suas irmãs estão acordadas a essa hora. Mas por que eu acordei? O que está acontecendo?" Nidalee se perguntava enquanto olhava para a bela paisagem do sol nascente.

Por fim, mesmo ainda estando com muito sono, Nidalee se levantou da cama, calçou os chinelos que havia comprado junto de Angélica no dia anterior, e dirigiu-se até o guarda-roupa ao lado de sua cama. Abriu-o e dele tirou mais algumas roupas novas, como uma camiseta regata azul e um short curto e preto. Depois de ter pego as roupas, Nidalee dirigiu-se até o banheiro que ainda ficava dentro de seu quarto, ao entrar, trancou a porta. Após um banho rápido e de ter vestido suas novas roupas, Nidalee saiu de casa tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Ao sair de casa, Nidalee olhou para os lados antes de atravessar a rua, essa era uma técnica que Angélica havia ensinado no dia anterior depois de terem saído do calçadão, passados por algumas calçadas e atravessado algumas ruas. Nidalee lembrou que ele estava prestes a colocar o pé na rua, quando de repente um carro passou em alta velocidade e, se não fosse por Angélica tendo puxado-o pela gola, ele teria perdido seu pé.

"No meu planeta os veículos voam." Nidalee lembrou de ter dito isso a amiga quando ela o chamou atenção, chamando-o de louco.

"Não quero parecer muito grosseira, querido, mas você não está no seu planeta. Os veículos daqui não voam. Sempre pare em uma parte segura da calçada e olhe para os lados antes de atravessar." Nidalee arrepiou novamente, mas dessa vez de medo ao lembrar da expressão zangada que Angélica lançou para ele naquele dia.

Depois de ter se lembrado desse momento, Nidalee agiu exatamente como Angélica havia dito. Ele ficou em uma parte que julgava seguro da calçada e olhou para os lados, a rua estava quase completamente vazia, digo quase, pois um ciclista passou por ele e continuou em frente. Após o ciclista ter passado, Nidalee repetiu o processo, e agora assim a rua estava completamente vazia e ele conseguiu atravessá-la.

Assim que atravessou a rua Nidalee agora se encontrava na orla da praia. À sua frente se encontrava a bela praia, com sua areia branca e macia e o gigantesco e imponente mar azul ao longe, que quebrantava-se na praia incessantemente, deixando um longo rastro de água pelo caminho. Tanto à sua esquerda quanto à sua direita encontrava-se a calçada da orla, cheia de quiosques, com a maioria deles ainda estavam fechados, por isso Nidalee decidiu ignorá-los e seguir em frente em direção ao mar.

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