𝐓𝐨́𝐱𝐢𝐜𝐨-𝐭𝐮

14 2 2
                                    

Uma sacola ao vento, tão leve,
Preso em espinhos que nunca a soltam,
Ela dança entre a dor é o breve,
Na promessa de mãos que a envolvam.

Mas os espinhos não pedem licença,
Seu abraço não é de ternura.
A sacola hesita e dispensa
Qualquer esperança de cura.

O vento a puxa, sussurra, promete,
Liberdade que nunca vem.
Mas os espinhos, em volta, se apressam,
A manter o que resta também.

Assim é o amor que aprisiona,
Que sufoca, destrói sem razão.
Tóxico-tu, numa cela invisível,
Dissolvendo o que resta do coração.

E mesmo que os ventos soprem mais fortes,
A sacola, ao espinho, se rende outra vez.
Faz de sua prisão um laço sem sorte,
Num ciclo sem fim, onde a dor se desfez.

Há promessas vazias no ar que a cerca,
Um mundo lá fora que nunca sentiu,
Que a leveza que tinha já não desperta,
Pois o peso da dor sua alma vestiu.

E quem a carrega, quem a moldou,
Não vê que o espinho também vai sangrar.
A sacola, já frágil, um dia rasgou,
Mas quem a feriu, não soube escapar.

Tóxico-tu, na ilusão de controle,
Perdes de vista o que é real.
Ao manter o que prende, de forma insensata,
Acaba por ser teu próprio mal.

𝐏𝐎𝐄𝐒𝐈𝐀𝐒 𝐕𝐀𝐙𝐈𝐀𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora