Mulheres da Pátria

Henrique, um garoto jovem e de cabelos castanhos, de mais ou menos uns 12 anos estava indo para casa da sua vó como em toda sexta-feira. Cristina, no auge de seus 64 anos, ainda fazia tudo que um jovem comum faz. Com seus olhos verdes e cabelos encaracolados, fazia a torta de cereja preferida de seu neto.
–Boa tarde vovó !
–Boa tarde meu neto! Venha se sentar e comer um pouco da torta que eu preparei.
Enquanto os dois comiam, Henrique contava mais sobre sua escola.
–As aulas de história são muito legais, o professor Alecssandro explica muito bem.
–Que bom, meu neto! Mas sobre o quê vocês estão estudando?
–Estamos estudando sobre a independência do Brasil, vó. Mas sabe o que eu acho engraçado? Não tem nenhuma mulher participando de nada importante.
–Como assim, Henrique? Existem muitas mulheres importantes na história do nosso Brasil.
–Será mesmo? Quero dizer, só aparecem homens em todos os capítulos, e eu não vi nadinha!
Cristina sabia o que precisava fazer. Como uma boa historiadora, não deixaria seu neto pensar desta forma.
–Venha cá, meu neto! Você conhece Maria Quitéria de Jesus?
–Não, vó, quem é essa?
–Quitéria foi combatente baiana da guerra da independência do Brasil! Ela fingiu ser um homem para poder entrar nas forças armadas! Usou o nome de seu cunhado e ficou conhecida como soldado Medeiros.
–Sério? E ela foi descoberta?
–Foi sim, mas sabe o que aconteceu? Ela não saiu das tropas! Ela foi tão importante para a luta contra os portugueses que seu major não permitiu que ela saísse.
–Nossa que legal ! Eu não sabia disso. Mas isso não é grande coisa, continua sendo apenas uma mulher.
–E Maria Felipa? Você já ouviu falar?
–Hum, não...
–Foi uma escrava, uma escrava muito forte, que, após ser liberta, ajudou muitas mulheres!
–Como assim?
–Diz a lenda que Maria Felipa liderou um grupo para lutar contra os soldados portugueses, com o apoio de homens da cidade, queimou várias embarcações portuguesas e depois, enfrentou os portugueses usando folhas de cansanção!
–Nossa!!! Quero dizer... Legal.
–Para você realmente acreditar em mim quando eu digo que há muitas mulheres importantes na história do Brasil, vou te contar a história de Joana Angélica.
–Reza a lenda que quando as tropas portuguesas tentaram invadir o Convento da Lapa, foram recepcionadas pela Madre, que exclamou: “Para trás, bandidos. Respeitem a casa de Deus. Recuai, só irão entrar nesta casa passando sobre o meu cadáver!”
–Uau, vó! Como você sabe de tantas coisas?
–É a idade, meu filho! Além do mais, eu sou uma historiadora aposentada!
–Me conta mais histórias, quero contar tudo para o meu professor!
–Vamos deixar para outro dia, Henrique, afinal, sua mãe já chegou!

Fim.