Karina estava levando as coisas muito bem até aquele maldito furacão.
A semana estava seguindo bem, os dois primeiros dias foram totalmente gastos arrumando as coisas, ela ainda não tinha tirado seu tempo para explorar mas estava ansiosa para isso, novos esconderijos e onde não ir, se bem que o bairro em que ela morava agora era exatamente o tipo de lugar que ela evitava antes.
A manhã da segunda semana começou bem, os vizinhos pararam de fazer tanto barulho sobre a garota que desapareceu, aparentemente também era sua vizinha, Karina ficou tentada a espiar para ver a aparência da menina, se alguém tivesse realmente sumido por dois dias na floresta ela esperava que a garota fosse ao menos um pouco forte.
Grata por não ter que ouvir os vizinhos fofocando alto pela manhã, Karina finalmente pode dormir até mais tarde, ou poderia, se não fosse segunda, e também seu primeiro dia de aula nesse lugar.
Seu pai entrou no quarto animado com um prato bem alto de panquecas, Paul tinha o péssimo hábito de cozinhar sem parar quando estava animado para alguma coisa.
“ BOM DIA, ESTÁ PRONTA PARA O PRIMEIRO DIA DE AULA??” Muito animado, muito barulhento.
Isso irritou Karina, na raiva ela jogou o travesseiro no rosto de Paul, ele só riu, como sempre reagia quando ela se irritava, inesperadamente isso ajuda a acalmar um pouco seu temperamento, ele sabia que ela não fazia por mal, era apenas o jeito que ela lidava com as coisas.
“Vá se trocar, preguiçosa, Gui e Polly já estão prontos e te esperando para ir”.
Karina se levantou a muito contragosto, sua cama a chamando para apenas mais cinco minutos de sono.
“Eu vou levar os pirralhos?”.
“Vou passar o dia trabalhando para adiantar um projeto, assim vou ter como levar vocês para o penhasco que sua mãe sempre comentava”.
Karina foi para o banheiro sem falar mais nada, eles tinham se mudado para aquele lugar justamente por ser a cidade de origem de sua mãe, mas o sentimento de estar lá era estranho, principalmente por estar lá sem ela.
Depois de se vestir do jeito mais arrumado que ela conseguia Karina desceu as escadas para a sala, Polly estava no sofá revisando se todos os materiais estavam na mochila, conhecendo ela, provavelmente tinha feito a mesma coisa outras quatro vezes, guilherme por outro lado estava no quintal brincando sozinho com suas espadas de madeira, era fofo como mesmo tão novo ele se dedicava a desejada futura carreira, ser um esgrimista profissional, era um ótimo sonho, um pouco estranho para uma criança, mas um ótimo sonho.
“Rina, o pai falou que suas panquecas estão no balcão, e que o lanche da tarde está na geladeira”.
“Claro Polly, obrigado, chama o Gui e vamos” Karina vai em direção a cozinha enquanto Polly sai para o quintal chamar o irmão.
Vinte minutos depois os três estavam a caminho da escola, Karina teve que deixar os dois no portão já que o ônibus escolar ainda não tinha o nome deles cadastrado.
Isso a dava pelo menos mais trinta minutos até o início de suas aulas, mas sem nada para fazer a melhor opção era ir para escola de qualquer forma.
Com o tempo que lhe sobrara Karina deu voltas por toda escola, e enquanto passava por um corredor aleatório ela viu uma estante com medalhas e fotos de antigos atletas, sua mãe estava lá, campeã do time de esgrima e de tiro com arco e flecha.
Memórias da mãe vieram a sua mente, toda noite antes da hora de dormir ela contava para Karina histórias, sobre suas ancestrais, sobre essa cidade, quando ela chegou na primeira série sabia mais sobre os deuses que as outras crianças.
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Contos de Vista Sear: Origem do vento
FantasyCaro leitor, antes de prosseguirmos peço que esqueça sobre tudo que você acha que sabe Bem vindo à Vista Sear, uma pequena cidade litorânea cercada por florestas, segredos e mitos A centenas de anos a cidade é conhecida como o portão para o céu e pa...