10 - Whisky de fogo e mãos de gelo

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"Eu quero saber todos os sonhos que você mantém escondidos. Eu quero as palavras que você sussurra quando estou dormindo. Quero dar de volta as coisas que eu pretendo levar. Espero que você não se importe, mas eu estou levando você para casa. Meu pau assume o controle e eu estou pensando em seus lábios, mas nós estamos sóbrios demais para erros como este."

— Mistakes Like This - Prelow


— O que tem na sua mão que você não para de mexer? Está me dando agonia. — Sebastian reclamou. Ainda tinha sua atenção no movimentar dela, o calor de seu braço no seu e a lavanda de seu perfume acariciando suas narinas.

— Farpas, da vassoura velha da escola. — Ela riu, mostrando a palma esquerda que estava com três lugares avermelhados pela insistência em tirá-las. — Consegui tirar da outra mão, mas essas estão mais chatas.

Sebastian revirou os olhos como se aquilo fosse a maior das besteiras e se posicionou no meio das pernas dela, de frente para ela, mas focado em sua mão. Scarlett se desconcertou de novo. Ele não tinha escrúpulos nenhum, às vezes. Ficar naquela posição, tão perto, soava errado. Não era algo que uma lady deveria fazer e seu pai, com certeza, a trucidaria. Ela pigarrou, mas ele não se afastou um milímetro sequer. As unhas mexiam nas farpas com cautela e firmeza de quem fazia isso com mais frequência do que deveria.

Era estranho. Muito estranho.

Estavam próximos demais. Ela não gostava daquela proximidade, tinha medo demais das coisas que sua cabeça estava fazendo pela noite, sempre a acordando com aquele aperto estranho entre as pernas. O perfume dele invadiu suas narinas com força, vindo diretamente de seu pescoço, que estava na altura do rosto dela, mais intenso do que o do suéter. Ela tentou controlar a respiração, sentindo uma fisgada na mão quando ele tirou a segunda farpa.

Só mais uma.

Sky repetia para si, caçando sua sanidade como uma felina atrás de comida, não poderia perdê-la. Não poderia... Ainda que estivesse tão próximo dele que pudesse ouvir sua respiração, próximo para ver as sardas escorrerem de seu rosto e mergulharem no colarinho da blusa preta. Ele tinha cortado o cabelo recentemente, pois as via irem para sua nuca também, mais fracas, como galáxias distantes.

Seus olhos deslizaram por seu rosto. O maxilar suntuoso, o nariz perfeitamente esculpido, as pestanas grossas e os cílios que intensificavam aqueles olhos castanhos que ela queria tanto mergulhar naquele momento. Fitou os lábios dele bem no momento que ele deslizou a língua por eles. Em um susto, ele levou a mão de Scarlett a boca, pressionando os lábios macios ali e... chupando a palma dela.

Scarlett segurou o ar e tentou puxá-la de volta para si.

— Calma, está quase saindo... — murmurejou e voltou a colocar a boca ali.

Era quente como ele, ainda mais. Os lábios macios como no vertiginoso sonho que teve mais de uma vez. E a língua dele... Imaginou a textura dela na sua. Curiosa para sanar a curiosidade que sua mente pregou nela. Merlim! Aquilo não deveria ser tão sensual quanto estava sendo.

Ela fechou os olhos. Não poderia olhá-lo. Lembrou-se das cenas dos livros trouxas que leu quando estava estudando literatura para seu falido casamento que nunca aconteceu. Aqueles livros sujaram sua mente com desejos que agora estavam sendo direcionados a Sebastian. Era impossível não replicar as cenas quentes no segredo de sua mente, aguçando seu interesse em conhecer aquelas sensações tão detalhadamente descritas.

Como seria beijá-lo? Sentir sua língua deslizar na dela, as mãos tocarem seu corpo e o calor tomá-la... Será que beijos eram como na literatura ou como no dia que beijou Ominis? Um simples toque de lábios ou uma entrega sedenta?

Escarlate | Sebastian SallowOnde histórias criam vida. Descubra agora