Arriscar ou se afastar?

16 0 0
                                    

As luzes da cidade refletiam nas ruas molhadas, criando um cenário que parecia uma pintura impressionista. Sana olhava pela janela do apartamento, abraçada em seus próprios braços, enquanto a neve começava a cair suavemente. O som do vento uivando contra o vidro era o único som além da sua respiração.

Ela se afastou da janela ao ouvir um som suave vindo da sala. Jihyo, sua melhor amiga, estava de pé na porta, segurando uma garrafa de vinho e dois copos.

— Eu sabia que te encontraria aqui — Jihyo disse com um sorriso triste, fechando a porta atrás de si.

Sana sorriu de volta, mas era um sorriso forçado, quase doloroso. Ela sabia que aquela noite seria difícil. Sempre era quando estavam juntas, mas separadas ao mesmo tempo.

— Não consegui dormir — Sana murmurou, aceitando o copo que Jihyo lhe ofereceu. — E você?

Jihyo deu de ombros, sentando-se ao lado de Sana no sofá. Elas estavam tão perto, mas a distância entre elas parecia infinita.

— Eu também não. — Jihyo tomou um gole do vinho e olhou para a lareira acesa, cujas chamas dançavam como uma lembrança distante de calor. — Estive pensando.

Sana olhou para ela, o coração batendo mais rápido. Jihyo raramente falava sobre o que pensava quando se tratava das duas. Era sempre Sana quem trazia à tona o que sentia, mas dessa vez, parecia diferente.

— Sobre nós? — Sana perguntou, a voz quase um sussurro.

Jihyo hesitou, mas finalmente assentiu. Ela estava cansada de esconder o que sentia, de viver uma vida de meias-verdades e segredos. Elas viviam em uma constante dança entre o que queriam ser e o que podiam ser.

— Sim, sobre nós — Jihyo respondeu. — Não é justo, Sana. Não é justo para nenhuma de nós.

Sana sentiu uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha. Ela sabia que Jihyo estava certa, mas como poderiam lutar contra o que sentiam? Elas eram como fogo e água, destinadas a se encontrar, mas condenadas a nunca se misturar.

— Eu sei — Sana murmurou, tentando controlar a emoção em sua voz. — Mas o que podemos fazer? Vivemos em um mundo que não nos permite ser quem realmente somos... juntas.

Jihyo pegou a mão de Sana, entrelaçando seus dedos. O toque era familiar, reconfortante, mas ao mesmo tempo, doloroso.

— Nós temos que decidir, Sana. Ou nos afastamos para sempre, ou... — Jihyo parou, sua voz falhando. — Ou paramos de nos esconder.

Sana olhou nos olhos de Jihyo, vendo o amor e a dor refletidos de volta. As palavras da música que tocava no fundo de sua mente ecoavam com força: "Why can't I hold you in the street? Why can't I kiss you on the dance floor?"

Era isso que elas queriam. Poder viver o amor que sentiam, sem medo, sem segredos. Mas a realidade era cruel, e o mundo não estava pronto para aceitar o que elas eram.

— E se a gente arriscar? — Sana sugeriu, a voz cheia de esperança, mesmo que frágil. — E se fugirmos e deixarmos tudo para trás?

Jihyo suspirou, sabendo que não era tão simples. Havia carreiras, famílias, amigos... e todas as consequências que viriam com a escolha de se amarem abertamente. Mas no fundo, ela sabia que o amor que sentia por Sana era mais forte que qualquer barreira.

— Eu te amo, Sana. Mais do que qualquer coisa. Mas não sei se sou corajosa o suficiente para isso... — Jihyo admitiu, com um nó na garganta.

Sana apertou a mão de Jihyo, seus corações batendo em uníssono, mesmo que em direções opostas.

— Eu também te amo, Jihyo. E mesmo que o mundo nos impeça de viver esse amor, eu sempre vou te amar. Não importa onde ou como. — Sana sussurrou, trazendo a mão de Jihyo até seus lábios, depositando um beijo suave.

Elas ficaram assim por um tempo, em silêncio, apreciando o momento que tinham, mesmo que soubessem que era passageiro. Naquela noite, não precisavam de mais palavras. Elas sabiam que, ao amanhecer, teriam que voltar a viver suas vidas, fingindo ser apenas amigas.

Mas ali, naquele apartamento silencioso, com a neve agora cobrindo a cidade como um manto branco, Sana e Jihyo se permitiram viver seu amor secreto. Porque às vezes, mesmo que não possamos mostrar ao mundo, o amor que sentimos é real o suficiente para nos sustentar.

E enquanto a noite se tornava dia, Sana e Jihyo adormeceram lado a lado, sabendo que, mesmo em segredo, o amor delas era verdadeiro.

Fim

----

Espero que tenham gostado...
Foi só uma idéia louca que passou pela minha cabeça cheia de fantasias de tanto ler fanfic kkkkkk
Talvez tenha mais um capítulo só para dar um fim mais bonitinho.

Amor Secreto - SAHYOOnde histórias criam vida. Descubra agora