Amor Proibido.

Thalía Sánchez

A tv ligada passava o jornal, com o presidente Darevi:
– A ilha de Osar acolhe á todos aqueles que precisam de emprego, a taxa de imigrantes aumenta a cada dia.
Olhei para a tv e desliguei:
– Mentiroso hijo de puta.
Arremessei o controle ao lado da tv e me levantei, olhando no espelho via como meu rosto estava desgastado, cheio de manchas de sol e olheiras fundas. Meus cabelos desgrenhados e curtos:
– Porra...
Uma memória me veio à mente, minha mãe e meus irmãos José e Javier, que assim como muitos desavisados, viemos para essa ilha maldita procurando um futuro melhor.
Minha mãe foi tomada como escrava nos campos de cacau, eu e Javier fomos levados para a academia de soldados, já o José... Bom, ele teve a sorte grande, uma noite conseguiu fugir, isso foi há 9 anos atrás.
Agora que estou com 18, Javier está com 25 e já José... Se ele estiver vivo... Estará com 21.
Vivo em um muquifo que o exército disponibiliza, mal tem espaço para mim aqui dentro e ainda tenho que dividir com mais duas cabos.
Depois de um tempo remoendo o passado, ouvi o alarme tocar, rapidamente troquei minhas vestes assim como minhas parceiras de quarto e nos dirigimos ao centro de comando.
  Em formação ouvimos as ordens do oficial responsável dizendo para coletar os suprimentos entregues. Entramos no carro sem dizer uma palavra sequer, somente como robôs seguindo ordens. Olhei no retrovisor e encontrei um rosto conhecido.
Javier estava no carro de trás.
Chegando, saímos, era rotineiro coletar entregas para o pelotão:
– Thalía
Javier cantarolou perto do meu ouvido, dei um sorriso ladino, eu e Javier fomos checar a caixa de suprimentos. De repente, um tiro atravessou a cabeça do oficial responsável, eu e Javier nós jogamos atrás dos suprimentos procurando de onde os tiros estavam saindo, começamos a atirar também, eram muitos tiros, quando percebemos que só restavam nós dois o desespero ficou nítido no rosto de Javier.
– Saiam! Saiam agora e pouparemos suas vidas!
Uma voz masculina dizia como ordem. Estava preparada para sair atirando quando vi que Javier já tinha se levantado e já havia se rendido:
– Mas que porra é essa?
Javier perguntou, larguei minha arma no chão e sai da cobertura com as mãos para o alto. Foi quando me deparei com muitos rostos, mas dentre eles um me chamou atenção:
– José?
José se aproximou com um semblante sério, e me deu uma toca, assim como fez com Javier:
– Coloca a toca e conversaremos no acampamento.
– O que? José nós..- interrompida.
– Coloca a toca porra!
Estava tão confusa, José e todos os outros apontavam armas para mim, não tive escolhe se não colocar a toca.
Amarraram minhas mãos para trás e me jogaram em cima de um cavalo. No caminho, ninguém falava nada, somente cochichos dos quais não consegui entender nenhum.
Quando chegamos ao local, me sentaram em uma cadeira e tiraram minha toca, ainda com as mãos amarradas. Quando abri os olhos, me deparei com José e um homem de cabelos loiros e olhos castanhos conversando:
– É minha irmã.
O homem me olhou no fundo dos olhos.
– Me deixe conversar com ela por favor.
José suplicou e o homem aderiu, saindo da sala.
– Que porra é essa José? O que tá acontecendo? Você... Não acredito que...
– Thalía, eu entendo que queira me fazer muitas perguntas, mas agora não é hora. Não seja tola.
José desamarrou as minhas mãos.
– Não tem medo de eu te matar?
– Se você quisesse me matar já teria o feito Thalía. Você está do lado errado dessa guerra e você sabe disso.
– José, eu não posso sair... Se eu ou o Javier sairmos, o Darevi vai matar a mami.
José me olhou por alguns instantes.
– Thalía, a mami já está morta.
Depois de um abraço demorado e algumas lágrimas José me disse que eu teria que ganhar a confiança do líder Lorenzo para eu conseguir uma vaga na Guerrilha.
Adentrei a sala e vi Lorenzo junto de um homem discutindo sobre alguma dívida:
– Você salva a sua família mandando ela pra Miami e a gente fica aqui sofrendo ameaças! Você tem que arrumar um jeito de pagar ele!
Os dois notaram a minha presença e pararam de falar, Lorenzo deu um olhar para o homem o que fez o mesmo sair.