FELIX
- Bernard? - Pergunto. Meu rosto está molhado pelas lágrimas e imagino que não passo a imagem de líder que deveria transmitir a todo momento. Sou realmente uma negação! - O que faz aqui?
- Não vem ao caso o que vim fazer aqui, o importante aqui, neste momento triste para nosso povo, é que você assuma sua posição de rei, e conforte seus súditos, passando segurança e fé! - Ele diz tudo de uma forma tão decidida que me impressiona, fico pasmo olhando-o terminar de me passar instruções. - Agora você vai se levantar, lavar seu rosto, vestir a manta real e anunciar ao seu povo, que lhe espera, a morte de nosso antigo rei. Anunciará também sua coroação, fará um discurso digno de um filho triste e enlutado, mas que conhece muito bem todas suas obrigações. Me entendeu?
Balanço a cabeça em sinal de afirmação com resignação. Nunca pensei que lidaria tão bem com alguém me mandando fazer alguma coisa, mas acho que o fato de eu e Bernard estarmos estabelecendo uma relação de amizade me ajuda a escutar o que ele tem a me dizer e tentar ajudá-lo da melhor forma. Ok, admito, a parte de ajudá-lo não está funcionando muito bem, porém estou apenas começando a entender o que é "ser amigo".
Me levanto, vou até um recipiente com água que estava por perto e lavo meu rosto. Sem olhar para traz vou para meu quarto, visto as roupas adequadas para o anúncio da morte de meu pai e minha coroação.
Quando saio de meu quarto dou de cara com Bernard e, sem que consiga segurar, choro compulsivamente em seu ombro. Sinto-o me abraçar e o abraço de volta. Sei que devo ser forte, mas é tão difícil!
Não sei se serei capaz de seguir em frente, em meio a uma guerra, sem meu pai, sem Laura. Querendo ou não, eram eles quem me mantinham de pé.
Sei que parece loucura mas sinto uma tentação tão grande de me agarrar as palavras que meu pai disse pouco antes de sua morte, pois se Laura estiver mesmo viva serei o homem, melhor, o rei mais feliz e forte que os elfos já enfrentaram!
E, me agarrando a esse fio de esperança, engulo o choro, limpo minhas lágrimas com as mãos e, olhando nos olhos de Bernard digo:
- Nós iremos nos vingar.
.....................................................- Meu povo, - estou de frente a uma quantia considerável de fadas nervosas, feridas e com uma sede imensa de vingança, e é exatamente esse amontoado de súditos que meu povo mais precisa nesse momento, pois talvez essa sede só vá aumentar depois que eu der a notícia. - Hoje sou eu quem venho lhes dizer, com o coração cheio de pesar e angústia, que nosso amado rei Lucan, O Protetor veio a falecer. - Dizer isso em voz alta só faz com que pareça mais real do que há algumas horas, sinto um enorme peso em meu peito, - e que nosso reino perdeu o maior rei, homem e pai que o mundo já viu. - Respiro fundo para conseguir terminar o discurso. - E eu, como próximo rei de nosso grande reino, prometo vingança. Sei que muitos de vocês perderam um ente querido durante esse ataque sem explicações dos elfos, e esse fato não passará em branco pelo meu reinado. Se era guerra o que eles queriam, é guerra que eles terão. - Meus súditos soltam gritos de contentamento, eles também tem sede de vingança! - O mundo verá novamente e fúria do povo das fadas, a fúria do povo da Deusa! - Grito e levanto meu braço esquerdo para mostrar que estou com meu povo nesse momento de guerra.
Sei que teremos baixas nessa guerra, talvez não sejam poucas, mas sei também que as vezes as guerras são necessárias para que haja paz. Pois não podemos permitir que o povo élfico simplesmente invada nossas terras e nos domine sem que tentemos intervir, sem que lutemos pelas nossas famílias.
Ver o apoio do povo ante a minhas palavras sobem da não força para seguir com esse plano. Do que depender de mim os únicos povos a serem dominados serão os povos que apoiarem aquele maldito rei élfico, independentemente de quem sejam.
Durante a coroação, que foi organizada as pressas devido aos acontecimentos, a única imagem que vem a minha mente é o rosto de Laura. Era para ela estar comigo, ao meu lado quando eu fosse coroado como rei. Era para ela se tornar minha rainha.
Por mais infantil que isso possa parecer, uma das coisas que me mantém de pé é a lembrança das palavras de meu pai em relação a ela. Se minha amada ainda estiver viva, se eu receber uma notícia, por menos confiável que ela possa parecer, do paradeiro de Laura irei até os confins do mundo por ela, pois ela é meu eterno amor. Mesmo que amar nessas circunstâncias possa parecer algo impossível, eu a amo. Só percebi tarde de mais. Ou não.
Nota da autora
Olá meus leitores lindos, voltei!
Sei que demorou muito tempo para postar um capítulo novo mas espero que entendam, entrava simplesmente travada. Não sabem como fiquei feliz por conseguir escrever esse capítulo, me dediquei muito a ela para poder trazer algo minimamente aceitável para vocês.
Então é isso, obrigada por continuarem lendo e esperam que tenham gostado. Votem e comentem.
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É possível amar?
NouvellesLaura, A Pura, é a próxima rainha do reino das fadas, algo que muitas invejam, principalmente pelo fato de que ela será a esposa de Felix, O Grande, mas tudo o que ela quer é ser livre, poder ajudar quem ela se importa, e, quem sabe, descobrir o que...