Capítulo 6

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Uma festa da Kate era sempre um fenômeno incrível e previsível. Incrível porque era uma aventura megalômana, e previsível porque não se esperava outra coisa dela. Era sempre uma boate lotada, sempre decorada com motivos góticos. Como se não bastasse ser a aniversariante, Kate sempre encontrava um meio de se colocar ainda mais no centro dos acontecimentos. Às vezes ela fazia um show, às vezes ela ficava sentada em um trono, houve o ano em que ela fez um curso de pole dance apenas para se apresentar na sua festa, e daquela vez ela mandou fazer esculturas de gelo suas em tamanho real para distribuir por todo o lugar. Sabine observava uma delas, interessada, enquanto Oyekunle ia pegar bebidas.

-Isso é... – Sinead disse, ao seu lado, sem saber como continuar.

-Muito cafona – Sabine completou.

-É, acho que sim – Sinead riu da sinceridade e pouco amor à vida da francesa, embora Kate não estivesse perto para ouvir.

-Vamos falar com ela?

-Vamos, se soubermos onde ela...

-Boa noite – Kate disse, gélida, atrás das duas.

-Boa noite – Sabine sorriu, agradável. E, dando dois beijos na bochecha da sogra, falou: - Feliz aniversário.

Kate não respondeu, e olhou para Sinead, esperando ser cumprimentada.

-Feliz aniversário, tia Kate – Sinead sorriu e Kate sorriu de volta.

-Muito obrigada – Ela finalmente disse. – O Mike não veio? Não diga que vocês vieram separados. – E sorriu: - A Sabine veio com você, Sinead?

-Não conheço nenhum Mike – Sabine respondeu, simpática. – Vim com o Oyê Kunlê, e ele foi buscar bebidas. Olha, aí está ele!

Oyekunle chegava à roda equilibrando três copos. Entregou um à Sabine, outro à Sinead e ficou com o terceiro.

-Oi, mãe – Ele sorriu. – Parabéns.

-Obrigada – Kate colocou um sorriso no rosto.

-Vai ter pole dance esse ano?

-Não, mas vai ter uma cantora lírica cantando "parabéns para você".

Sabine tentou segurar o riso e transformou-o em mais um de seus belos sorrisos. Kate, armada, virou-se para ela e ia perguntar se havia algum problema, mas se lembrou da última conversa que teve com o Oyekunle sobre a francesa e se segurou a tempo. Em lugar de comprar briga, simplesmente falou para eles ficarem à vontade e saiu.

-Ok, vamos procurar o Will – Sinead disse, assim que Kate se afastou.

-O que te leva a acreditar que ele está aqui? – Oyekunle perguntou para a amiga.

-Nada. Mas vou procurar assim mesmo. Vocês me ajudam?

-Cara, a gente nem sabe como ele é.

-Vamos, sim, Oyê Kunlê! Vai ser divertido! – Sabine pediu. – Como ele é?

-Moreno, olhos azuis, cabelo meio compridinho, fumante.

-Isso vai ser fácil – Oyekunle disse com sarcasmo.

-Tem algum fumódromo aqui? – Sabine disse. – Vai ser fedorento, mas é um começo.

Não havia um fumódromo porque na Inglaterra eles não existiam mais, já que era proibido fumar em ambientes fechados. Em compensação, quem queria fumar um cigarro ia para a rua, para a porta da boate, e ninguém do grupo estava disposto a perder a diversão e uma cantora lírica cantando "parabéns para você" para ficar em pé na calçada.

Mas, apesar da multidão, nem todos estavam na festa. Robyn, por exemplo, e Will compravam roupas online. Ou, ao menos, ela tentava convencê-lo de que ele deveria.

Quando A Vida Acontece - Volume 6Onde histórias criam vida. Descubra agora