Tolarei sempre se considerou uma das criaturas mais poderosas e determinadas em Monster High. Como filha de um antigo espírito felino, ela tinha orgulho de sua independência, de sua força, e de seu coração inabalável. Sua vida era construída sobre disciplina e controle. Não havia espaço para distrações, muito menos para sentimentos que pudessem enfraquecer sua determinação. E então, de repente, Clawdeen Wolf entrou em sua vida como uma tempestade inesperada, e tudo mudou.
Era um dia comum, como qualquer outro. Tolarei estava no ginásio, praticando sua rotina de combate, seus movimentos graciosos e precisos como sempre. Mas, pela terceira vez naquele dia, ela se pegou olhando para Clawdeen, que estava do outro lado da sala, rindo e brincando com suas amigas. O riso de Clawdeen era como uma melodia que parecia ecoar dentro da cabeça de Tolarei, algo que a perturbava profundamente. Ela sempre achara Clawdeen uma garota irritante, com sua personalidade exuberante e seu gosto por moda que Tolarei considerava superficial.
Mas havia algo mais. Algo que Tolarei relutava em reconhecer. Ela estava observando Clawdeen mais do que gostaria, notando detalhes que antes passavam despercebidos – como o jeito que o cabelo de Clawdeen se mexia quando ela virava a cabeça, ou como seus olhos brilhavam quando ela sorria. Tolarei odiava admitir isso, mas havia uma beleza selvagem e indomável em Clawdeen que a deixava inquieta. E essa inquietação crescia a cada dia, se transformando em algo que ela mal conseguia controlar.
Tolarei sentiu a raiva ferver dentro dela. Como poderia, ela, Tolarei, ser dominada por sentimentos tão patéticos? Ela era uma guerreira, destinada a conquistar tudo que desejasse, e agora seu coração estava sendo invadido por pensamentos sobre Clawdeen. Era inaceitável. Impossível. E, no entanto, por mais que tentasse afastar esses sentimentos, eles continuavam voltando, mais fortes e mais insistentes.
Ela começou a evitar Clawdeen, ignorando-a nos corredores, desviando o olhar sempre que seus olhos se encontravam, e recusando os convites para reuniões em grupo. Tolarei estava convencida de que, se apenas ficasse longe, esses sentimentos desapareceriam. Mas não era tão simples. Cada vez que via Clawdeen, uma onda de emoções confusas a assaltava. Havia raiva, claro, por estar perdendo o controle, mas também havia algo mais profundo, algo que ela não queria admitir. Desejo.
Tolarei odiava o jeito que seu coração acelerava quando Clawdeen se aproximava, o calor que subia em seu rosto quando ela sentia o perfume suave de Clawdeen no ar. Era como se cada fibra do seu ser estivesse se rebelando contra sua própria vontade. Ela se repreendia por ser fraca, por permitir que alguém como Clawdeen, com suas risadas e charme despreocupado, pudesse ter tal poder sobre ela.
Finalmente, um dia, Tolarei não pôde mais suportar. Após as aulas, quando o campus estava quase vazio, ela confrontou Clawdeen, puxando-a para um canto mais isolado do pátio. Clawdeen, sempre tão confiante, sorriu ao ver Tolarei, mas seu sorriso desapareceu ao ver a intensidade nos olhos da garota felina.
ㅡ O que está acontecendo, Tolarei? Por que você está me evitando? ㅡ Clawdeen perguntou, genuinamente preocupada.
Tolarei sentiu sua raiva aumentar, não por Clawdeen, mas por si mesma.
ㅡ Você... você tem me distraído. Eu não posso me concentrar em nada quando você está por perto, e eu odeio isso, Clawdeen! Eu odeio o que você está fazendo comigo!
Clawdeen arqueou uma sobrancelha, confusa.
ㅡ Eu? Eu não estou fazendo nada, Tolarei. Se tem algo errado, é melhor você falar de uma vez.
Tolarei cerrou os punhos, sentindo seus garras emergirem por pura frustração.
ㅡ Eu não deveria me sentir assim! Eu sou forte, Clawdeen. Eu sou implacável. E você... você é a última pessoa no mundo que deveria estar me afetando desse jeito!
Clawdeen deu um passo à frente, ficando perigosamente próxima.
ㅡ Afetando como, Tolarei? O que você está tentando me dizer?
Tolarei hesitou. Pela primeira vez, não tinha certeza do que dizer. Todas as palavras de raiva e frustração pareciam evaporar diante da presença de Clawdeen. Tudo o que restava era a verdade crua, uma verdade que ela não queria admitir nem para si mesma, quanto mais para Clawdeen. Mas era tarde demais para voltar atrás.
ㅡ Eu... eu estou apaixonada por você, Clawdeen ㅡ Tolarei finalmente confessou, sua voz quase um sussurro. ㅡ E eu odeio isso. Odeio sentir que estou perdendo o controle, odeio que você tenha tanto poder sobre mim. Eu odeio porque eu não queria que fosse você.
Clawdeen ficou em silêncio, processando as palavras de Tolarei. A tensão entre elas era palpável. Então, lentamente, Clawdeen estendeu a mão e tocou o rosto de Tolarei, um toque suave e reconfortante.
ㅡ Tolarei... ninguém escolhe por quem se apaixona, Clawdeen disse, sua voz calma e compreensiva. ㅡ E eu não estou aqui para controlar você ou te enfraquecer. Eu só... eu gosto de você do jeito que você é. Com toda a sua força, com toda a sua determinação.
Tolarei fechou os olhos, sentindo a frustração e a raiva se dissiparem um pouco. O toque de Clawdeen era ao mesmo tempo tranquilizador e perturbador, mas de uma maneira diferente. Ela não queria se render a esses sentimentos, mas, ao mesmo tempo, não podia negar a verdade de suas emoções.
ㅡ Eu ainda odeio isso ㅡ Tolarei murmurou, embora sua voz estivesse mais suave agora, quase resignada.
Clawdeen sorriu, um sorriso genuíno e caloroso.
ㅡ Tudo bem, Tolarei. Nós podemos odiar juntos, se você quiser.
Tolarei abriu os olhos, encontrando os de Clawdeen. Ela ainda sentia o conflito interno, a batalha entre o desejo de manter o controle e a inevitável atração que sentia. Mas talvez, só talvez, ela pudesse permitir que seus sentimentos fluíssem, sem precisar se sentir enfraquecida. Porque, ao lado de Clawdeen, mesmo com toda a raiva e frustração, ela não se sentia verdadeiramente fraca. Sentia-se... humana.
E talvez isso fosse o suficiente, por enquanto.
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Eu ainda odeio isso.
FanfictionMas havia algo mais. Algo que Tolarei relutava em reconhecer. Ela estava observando Clawdeen mais do que gostaria, notando detalhes que antes passavam despercebidos