capítulo 10.

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Carla Maraisa.
˚.

Nas semanas seguintes, eu me dividi entre os arranjos florais e Sophia. Quando eu não estava na Jardins de Monet, ajudava Marília. Sempre que ia até a casa dela, mal nos falávamos. Ela passava a bebê para mim, entrava em seu escritório, fechava a porta e escrevia. Marília era uma mulher de poucas palavras, e uma coisa que eu aprendi com a nossa convivência era que elas sempre se revelavam bastante duras. Portanto, seu silêncio não me fazia mal algum. Pelo contrário, me trazia paz. As vezes, eu passava por seu escritório e o ouvia deixando mensagens de voz para Maiara. Cada mensagem era uma atualização sobre a vida de Sophia, detalhando seus altos e baixos. Em uma noite de sábado, quando cheguei à casa de Marília, fiquei um pouco surpresa ao ver um automóvel marrom parado na entrada. Estacionei o carro, caminhei até a porta da frente e toquei a campainha. Enquanto eu esperava, balançando nos calcanhares para a frente e para trás, meus ouvidos entraram em alerta ao ouvir risadas vindas de dentro da casa.

Risadas?
Da casa de Marília Mendonça?

— Quero menos gordura e mais carne na próxima vez — disse uma voz segundos antes de a porta se abrir. Quando vi o homem, dei um sorriso.

— Ah, olá, senhorita — cumprimentou ele,
alegremente.

— Professor Oliver, certo?

— Sim, sim, por favor, me chame de Ollie. Você deve ser Mara. - Ele estendeu a mão para que eu o cumprimentasse.

— Pode me chamar de Maraisa. Marília acha que é muito informal, mas eu sou assim. — Sorri para Marília, que estava alguns metros atrás do professor, sem dizer uma palavra.

— Ah, Marilia, a dama formal. Sabe, tentei fazê-la parar de me chamar de professor Oliver há anos, mas ela se recusa a me chamar de Ollie. Acha que é infantil.

— Mas é - insistiu Marília, pegando o chapéu fedora marrom de Ollie e entregando-o de forma incisiva.

— Obrigada pela visita, professor Oliver.

— É claro, é claro. Maraisa, foi um prazer conhecê-la. Marília fala muito de você.

— Acho dificil acreditar nisso. — Ollie franziu o nariz e riu.

— Verdade, verdade. Ela não falou muito de você. Ela é uma idiota caladona, não é? Mas veja bem, Maraisa... Posso te contar um segredo?

— Eu adoraria ouvir quaisquer segredos e dicas que puder me dar.

— Professor Oliver — disse Marília, severa — você não disse que tinha outro compromisso?

— Ah. Ela está ficando irritada, não está? - Ollie o ignorou e continuou falando. - Aqui está uma dica para lidar com a Sra. Mendonça: ela não diz muito com a boca, mas conta uma história inteira com os olhos. Se observar de perto, os olhos dirão a você tudo o que ela está sentindo. Ela é realmente um livro aberto; você só precisa aprender a ler em seu idioma. Quando perguntei sobre você, ela disse que você era legal. Mas seus olhos me disseram que ela estava agradecida por poder contar com você. Maraisa, a garota dos grandes olhos castanhos...
Marília pensa maravilhas de você, mesmo que não diga nada.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora