Capítulo 6

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Âmbar

Fazia muito tempo que eu não tinha contato com uma criança, mas nunca uma criança havia dado risada para mim, nunca uma criança me olhou e riu.

Mas ao mesmo tempo que a sensação boa me invade o sentimento ruim, um vazio doloroso também faz isso.

Mesmo assim eu o pego no colo antes que Feyre o faça mas ainda assim o pequeno Nyx continua me encarando mas havia um sorriso em seu rosto.

Mamãe, por que eu tenho que ficar aqui? Não quero ficar aqui

— Mas você vai ficar aqui — Minha mãe manda, seu olhar amoroso havia desaparecido e só havia a raiva

— Foi um acidente — Eu argumento

— Claro, com você é sempre um acidente, eu tentei, Âmbar, juro que tentei, não faz ideia do que eu estou passando, isso dói mais em mim do que em você mas você é descontrolada, merece ficar sozinha.

— Não só merece como precisa — Meu pai diz tão raivoso quanto minha mãe — Qualquer um dos seus irmãos corre perigo com você por perto.

— um corre perigo com você por perto

— Por favor, eu quero conhecer a Violeta — Eu choramingo

— A minha Violeta? Você não vai nem chegar perto da minha filha — Ela rosna completamente furiosa, tão furiosa que me faz dar alguns passos para trás — A minha pequenina Violeta é só uma criança, um filhotinho e até mesmo eles correm perigo perto de uma descontrolada como você

— Até a Violeta que nem abriu os próprios olhos ainda tem mais controle que você — Ele rosna antes de sair dali

Você vai ficar aqui até aprender a se controlar — Ela diz antes de sair e trancar a porta.

Nefarium — Eu o chamo pois tudo estava tão escuro, não havia uma janela sequer, não havia luz, nenhuma claridade e do nada minha visão havia ficado ruim, eu não conseguia enchergar no escuro, não mais — Nefarium — Eu o chamo outra vez mas sem resposta

O pânico começa a se apossar do meu corpo mas estranhamente eu não ouvia chuva, raios e trovões o lado de fora.

Meus dons pareciam ter sumido, Nefarium parecia ter partido e isso dói, dói tanto que chega a ser agonizante.

Olho para o sorriso do pequeno Nyx outra vez e mesmo não querendo eu o entrego para sua mãe outra vez.

O entrego para Feyre que demora a pega-lo, parecendo confusa, parecendo não entender por que meu sorriso morreu e alguns trovões começaram a estalar.

— Pegue-o — Eu digo para Feyre que parecia estar me estudando ainda, parecendo muito confusa — Pegue-o Feyre, segure sua cria, pegue-o agora — Eu mando raivosa, talvez até apressada, e assim ela faz, pega seu filho em seus braços mas mesmo diante minha expressão raivosa a criança não parecia assustada

— Você está bem? — Tenta dar um passo em minha direção mas eu me afasto rapidamente

— Não chegue perto de mim com essa criaturinha, não faça isso de novo — Digo em um aviso antes de sair voando rápidamente

Olho para o céu agora nublado e respiro fundo tentando me acalmar.

Droga, foi por pouco, muito pouco, muito muito pouco mesmo.

Quando me vejo eu já estava sentada em cima de uma montanha abraçando meus joelhos enquanto me envolvia em minhas próprias asas.

E então eu fico ali sentada enquanto tentava fazer que meu dom não interferisse no clima mas era inútil, o tempo estava fechado, em clima de chuva.

A corte de asas e tempestade | Cassian Onde histórias criam vida. Descubra agora