"Tem medo de nada
Gosta do perigo
Gosta de saber que vai me ter no escondido
Vai acabar comigo."
Carolina é uma jovem que está no segundo semestre de medicina na faculdade da USP. De personalidade forte e inteligente, sempre lutou para conquistar o...
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carolina pimenta ~
Essa manhã passa como um borrão. Raphael Veiga traz pra mesa um café farto, com pão de queijo, pão francês, mussarela, presunto, um rocambole, mini empadas e um docezinho chamando língua de sogra. E ao mesmo tempo que me sinto grata, não consigo falar com todas as letras o quanto aquilo me deixa bem.
– Você não quer nem um pedaço? - Ele oferece pela segunda vez o bolo.
– Não, obrigada - Digo sincera e tomo um gole do café.
Meu Deus. Café amargo faz mal pra alma, o Veiga devia colocar pelo menos um pouquinho, pro bem da minha sanidade, que já não está das melhores. Eu me levanto e vou direto no pote de açúcar.
– Carol, você tá bem? - Quebra o silêncio. Essa sua pergunta realmente demonstra que ele pode ler através do meu corpo.
Eu volto à mesa e faço que sim. Veiga me encara por inteiro e eu tento disfarçar que isso não causa arrepios na espinha.
– Hum, se você diz eu acredito - Ele resmunga mais baixo que o usual. - o Endrick... ele tem perguntado sobre você.
Que informação aleatória. Onde quer chegar com isso?
– É? Só vi ele duas vezes - Digo me sentando. - o que ele perguntou?
– Na realidade, ele não para de falar do meu aniversário - Veiga conta com um sorrisinho, de quem parece hesitar nas próprias palavras. - você... bom, eu trouxe algo, Carol.
– O quê?
Eu fico curiosa quando ele levanta um pouco a camisa e tira da lateral do corpo um envelope. Veiga estende o braço e me entrega. Eu observo bem.
"RV 29"
– É seu aniversário? - Pergunto, chocada, querendo me bater por não ter ideia dessa data.
– Não, não - Nega. - ainda não. É na quarta-feira, mas a comemoração será na sexta.
– Ah, que bom - Dou um sorriso meio aliviada. - E é um convite? Tipo, tá me chamando pro seu aniversário?
Óbvio que isso me deixa meio sem jeito e chocada. Por que ele quer que eu vá? Eu me imagino como uma parte da vida do Veiga na qual ele apenas se mete em furadas e depois volta pro mundo dele. Sua risada gostosa ecoa na cozinha.
– É a reação mais peculiar que eu presenciei - Fala quase que impressionado. - normalmente agradecem e tal...
– Não! É que não tava esperando... nossa, obrigada - Tento corrigir a minha reação de merda. - só quero entender o que o Endrick tem a ver.
– Ah, o moleque queria saber se eu ia te convidar.
Por um segundo, um pensamento me prende. Talvez ele tenha me convidado porque o Endrick fez questão de lembrá-lo.
