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Acordei naquela manhã com uma sensação de vazio. O relógio na parede marcava 7h15, e eu sabia que deveria estar me preparando para a faculdade. No entanto, as aulas foram canceladas, ao que parece os meus professores tinham decidido se dar um descanso. Eu tinha planos de aproveitar ao máximo as aulas daquele dia, mas agora me encontrava sem um rumo claro. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas hoje parecia especialmente irritante.

Suspirei e olhei ao redor do meu quarto. As paredes azul-bebê refletiam a luz suave que entrava pela janela, e a estante cheia de livros parecia me convidar a passar o dia ali. Decidi que, se o universo me forçava a ter um dia de folga, então eu aproveitaria ao máximo. Caminhei até a estante e comecei a correr os dedos pelas lombadas dos livros, procurando algo que me prendesse a atenção.

Finalmente, meus olhos pousaram em um volume que eu já havia lido várias vezes: *Orgulho e Preconceito*, de Jane Austen. Era um dos meus romances favoritos, e sempre encontrava consolo nas palavras de Austen. A história de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, com todos os seus mal-entendidos, orgulhos e preconceitos, sempre conseguia me distrair do mundo real. Peguei o livro e me acomodei na cama, puxando as cobertas ao redor de mim.

Conforme lia, me perdi nas páginas. A maneira como Elizabeth desafiava as expectativas da sociedade e como Darcy, inicialmente frio e distante, revelava sua verdadeira natureza, me fazia esquecer temporariamente meus próprios problemas. A cada página virada, sentia a ansiedade do dia desaparecer, substituída pela intriga e romance que Austen tão habilmente tecia.

Horas se passaram sem que eu percebesse. O sol já estava alto no céu quando fechei o livro, com um sorriso satisfeito nos lábios. Eu estava na metade da história e já me sentia muito melhor. No entanto, a paz que senti começou a se desvanecer quando olhei novamente para a estante. Eu já havia lido a maioria dos livros ali, alguns até mais de uma vez. Talvez fosse hora de adicionar algo novo à minha coleção.

Decidi que faria uma visita à livraria mais popular. Era um dos meus lugares favoritos na cidade, uma enorme loja e editora que sempre tinha algo interessante nas prateleiras. Levantei-me da cama, tomei um banho rápido e vesti uma roupa confortável. Peguei minha bolsa e, em poucos minutos, já estava no carro que meu pai insistia em deixar à minha disposição. Pedi que o motorista me levasse até a livraria, enquanto eu pesquisava sobre romances interessantes para que eu pudesse comprar.

A livraria estava relativamente calma quando entrei. O cheiro de papel e tinta fresca me envolveu, me dando a sensação de estar em casa. Passei algum tempo caminhando pelos corredores, analisando as capas e lendo as sinopses. Finalmente, um livro chamou minha atenção: *Todos os seus pedaços*, de Jéssica Ribeiro. Eu já havia ouvido falar muito sobre o livro, mas nunca tinha realmente me aventurado em suas páginas. Era hora de mudar isso.

Peguei o livro e continuei minha exploração. Acabei comprando alguns outros volumes também, um misto de clássicos que eu sempre quis ler e algumas novidades que prometiam aventuras emocionantes. Satisfeita com minhas escolhas, paguei os livros e voltei para o carro.

No caminho de volta para casa, senti um desejo repentino de algo doce. Olhei ao redor e vi uma pequena cafeteria no canto da rua. Era o lugar perfeito para parar e me mimar com um lanche antes de voltar para a realidade. Pedi que o motorista estacionasse o carro e entrei na cafeteria, após insistir que ele fosse lanchar comigo, mas ele se recusou dizendo que não seria apropriado. Ele provavelmente estava certo.

Quando entrei, a primeira coisa que notei foi a atmosfera aconchegante do lugar. Havia poucos clientes, e as mesas estavam distribuídas de forma que cada um tivesse seu próprio espaço privado. Caminhei até o balcão e pedi dois donuts e um milkshake de chocolate. Estava prestes a me sentar em uma mesa próxima à janela quando ouvi uma voz familiar.

Dear (B)romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora