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Caminhando pelos corredores do estádio, eu sentia a energia elétrica no ar. As vozes dos torcedores ecoavam nas arquibancadas, misturando gritos de incentivo e cânticos de apoio. Ajustei a faixa de cabelo e sorri para as câmeras que nos seguiam. Estava pronta para dar tudo de mim.

No vestiário, as palavras do Zé foram claras: "Vamos jogar com tudo, cada ponto é crucial. Lembrem-se, vocês são a seleção brasileira!" Assenti junto com as meninas, o nervosismo misturado com a adrenalina.

No primeiro set, o jogo começou frenético. A República Dominicana mostrou sua força, mas estávamos preparadas. Cada saque, bloqueio e ataque eram disputados com intensidade. O som das bolas batendo no chão e das jogadoras gritando instruções enchiam o ambiente. Eu sentia a tensão nos meus músculos, mas também a determinação de não ceder um centímetro.

Conseguimos vencer o primeiro set, mas sabíamos que a batalha estava longe de terminar. No início do segundo set, senti uma pontada no meu joelho direito ao saltar para um bloqueio. Ignorei a dor inicialmente, concentrada em manter o ritmo do jogo. Mas, à medida que os pontos passavam, a dor se intensificava.

Em um momento crítico, ao pousar de um salto, senti uma dor aguda que me fez vacilar. O jogo parou, e tudo ao meu redor parecia desacelerar. As meninas se aproximaram, a preocupação estampada em seus rostos.

O fisioterapeuta foi chamado e me ajudou a sair da quadra. Sentei no banco, tentando respirar fundo e manter a calma enquanto ele examinava meu joelho. A torcida estava em silêncio, a tensão no ar palpável. O Zé se aproximou, a expressão grave.

- Você acha que consegue continuar?- ele perguntou, com a voz baixa.

Assenti, teimosa. - Vou tentar.

Voltei ao jogo, mas a dor persistia. Cada movimento era uma luta contra o meu próprio corpo. Minha mente estava dividida entre a vontade de continuar e o medo de piorar a lesão. Com os esforço da equipe, ganhamos o segundo set

Ao fim do set, fui substituída. Sentei no banco, frustrada e preocupada. Minhas colegas continuaram a luta na quadra, e eu só podia torcer por elas, esperando que a lesão que eu tive, não tivesse voltado. O jogo continuava, mas minha mente estava fixada na dor longe que eu estava sentindo.

Quando o apito final soou, as meninas que estavam no banco correram para o meio da quadra, como de costume, para comemorarem. Antes que eu pudesse me levantar e me juntar a elas, uma mão pousou em meu ombro.

- Não faça esforço, Isabell - a voz grossa e gélida me arrepiou por inteira. Eu me virei para ver Theodoro ali ao lado de Charlotte.

Meu pai usava uma calça de alfaiataria preta, assim como sua blusa de gola alta. De acessórios, ele tinha anéis, relógios e um cordão de ouro. Charlotte vestia um sobretudo preto e, por baixo, uma calça de alfaiataria branca com uma blusa de manga longa preta, complementados por acessórios de prata.

Ambos pareciam estar indo para qualquer lugar, menos para me ver jogar nas Olimpíadas.

- O que fazem aqui? - Por um momento, eu esqueci que estávamos em público e havia várias câmeras apontadas para nós.

- Que pergunta tola, Victoria - Charlotte me abraçou falsamente. - Sorria, filha.

Eu retribuí o abraço contra a minha vontade e, em seguida, abracei meu pai, que pareceu mais sincero do que minha mãe.

- Sheilla te criou muito bem - um sorriso mínimo enfeitou os lábios do homem. - Você está com quantos anos? 19...

- Vinte e quatro - interrompi com um sorriso falso. - Tenho vinte e quatro anos.

Entre rivais - Hande baladinOnde histórias criam vida. Descubra agora