first chapter

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- NÃO ACREDITO QUE você está aqui - falei.
- Nem eu. - Ele tinha um ar quase tímido, hesitante. - Você
ainda vem comigo?
Ele nem precisava perguntar. Eu iria a qualquer lugar com ele.
- Sim - respondi.
Era como se nada mais existisse além daquela palavra, além
daquele momento. Só havia nós dois. Tudo que tinha acontecido no
verão anterior, e em cada verão antes daquele, nos levara até ali.

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ESTÁVAMOS NA ESTRADA fazia uns sete milhões de anos - pelo menos


era o que parecia. Meu irmão, Steven, dirigia mais devagar que


nossa avó. Eu estava sentada ao seu lado, com os pés no painel,


enquanto minha mãe ia no banco de trás, apagada. Ela parecia


alerta mesmo enquanto dormia, como se pudesse acordar a


qualquer momento para assumir a direção.


- Vai mais rápido! - pedi, cutucando o ombro dele. - Vamos


ser deixados pra trás por aquela criança na bicicleta.


Steven se esquivou de mim.


- Nunca encoste no motorista. E tire esses pés sujos do meu


painel.


Balancei os dedos dos pés; para mim estavam limpinhos.


- O painel não é seu. E o carro daqui a pouco vai ser meu,


lembra?


- Isso se você algum dia conseguir tirar a carteira de motorista


- zombou ele. - Acho que pessoas como você deveriam ser


proibidas de dirigir.
- Ei, olha ali! - comentei, apontando pela janela. - Aquele cara


na cadeira de rodas acabou de ultrapassar a gente!


Steven me ignorou, então comecei a mexer no rádio. Uma das


minhas partes favoritas de viajar para a praia eram as estações de rádio de lá. Elas eram tão familiares para mim quanto as que eu ouvia em casa, por isso sentia como se já tivesse chegado ao nosso destino. Encontrei minha estação preferida, que tocava de tudo, de pop e


clássicos a hip-hop. Tom Petty estava cantando "Free Fallin'", e


comecei a acompanhar:


- She's a good girl, crazy 'bout Elvis. Loves horses and her


boyfriend too.


Steven tentou trocar de estação, mas dei um tapa na mão dele.


- Belly, é que sua voz me dá vontade de jogar o carro no mar -


explicou ele, fingindo dar uma guinada para a direita.


Cantei ainda mais alto, o que acordou minha mãe, que também se juntou à cantoria. Nós duas tínhamos vozes terríveis, e Steven


balançou a cabeça daquele jeito intragável dele. Meu irmão


detestava quando nos uníamos contra ele; era o que ele mais


odiava na história do divórcio: ter se tornado o único homem na


família e não poder mais contar com nosso pai para apoiá-lo nesses momentos. Por mais que eu implicasse com Steven, na verdade não me


importava muito com a lerdeza dele. Eu adorava aquela estrada,


aquele momento. Ver a cidadezinha de novo, o restaurante de frutos do mar, o campo de minigolfe, as lojas de surfe... Era como voltar para casa depois de ter passado muito tempo fora. E o verão estava cheio de promessas e possibilidades.

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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O verão que mudou minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora