Luiza e Valentina nasceram na mesma cidade mineira, no mesmo dia e hora, mas seus destinos sempre se cruzaram à distância. Com sonhos distintos - Luiza, aspirante a engenheira de projetos, e Valentina, pianista em formação -, as duas frequentam a me...
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Valentina
Valentina despertou antes de Luiza e ficou observando sua mineira ainda adormecida ao seu lado.
Ela estava linda, com a respiração tranquila e os traços suaves, o que fez o coração de Valentina se aquecer com um sentimento profundo de amor e proteção.
No entanto, por mais que a visão de Luiza a acalmasse, Valentina não conseguia afastar a agitação que dominava sua mente.
Ela passou a mão pelo cabelo, tentando organizar os pensamentos que fervilhavam em sua cabeça.
Havia muito em jogo, e a descoberta recente sobre Júlia, aquela que deveria ser sua mãe, mas que Valentina só conseguia ver como um monstro, a deixava inquieta. Sem conseguir mais ignorar a sensação de angústia, pegou o celular e desbloqueou a tela.
O aparelho estava cheio de notificações. Mensagens de Júlia, cuja visão do nome na tela provocava uma mistura de raiva e repulsa. Havia também ligações de Lia, de Jean, e do seu pai. A cada nova mensagem lida, o coração de Valentina se apertava mais.
"Será que meu pai sabe de tudo?"
— pensou, sentindo o estômago revirar de preocupação. A ideia de que ele pudesse estar ciente das atrocidades de Júlia e que, talvez, pudesse ter sido conivente de alguma forma, causava-lhe um ódio crescente.
— Meu pai sempre foi tão bom para mim... — murmurou baixinho, tentando encontrar uma justificativa para tudo aquilo.
Mas, por mais que tentasse, a incerteza e a dor eram imensas. O peso da decepção iminente se acumulava em seus ombros, sufocando qualquer possibilidade de paz.
— Dane-se! — exclamou, com mais força do que pretendia, o que fez Luiza se mexer levemente ao seu lado. Valentina se recompôs, acariciando o rosto de Luiza para garantir que ela não acordasse.
Determinada a evitar mais estresse, Valentina decidiu não responder a nenhuma das mensagens.
Ela sabia que não estava pronta para enfrentar o turbilhão de emoções que isso traria.
Ela não queria pensar em Júlia, ou nas possíveis consequências de tudo que estava acontecendo. Pelo menos por agora, ela queria focar apenas em Luiza, na paz que a presença dela trazia.
Valentina deixou o celular de lado e, cuidadosamente, se aninhou mais perto de Luiza, sentindo o calor reconfortante do corpo dela.
Talvez o abraço de Luiza pudesse afastar a tempestade que rugia dentro dela, nem que fosse por alguns minutos.
Ela sabia que precisaria enfrentar tudo eventualmente, mas por enquanto, decidiu se perder no conforto e no carinho da mulher que amava, esperando que, ao menos por um instante, isso fosse suficiente para acalmar seu coração.
