12- Casamento

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Júlia acordou com o humor terrível no dia seguinte. Não ir a empresa era torturante, ela amava ir a empresa trabalhar e resolver coisas o dia todo.

O castigo que seu pai havia lhe dado a deixou irritada. Ela precisava se aliviar de alguma maneira, e resolveu sair um pouco mais cedo do trabalho. Mas não imaginava que seu pai iria a sua casa e descobriria tudo.

Irritada por ter todos os cartões bloqueados, e não poder mais ir a empresa, ficou em casa, já que estava tecnicamente de "castigo".

Tomou apenas um café, e se sentou no sofá para ver alguma coisa, havia acordado mais tarde do que seu horário normal e estava se sentindo péssima.

Deixou a caneca em cima da mesinha de centro e prestou atenção no programa que passava aquele horário.

Tentava se concentrar no programa, mas não via graça nenhuma. Desligou a TV e se levantou indo até a varanda.

Se sentou em uma espreguiçadeira, e ficou ali refletindo, sentiu raiva por saber que Isabela havia saído. Seus pais estavam com um favoritismo horrível.

Júlia sentia que era ela a nora e não Isabela, seus pais a estavam agradando e até saíram para comprar um vestido pra ela.

Mas porque ninguém se importava com ela? Por que ela não tinha a compreensão dos pais? O que ela fazia de tão errado que fazia eles tomarem essas atitudes? Ela realmente não sabia.

Deitada na espreguiçadeira, escutou a porta abrir e se levantou. Observou Isabela entrando com uma sacola nas mãos e foi para a sala sorrindo falsamente.

– Olha só, já foi mimada pelo sogros. Aproveita que já vai ter o nome deles e se muda pra lá. Já que pra eles, você é mais filha do que eu. — Júlia grita e Isabela a olha assustada.

– Desculpa Júlia, não queria fazer você se sentir mal. Eu só saí com a sua mãe porque ela queria comprar esse vestido pra mim. — Isabela pegou a sacola e foi em direção as escadas.

– Sim, com certeza deve ter coisinhas aí pra esse pirralhinho também não é? Porque ficou calada? Deveria ter abrido a boca. Agora eu tenho que aturar você e ele. E por sua culpa que o meu pai me tirou da empresa. — Júlia disse revoltada é Isabela apenas suspirou.

Não queria discutir mas parecia que Júlia estava tentada a fazer com que ela passasse mal.

– Júlia por favor. — Isabela pediu, mas Júlia agarrou o braço dela e a olhou com irritação.

– Já que você é a filhinha perfeita dos meus pais. Pede pra eles livrarem você disso. — Júlia disse e soltou o braço de Isabela.

Passou por ela e foi para o quarto batendo a porta com força.

Júlia estava muito irritada e tambem parecia magoada. Isabela queria poder ajudar, mas sabia que não adiantaria conversar com os pais de Júlia, já que eles nem sequer pensavam quando a nota tentava sair em defesa da noiva.

Respirou fundo e foi para o quarto de hóspedes, o qual havia dormido na noite passada. Se sentou na cama e retirou o vestido da sacola o analisando, ele era longo e tinha uma fenda na perna, alguns detalhes em pedraria.

Isabela sorriu e passou a mão pelo vestido, queria muito estar ansiosa para o casamento, mas só sentia angústia.

O casamento seria no outro dia e Isabela nao sabia se estava pronta para unir sua vida a uma pessoa que não a amava e não a respeitava.

Guardou o vestido novamente e se deitou na cama fechando os olhos. Só queria que o dia seguinte passasse voando.

Na hora do jantar, Júlia não desceu e Isabela preferiu jantar no quarto, estava nervosa então não comeu quase nada, apenas degustou um pouco do file e do arroz, e tomou metade do copo de suco.

Levando as loucas para a cozinha, as lavou e foi para o quarto de hóspedes, Júlia estava trancada no quarto o dia todo e não parecia que iria sair aquela hora da noite.

Então, apenas lavou o rosto, e se deitou na cama, finalmente adormecendo.

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O dia do casamento pra muitos era o dia mais importante da vida, era o dia onde as pessoas se casavam com quem amavam de verdade, era um dia de muita felicidade. Mas não era assim com Isabela e Júlia.

Ambas estavam querendo desistir do casamento e darem um jeito de algo dar errado. Júlia que estava em seu quarto terminando de vestir um terno preto, penteava o cabelo preguiçosamente e sentia vontade de fugir para bem longe.

Sabia que não podia fugir da responsabilidade, mas queria muito fazer aquilo, não queria ficar amarrada pra sempre a uma criança e a uma mulher que nem ao menos era interessante de acordo com ela.

Queria fugir, queria casar com qualquer outra ou até mesmo desafiar os pais. Mas desistia ao se lembrar o qual grande era o amor dela por eles. Mesmo eles sendo rígidos, eram os pais dela e ela não tinha coragem o suficiente para enfrentá-los mesmo quando a coragem vinha. Então sempre prefeita obedecê-los e curtir farras e farras as escondidas. Depois de um tempo ficou pronta e desceu as escadas indo para fora do apartamento.

Por outro lado, Isabela já estava pronta a algumas horas e tentava controlar sua ansiedade nada boa enquanto andava de um lado para o outro no quarto.

Respriou fundo, pegou o buquê que estava em cima da cama e saiu do quarto de hóspedes indo para a sala.

Chegou ao saguão do prédio, e se encontrou com Roberto que a esperava sorrindo levemente. Entraram no carro e seguiram para a casa dos Monteiro, onde aconteceria a cerimônia de casamento.

Logo chegaram, e depois de alguns minutos a cerimônia se iniciou. Isabela se sentia nervosa mas tentava não transparecer.

Chegou até Júlia e seguro o braço dela levemente. Logo o juiz de paz iniciou a cerimônia dizendo coisas leves sobre o amor. Isabela sentiu uma lágrima rolar sobe seu rosto e Júlia demonstrou inquietação.

Isabela prestava atenção em cada palavra, e sem votos nem nada. O juiz fez a famosa pergunta para ambas.

– Júlia Monteiro, você aceita Isabela Antunes como sua legítima esposa? — Júlia respirou fundo e olhou para Isabela com desgosto.

– Sim. — Disse secamente.

– Isabela Antunes, você aceita Júlia Monteiro como sua legítima esposa? — Isabela tentou reprimir as lágrimas e reprimiu o nervosismo.

– Sim, aceito. — Disse tentando esconder sua tristeza.

Júlia e Isabela trocaram as alianças douradas, e deram um rápido beijo sob os protestos dos convidados que estavam presentes.

Logo após, foram para a recepção de casamento e conversaram brevemente com todos. Isabela estava levemente enjoada e não se sentia bem devido às emoções reprimidas.

Lisa abraçou a amiga ao perceber que ela estava mais branca que o normal e pegou água pra ela.

Após beber todo o copo, Isabela melhorou e continuou conversando com algumas pessoas amigavelmente.

Júlia comia um bolinho com desinteresse enquanto escutava Alice falar alguma coisa sobre viajar para as Maldivas.

O afastamento das noivas na própria festa de casamento causou um falatório enorme entre os convidados.

Mesmo com esse desinteresse explicíto, Roberto e Marysa tentavam distrair a todos e juntas Júlia e Isabela sempre que necessário.

E assim foi durante toda a cerimônia. No final, já eram mais de 11 horas da noite, e a cerimônia havia acabado.

Júlia e Isabela decidiram ficar na casa de Marysa e Roberto até o outro dia e iriam para casa em seguida. Sem lua de mel, as duas deitaram no quarto que era de Júlia e logo adormeceram.

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