Não Somos Irmãos

Capítulo 62

Minha cabeça rodava enquanto minha língua invadia uma boca desconhecida até um momento atrás. Muitos aplausos vinham da arquibancada com essa nossa união. Meus dedos deslizavam em sua nuca, intensificando o beijo, enquanto suas mãos orbitavam minha cintura. Eu podia sentir vários olhares. Era como se fôssemos protagonistas daqueles filmes de romance adolescente com os quais toda garota sonha. E Liam estava tornando mais uma das minhas músicas em realidade. Esse é o diferencial dele: ele não esconde que me quer e sempre diz a verdade. Confesso que ele age de uma forma que me faz querer ter a mesma intenção que a dele.

Seria fácil gostar dele, pois ama música como eu, e assim poderíamos passar horas compondo sem que houvesse cobranças de atenção. Ama aventuras, as quais poderíamos viver em todos os finais de semana. E, principalmente, sempre me arranca sorrisos com suas falas legais.

Seu beijo é diferente, assim como seu cheiro. Não sei bem explicar, mas o gosto é distinto. Bem, não é Dylan, como eu já estava costumada.

Peguei em seus ombros, me distanciando dos seus lábios, a medida que percebia os diversos olhos curiosos que há ao nosso redor. Sorrimos, e meio sem graça, puxo o cabelo da frente para trás, querendo que alguma palavra saia logo da boca de Liam.

- Desculpa... é a adrenalina. Estava com muita vontade de fazer isso - Comentou, olhando fixamente em meus olhos. A sua fala me lembra ao que Dylan disse antes de ver Aurora e me trocar igualmente a uma mercadoria.

- Tudo bem, eu não lhe empurrei, não é mesmo? - neguei a cabeça.

- Agora eu completei a última música - Sabia que a sua atitude foi retirada da minha composição.

- Bem, você concluiu o álbum, parabéns - soltei um pequeno sorriso.

- Nos vemos antes da apresentação? - questionou.

Meu Deus, a apresentação! Tinha esquecido completamente, e sinceramente não estou com mentalidade o suficiente para cantar. Meu coração já está em um ritmo muito falho para apresentar.

- Ei, não precisa ficar nervosa. Estarei lá lhe dando forças - pegou nas minhas duas mãos e depositou um beijo gentil nelas.

- Obrigada - agradeci pelo apoio antes dele se unir ao seu time e comemorar a vitória.

Com a saída do rapaz, a minha visão teve acesso a arquibancada a minha frente, onde se encontra Dylan me encarando com uma cara não muito legal. Sei que está tremendo de raiva, pois o conheço bem. A sua mandíbula começa a ficar completamente marcada, em virtude de todos os seus músculos faciais se enrijecerem. Porém, não ligo, ele já teve o que queria, então, deve me deixar em paz.

- Uau, o que foi isso? - voltei a atenção para Louise que tampava a boca aberta com as mão.

Liam

A noite estava extremamente linda com a quantidade de estrelas no céu, que passei pelo menos meia hora olhando para cima. Estava refletindo tudo que fiz, de como os lábios de Emma eram sutis e macios, de como os seus toques na minha nuca me eletrizaram com uma corrente de choque que jamais fui atingido, a corrente da paixão. Acho que estou louco. Não paro de sorrir para o ar. Não paro de tocar a minha boca e pensar nela. Estava tão bonita com a minha camisa, que o meu coração acelerou tanto, que naquela hora, o mundo se girava para ela, não havia nada além um cabelo ruivo e um par de olhos claro. Só havia a Emma.

Levantei-me da cadeira quando o treinador me chamou para ter uma pequena conversa em relação ao que fiz, mas não passou de um pequeno puxão de orelha, pois o meu empenho hoje no jogo foi melhor do que o normal, e para ele foi isso que importou. Bem, queria muito aquela medalha de ouro para esfregar na cara do Dylan. O professor mostrou a sua prancheta, falando de algumas jogadas que provavelmente serão usadas nos próximos jogos da escola. Ele falava demais, e eu apenas confirmava com a cabeça.