POV: Catarina
Era só o que faltava, eu ter que me sentar à mesa ao lado dessa desclassificada. Não, eu não suporto a visão de tê-la em minha casa. Tudo bem, tudo bem, eu já disse algumas vezes que não considero mais essa a minha casa, no entanto, estou sendo obrigada a continuar aqui; com isso, ainda tenho o poder de decidir e definitivamente, não a quero aqui, muito menos planejando, ouvindo sobre o meu casamento.
Meu pai é mais burro que um jumento, de todas as pessoas... Marcela é a primeira de uma lista não tão longa a ser contra, ajudar seria a menor das suas preocupações. Não é possível que ele não veja quão claras são as suas intenções. Falsidade nenhuma é capaz de esconder tamanho desprezo, a raiva que transborda em seus olhos a cada vez que estamos no mesmo ambiente. Vir até aqui, beira no mínimo desespero. Tento não guardar ressentimentos, afinal, não sei se faria o mesmo.
— Catarina, eu não aceito que a destrate dessa forma! Marcela é minha convidada.
A raiva que sinto é tão grande, quebraria a mesa inteira se Petruchio não estivesse aqui — segurando minha cintura um pouco mais forte, como se soubesse exatamente o que pretendo fazer. Não que ele consiga impedir caso eu realmente queira. Só para constar, quebrar alguns copos certamente iria me acalmar... posso considerar.
— Oh, Batista! Eu só aceitei o convite, pois pensei que Catarina soubesse da visita — o tom cínico me irrita, daria quase tudo para quebrar um vaso em sua cabeça e na de quem se atrever a defendê-la.
— Eu quis fazer uma surpresa — papai se aproximou da mesa, seus dedos torcem afobadamente os fios do bigode, um sinal claro de nervosismo e desconforto. Posso bem avaliar, tombar a mesa (e quebrar todas as louças) está na lista inexistentes de coisas secretas (todas que vão contra a sua palavra) capazes de dar início a uma de suas tantas crises de gastrite (que claramente deveriam ser de identidade, mas isso não vem ao caso, ao menos não agora).
Bianca já está sentada e me encara à espera dos próximos passos, das próximas palavras. Sinto o sopro da respiração de Petruchio às minhas costas, seus dedos ainda à minha volta, o simples ato me faz lembrar que eu preciso respirar e consequentemente, soltar o ar que nem reparei, mas estava preso, prestes a me sufocar (junto das palavras que não cabe a mim usar). Respirei fundo novamente antes de finalizar:
— Já disse que não me sentarei à mesa com ela — não hesitei em dar às costas e passar novamente pela porta.
Voltei para o jardim, a mão de Petruchio não saiu de mim, seus passos acompanharam os meus, até sentou-se de frente pra mim. Não sei se ele acha que de alguma forma posso ficar irritada caso queira "acompanhá-los".
Mas é claro que eu ficaria irritada, eu ficaria furiosa e nunca mais olharia na sua cara!!!
— Tá mais calma, favinho?
Não respondi, não sei qual tom será usado por mim, talvez não queira descontar nele a raiva que ainda queima dentro de mim.
— Ocê tá pálida... — observou — ocê tá passando mal?
— Catarina está passando mal? — Bianca correu, se abaixou ao meu lado, ocupando completamente minha visão. Com o grito dado, não demorou para que o Dr. Batista e Mimosa seguissem a mesma direção.
— Só pode ter sido aquelas broas... nunca vi comer tanto assim.
— É bom chamar o médico — papai opinou como se realmente estivesse preocupado.
— Estou perfeitamente bem — argumentei.
— Catarina está grávida, papai, não pode ficar passando por essas situações.
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Além da Verdade e da Paixão
FanficSegunda Temporada de Entre o Amor e a Desilusão. Existem várias verdades e várias versões? Ou uma única verdade com várias versões? Acreditamos mesmo em tudo o que nos dizem ou apenas nos iludimos com o que nos convém? Tem como algo que realmente...