Sentimentos Compartilhados

Capítulo 16 Parte 2

Alana Vásquez

O tempo passou tão rápido, quando fui perceber estávamos em agosto de 2022: a infernal época eleitoral havia começado.

Nos finais de semana que passava em casa, enquanto meus filhos dormiam, ficava no meu escritório, trancada adiantando algumas tarefas da empresa.

Em um deles, João Carlos invadiu meu espaço, com a inconveniência e o sorriso debochado.

- Olá, querida, como sabe começou oficialmente a propaganda política preciso da minha família.

- Não terá! Pois só não fui embora por causa da Julie, e as crianças não vão participar dessa pataquada. -informei com seriedade.

- Por que me trata assim? Sou teu marido...

- Acabou com a minha vida, quando se envolveu nessa com a minha mãe ...

- Então, por que não se divorciou?

- Burrice, passividade... não dormíamos no mesmo quarto, só tivemos filhos nas duas vezes estava bêbada... você não ama, só quer me prender por status

- Eu não vou te deixar em paz para ficar com aquele latino de merda! -gritou raivoso.

- Ok. - finalizei entediada.

Eu voltei a atenção aos papéis. Ele saiu bufando.

♫

A minha relação com Julie estava melhorando, cada fim de semana que passava junto dela, fazendo atividades femininas, ia nos ensaios, mas ainda não aceitava meu relacionamento com Martín.

- Mãe! -A garota me chamou a atenção, assistíamos um filme no meu quarto, fiz um som nasal para prosseguir.- A senhora é feliz?

O meu bico torto de insatisfação se formou, porém não vou deixar de responder a verdade.

- Não totalmente! Só serei feliz quando puder ficar com o homem que amo e meus três filhos.

Ela não me respondeu mais nada, mas ficou pensativa.

Não tenho dúvidas nenhuma com o latino, assim que acabar essa fase, vou ser a mulher de Martín, pois vou morar com ele.

♫

O que nunca vai mudar é minha amizade com Melissa. A advogada está fazendo de tudo para eu poder ficar com o quase mexicano.

- Não sei por que vai acabar com uma relação tão bonita assim.-comentou Mel, com ironia.

Eu ergui a cabeça para encará-la, desconfiada, pois Cecília está com o mesmo papo pelas mensagens que trocando.

- Vocês são ridículas! Mudando de assunto para onde estamos indo?

A advogada me obrigou e as crianças a sair com ela.

- Surpresa, gata!

O nosso destino é o principal hotel de Botafogo, ao entrar no local percebi os políticos fluminenses, encarei Melissa, que deu ombros desinteressada.

Ela nos guiou até uma mesa onde estava João Carlos e minha mãe; a senhora era o meu retrato do futuro, pois nos parecíamos tanto.

Ele me olhou com ódio.

- Achei que não iria se envolver em política?

Antes que pudesse responder, minha amiga intrometeu:

- Pare de mugir à toa, eles não sabiam para onde viriam. Já volto!

Melissa saiu, com as crianças tomamos nossos lugares comigo no meio, longe dois adultos.

- Que evento é esse, mãe? -Eu não estava falando com o empresário, mas ele tentava de tudo para ter interações comigo.

- A mãe do teu amante vai disputar as eleições contra mim. -Bufou com raiva. - Lugar de mulher é em casa cuidando da família.

- Como queria que o teu eleitorado feminino ouvisse isso...- exclamei com deboche.

- Isso é verdade, Allana? Você está de novo com aquele libertino? -A pergunta veio de dona Haidê.

- Mãe, aqui não é nem hora ou lugar para falar sobre mim...

- Vai acabar com essa linda família...

- Que linda? Um marido abusivo e traidor, dois filhos vivendo em um ambiente tóxico? Chega! -exclamei nervosa.

O ambiente foi tomado por um silencio constrangedor, olhei cada um dos meus filhos com os orbes arregalados, minha mãe bufou e saiu da mesa.

Olhei ao redor achando Melissa na mesa dos Lisboa; ela é uma safada me deixa aqui, para ficar com o namorado dela; mas a atenção foi destinada ao homem da minha vida, pela feição franzida em raiva encarando Cecilia e Mel, as duas estavam provocando o latino, esse levantou vindo a direção a nossa mesa.

Não foi surpresa João Carlos provocá-lo, pedi tanto perdão pelo olhar, mas Martín tem um jeito cafajeste ao qual sou apaixonada e deixou o idiota constrangido.

A surpresa mesmo foi Julie tratar o latino tão bem, quase chamando-o de mexicano insuportável.

Será que é o prelúdio de algo bom?

O restante da noite foi péssimo, assistir aquelas mulheres flertando com o meu homem. Ele rejeitava todas, mas sou ciumenta e possessiva.

- Teu amante é bem-quisto! -provocou João.

- Porém a escolhida sou eu. -rebati e engoli o uísque.

As crianças ficaram em silêncio, a banda subiu ao palco, observei de modo sutil Julie, olhando com os olhinhos brilhantes. Ela se levantou, o pai segurou pelo braço.

- Onde pensa que vai, Julie?

Ela puxou o braço e com seriedade, respondeu:

- Fazer o que amo.

A garota subiu ao palco, o mexicano ainda não tinha percebido, pois estava de costas para o publico, quando o homem percebeu, sorriu sincero. Eles começaram a canção.

Eu não queria criar expectativas mais quando a menina soltou no palco.

- Mexicano insuportável. -Ela o chamou implicante, ele acenou.- Olha que mecanismo, vai se declarar para a mulher da tua vida com a tua cantora preferida!

Aquí me tienes...

Aqui me tens...

- Nosso casamento acabou, João Carlos! -exclamei séria e fui para a mesa dos a Lisboa, com Ally ao meu encalço, prestigiar o show da nossa família.