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Helena

── Que horas são? Meu celular descarregou. — Perguntei colocando os pés no painel enquanto Gabriel dirigia.

── Sem pés no painel ou você fica sem pés. — Falou encarando a estrada. ── Não sei, nega, deixa eu ver. — Falou pegando seu celular e em seguida voltando o foco para a direção. ── Três e dez da manhã.

── O que você disse? — Deitei o rosto e o encarei.

── Três e dez da manhã.

── Antes disso. — Falei e ele abriu um sorriso de canto.

── Falei que ia ver o horário, boba. — Respondeu e riu baixo. ── Que foi que tá me encarando com essa cara?

── Vamos fazer nada na minha ou na sua casa?

── Na minha. — Respondeu rápido. ── Tem um tanto de roupa sua lá já, vou até separar um canto no guarda roupa para você.

── Pior que eu já deixei um monte de roupa na sua casa mesmo, chego ter uma coleção de camiseta sua na minha.

── Fica melhor em você mesmo.

Sorri leve e desviei o olhar. Saímos da praia não tem muito enquanto Marina e Scooby continuaram por lá, ele inclusive parecia mais animado do que estava antes, até conversamos um pouco. Bom, eu também fiquei meio assim mas é impossível ficar com o astral para baixo ao lado da Mari e do Medina, principalmente, esse homem tem alma livre e de criança, isso me cativa tanto.

É o que mais me atrai nele.

Ficamos em um silêncio confortável até chegarmos na casa dele. Adentramos a sala juntos e eu senti um aperto no peito, uma sensação negativa, um pressentimento horrível e uma voz na minha cabeça dizendo para eu pular fora enquanto eu tivesse tempo. Meu coração se acelerou com o ocorrido e eu travei as pernas, tentando raciocinar.

── O que foi? — Medina se virou para mim.

O encarei e analisei seus traços, aos poucos me acalmando do susto que havia levado e tentando raciocinar o que aquilo queria dizer. Bom, eu sou totalmente conectada com a espiritualidade, então eu sei que foi um aviso mas eu não sei sobre o que, se é sobre o Gabriel, sobre onde estamos.

── Mais alguém tem a chave da sua casa?

── O Pedro. — Respondeu simples. ── Por que?

Respirei fundo novamente e concordei com a cabeça, pode ser minha mente me autosabotando também, não posso descartar a possibilidade.

── Helena, você tá pálida. O que aconteceu? Tá me assustando!

── Não, relaxa. Só pirei por um segundo! — Sorri leve. ── Cê tem religião, Gab?

── Eu não, por quê? No que você acredita? Bom, eu tenho minhas teorias que você é meio bruxa porque sua casa é cheia de incenso e pedra, para que serve aquelas pedras?

── Pedra? Tá chamando meus cristais de pedra, seu ignóbil? — Perguntei com um humor divertido enquanto subíamos para o quarto dele. ── Não sou bruxa, não tenho religião, mas eu sou muito mística.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora