Capitulo 2 - O Pequeno Astronauta

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Uma fumaça levantou quando a aeronave caiu na Lua. Levou um tempo para ela baixar de novo. A nave não apresentava grandes danos além de uns arranhões nas laterais e parte da frente.
A pequena cápsula de vidro que dava acesso a entrada da nave se abriu.

De dentro dela saiu um senhor, de aparência mais velha. Tinha a pele cinza levemente enrugada, e os bigodes que lembravam mini tentáculos estavam bem cuidados a cima da boca, já que não possuía nariz.

Ele reclamava enquanto retirava algumas pedras da lateral da nave avaliando o estrago. Balbuciava como não devia comprar a "velha lataria" de um vendedor pilantra como aquele.

Quando se movimentou para tirar uma pilha de pedras na ponta da mini nave vermelha elas deslizaram acabando por cair em cima de sua perna, deixando ele preso e também desbloqueando um palavrão do mesmo.

O astronauta caminhou até o ser que era menor que ele, com o capacete de volta a cabeça.

- " Ah que bom, uma ajuda. Pensei que iria morrer aqui !!!" - ele disse sentindo seu corpo se aliviar - " Vamos, me ajude a tirar essas pedras de cima de mim !!"

O astronauta foi até ele e começou a tirar as pedras uma por uma.

- " Sabe minha nave pifou no sistema central. Comprei ela de um malandro sacana. Sabia que não dava pra confiar em uma nave com um preço tão baixo."

O astronauta terminou de tirar as pedras e o ajudou a se levantar sem fazer muito esforço, porque o senhor era muito pequeno e leve.

-" Obrigado, se não fosse por você poderia morrer de fome aqui !! " - limpou as roupas da poeira lunar - " Ei por acaso você tem um lugar para consertar uma nave aqui ?? Não quero ser grosso, mas esse lugar é bem pequeno..."

O astronauta acenou positivamente, e fez um gesto para o senhor o seguir.

Durante o curto caminho ele contou a respeito da nave de baixo preço que encontrou quando precisava sair às pressas do seu planeta para encontrar um bolo especial que sua esposa grávida desejava. Eles já tinham 5 filhos, então essas viagens eram comuns para ele.

Chegaram na pequena casa de madeira e do lado da mesma haviam umas tábuas soltas, uma mesa cheia de engrenagens e parafusos e varias caixas espalhadas com entulhos de metal.

O astronauta se abaixou em uma caixa procurando por algo, até encontrar oque procurava.
Virou para o senhor e entregou nos seus tentáculos uma placa básica de controle da aeronave.

-" Era justamente isso !! Parece que não é a primeira vez que isso acontece por aqui !!"

O astronauta deu de ombros
O senhor olha para o ambiente. Era uma Lua escura, mas parte dela era boa iluminada pela luz que o planeta a frente emitia. A casa era pequena e parecia que podia cair aos pedaços. Parecia um lixão de metal, como uma oficina mega desorganizada.

Do lado de pilhas de metal havia uma base de construção. Uma muito mal feita, que faz você ter medo de cair se se apoiar nela.

Estava sendo usada para a construção doque parecia uma grande nave espacial. Não uma nave comum como as outras. Mas um foguete.

O senhor ficou analisando a construção, e virou para o astronauta que ainda o observava.

-" Está fazendo um foguete ?? Se pretende sair desse lugar não seria melhor uma nave mais simples ?? "

O astronauta olhou para a construção por uns momentos

-" É que eu preciso de um foguete.."

Sua voz era pesada e grossa, porém dava para perceber que esse som era por causa do capacete que abafava

O ser se assustou com a voz grossa repentina -" Oh, e você sabe construir uma..?"

O astronauta o encarou por um instante...

Ele se ajeitou e começou a tirar o capacete, movimento repentino que mais uma vez assustou o senhor.

De novo a fumaça branca se espalhou no lugar, dessa vez com menos volume, pois ficou pouco tempo com o capacete. O astronauta balançava os braços para dissipar a fumaça mais rápido.

- " Na verdade, é a minha 26º tentativa..."

O Senhor encarava seu rosto, sem emitir expressões.
-" Pensei que você fosse homem..."
-" É o capacete..."

O astronauta era uma garota, parecia jovem, mas não sabia quantos anos tinha verdadeiramente.
Tinha cabelos longos e castanhos claros, mas mantinha eles presos em um rabo de cavalo curto. A pele era clara, e seus lábios eram bonitos e macios.
Seus olhos eram de cores diferentes. O olho esquerdo era uma cor estranha, castanho quase amarelo, como mel. O olho direito era azul forte, nem tão claro nem tão escuro.

E sua voz agora sem o capacete era suave.

- " Todo mundo sempre tem a mesma reação "

O pequeno senhor se recompôs limpando a garganta.
- " Peço perdão pelo meu comportamento. É a primeira vez que vejo um..."

Ele não sabia, a roupa claramente remetia a um expedidor da Academia Galáctica, mas estava muito desgastada, sem contar que o lugar em que estavam não parecia nenhuma base de pouso.

Se estabeleceu um silêncio constrangedor no local.

A garota olhou para cima, e avistou uma nuvem de poeira vindo em direção a Lua.

-" É melhor você não partir agora. " - apontou para a fumaça cinza chegando às pressas -" É uma tempestade de poeira. Elas aparecem as vezes, vem junto de destroços pequenos do planeta a frente. Não vai conseguir voar. "

Enquanto o senhor olhava para a fumaça analisando a sua situação a astronauta se aproximou da cabana abrindo a porta e acendendo a luz fraca da mesma.

- " É melhor você entrar ... " - passou pela porta

O senhor não queria, mas quando os ventos aumentaram em seu entorno e pequenas pedras começaram a cair do céu ele seguiu a garota e fechou a porta atrás de si.

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