Capítulo Único

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Ela com seus sapatos cor-de-rosa rodopiava pela praça. Todos se encantam ao ver aquela com aparência de princesa, sua pele escura contrastando seu cabelo pintado de branco. Seu vestido rodado cheio de babados misturando branco, rosa e azul. Dançando valsa sem um parceiro, olhos fechados imaginando o momento que teria alguém ali com ela.
  Ela com suas botas altas, caminhava pela calçada. Ela não é alguém em que se presta atenção, mas a quem prestasse veria o semblante tristonho da garota. Ela não usava um vestido fofo ou tinha cabelos extravagantes. Mas não diferente dos outros, ela também parou para ver a princesa que ali havia. Andou de um jeito tão diferente do que sempre costumava andar, hipnotizada pela outra. Olhou-a de um jeito mais quente do que sempre costumava olhar. As pílulas dilataram como se a outra fosse uma espécie de droga, droga esse onde se viciava aos poucos.
   Ela abriu os olhos, mas ainda os manteve semi-cerrados. Ela viu a garota de pele clara e pálida a observando, uma garota de beleza tão complicada. Mechas longas pretas que iam até a cintura, olheiras cansadas, botas plataforma e uma mochila já gasta. A de sapatos rosa se perguntou como seria a voz da outra. Ela não se intimidou, rodopiou até a morena, surpreendendo-a com isso.

  — Olá? — Perguntou a menina com olheiras

  — Gostaria de dançar?

  — Ahn? Espera! — A menor não deixou a garota de cabelos longos terminar de falar, a puxou pelo braço para o centro da pracinha florida daquela pequena cidade.
 
  — Tu tens um rosto tão lindo! Gente assim não devia' ter essa expressão. — Ela gargalhou mostrando seus dentinhos separados. Ela juntou suas mãos e então dançaram uma mistura de valsa com frevo, animado como sua origem, mas romântico como seu coração.

  A vermelhidão no rosto da de botas se fez presente em todos os momentos. Segurar a mão daquela garota estava fazendo seu corpo suar frio, braços arrepiados e boca seca. Isso sem falar do tambor dentro do peito, imaginava que em qualquer momento seu coração iria pular para fora.
  A platinada não estava muito diferente, sua personalidade animada e aconchegante não a impedia de se sentir nervosa. Ela rodou e rodou sem parar e sua saia não parava de dançar junto a ela, não tinha música ali, mas ela continuava dançando e cantarolando sem parar.
  De alguma forma, parecia que o mundo estava lá só para vê-las. Vizinhos abrindo suas janelas e casais de idosos parando pra assistir. E então sim, elas se consideravam protagonistas de seu próprio mundo.

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⏰ Última atualização: Sep 02 ⏰

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