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Gabi View
Eu precisava de ar. Eu já devo ter bebido algumas cervejas, perdi a conta. O clima estava fresco, e eu agradeci por ter uma blusa comigo; a música foi ficando cada vez mais baixa, até eu não conseguir reconhecer quem cantava mais e começar a ouvir as ondas. Depois das quadras, o mar sempre foi meu lugar preferido, seu cheiro e o barulho me acalmam. Me deito em uma toalha que peguei em um armário e olho pro céu, tentando achar a calmaria.

Rebeca View

Faz um tempo que não vejo mais seus olhares em mim e me incomodo. Onde ela está?
Ando em direção a saída procurando por ela e não encontro. Será que ela foi pro quarto e não avisou pra ninguém? Acho que não, ela teria avisado. Talvez ela esteja muito bebada e se perdeu?
Avisto o mar na minha frente, sinto o vento jogando meu cabelo pra trás e a vejo no meio da areia.
Meu Deus, será que ela desmaiou ali? Tiro meus saltos e corro até sua direção.
- Caralho, que susto - Ela levanta rápido com a mão no peito.
- Que porra você tá fazendo aqui? Achei que você tinha morrido, sei lá - Falo ofegante.
- Que drama - Ela deita de volta e eu a encaro.
- Vai ficar me olhando ou vai deitar também? - Ela pergunta.
- Você é insuportável, sabia? - Jogo meu sapato na areia e me sento ao seu lado, me encolhendo de frio e me arrependendo de ter vindo com esse vestido minúsculo.
- Toma - Ela tira sua blusa e estende na minha direção.
- Não precisa, você também tá com frio - Falo
- Coloca o casaco, Rebeca - Ela me olha de uma forma que eu nunca vi e coloco o casaco em silêncio.
Cheiro fodidamente bom.
- Pela primeira vez você não fica mais bonita com uma roupa minha - Ela fala encarando minhas pernas despidas e eu arrepio.
- Já te falei o que eu acho - Falo olhando pra nossa frente
- E eu já te falei que só acredito vendo - Ela fala baixinho
Me apoio no cotovelo e me viro pra ela.
- Você só promete as coisas e não cumpre - Falo a encarando por cima e, Meu Deus, eu juro que essa blusa está mais aberta do que antes.
- Você é ridícula - Ela fala desviando o olhar.
- Você acha? - Sinto meu vestido subindo mais, mas não me importo porque ouço seu suspiro encarando minhas pernas.
- Seu vestido é ridículo - Ela me olha com um olhar de quem poderia me matar agora
- Tira ele, então - Acho que eu deveria calar a boca, mas o álcool não deixa.
Ela levanta um pouco a cabeça, se apoia no cotovelo e me empurra na toalha.
- Se eu pudesse, eu tiraria essa merda agora; você não sabe o que eu penso quando eu te olho dentro disso.
Sinto minha garganta seca e meu sangue ferver ao ver ela se aproximando do meu rosto.
- Se voce me contasse talvez eu saberia. - Falo baixo e a vejo trincar a mandíbula, antes de levantar e me deixar deitada e sozinha.
Desgraçada.

O Documentário | Au RebiOnde histórias criam vida. Descubra agora