Pov’ Pedro
🗺 Florença, Itália
📍Grand Hotel Baglioni
⏰ 5 de julho; Terceiro dia de viagem☆
Me sinto perdido e confuso. Na verdade me sinto, azarado, muito azarado. Acho que eu não deveria ter feito aquilo, muito menos por mensagem, mas eu acreditei que ficaríamos um tempo separados para pensarmos nas coisas direito, sem ter os olhos brilhantes dele atrapalhando minha mente.
Mas não foi assim, no instante que me afastei o universo nos reuniu novamente, como se precisássemos disso. Para mim faz sentido, ou eu quero que faça sentido. Quero muito, muito mesmo.
E eu nem contei a ele uma decisão muito importante que eu tomei, não sei nem por onde começar a contar a verdade.Me encontro na área da piscina sentado em uma cadeira, estou de óculos escuros e trajes de banho, pegando sol, quando, de repente, uma sombra se faz chamando minha atenção, a sombra era ele, meu ex-namorado.
Ele parece nervoso, muito nervoso.- Oi João - digo de maneira áspera e me levanto da cadeira onde estava deitado e agora me encontro sentado na mesma.
- E aí? Tudo bem? - ele pergunta meio desajeitado tentando jogar conversa fora.
- Cê quer alguma coisa? - pergunto tentando soar o mais educado possível, percebendo seu nervosismo.
- É que… - João começa a dizer visivelmente nervoso. Ele respira fundo, pigarreia e volta a falar - Eu quero… Eu preciso conversar com você, Pepê.
Ouvir esse apelido mais uma vez me incomoda, na alma, ainda mais proferido por ele. Meus cabelos se arrepiam e um amargo se faz em minha boca, é uma sensação estranha. E ele quer conversar comigo, mas eu não sei se estamos prontos ou se é o momento certo. Transformo alguns de meus pensamentos em palavras.
- João… acho melhor a gente esperar chegar no Brasil para conversarmos direito, vamos aproveitar nossas viagens separados e … - ele me interrompe no instante em que disse essa palavra, “separado”, não acho que ele goste dela. Na verdade, nem eu, mas a vida não é tão simples assim…
- Não!! Olha… eu..eu tenho uma proposta. - ele finalmente diz e levanta seu olhar para o meu, e o para ali, esperando alguma reação da minha parte.
- Proposta? - o indago surpreso e confuso.
- Uma última semana juntos, em um país que ninguém nos conhece, onde podemos fazer o que quiser que ninguém vai se importar.. Parece destino a gente ter se esbarrado de novo, sabe?
- Como assim? Tipo uma última noite? - rio com a ironia do encontro da arte com a realidade. Já que, meus personagens tiveram uma última noite, mas não terminou muito bem para eles, pelo menos não até onde eu escrevi.
- Acho que sim, mas nós teríamos um pouco mais de tempo, até o fim da viagem, se quiser pode ir a Milão comigo e eu vou com você aonde você for, se quiser claro.
Me sinto mais confuso do que jamais estive, talvez seja uma boa ideia ter um tempo final para que fiquemos juntos, acredito que nós dois já entendemos que tudo que começa acaba. Assim como nosso relacionamento, mas já nosso amor… acho que ele nunca chegará ao fim.
Digo a ele que irei pensar na sua proposta e ele sai do ambiente com um certo semblante que transmite duas sensações momentâneas: uma realização por ter finalmente dito o que, conhecendo ele como eu conheço, o estava aflitando há algum tempo, mas também transparece uma tristeza pela possibilidade que nossos sonhos tenham morrido naquela noite de filmes, e nosso tempo juntos tenha chegado ao fim.
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O amor não se esconde
Romansaonde Pedro é um professor de teatro que dá aula para a filha de um cantor famoso ou onde jão se apaixona pelo professor de teatro da sua filha