• chapter four

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Pouco antes, Alice havia dito que aquilo era um piano, um tipo de instrumento que nunca tinha visto antes

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Pouco antes, Alice havia dito que aquilo era um piano, um tipo de instrumento que nunca tinha visto antes. Agora que estava sozinha, seus dedos deslizavam hesitantes sobre as teclas, explorando com cuidado a superfície fria e lisa. Não sabia como tocar, e cada nota que emergia soava excessivamente alta para seus ouvidos, que estavam acostumados às melodias mais suaves de sua flauta. O que era uma ironia, já que o som dos gritos da guerra também eram familiares a ela.

Mas a música? Bem, amava música. Desde criança, as notas eram seu refúgio, seu consolo. Lembrava-se vividamente de um dia distante, quando era apenas uma menina. Estava escondida atrás de uma árvore no alto de um penhasco, ouvindo seu pai tocar uma melodia em sua flauta. Era uma música tão linda, tão intensa, que sem que ela entendesse o porquê, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto infantil. A pureza daquelas notas parecia falar diretamente com seu coração, despertando nela uma emoção profunda e inexplicável.

O rei de Newforks, ao notar sua pequena filha espiando-o, sentiu seu coração se aquecer. Ele sabia que sua filha era uma alma sensível, mesmo com toda a coragem e energia que ela demonstrava. Sua Bel era uma malandrinha, sempre escalando árvores, caçando como um garoto, e cavalgando destemidamente pelos arredores do castelo. Mas, sob essa fachada intrépida, era tão delicada quanto as pétalas de uma flor recém-desabrochada.

Naquela mesma noite, ele decidiu talhar uma flauta para ela. Usou carvalho branco, o material mais nobre que tinha, e quando terminou, entregou-lhe o presente com um sorriso orgulhoso. Seu pai a ensinou tudo o que sabia sobre música, compartilhando com ela sua paixão, e desde então, Isabel tocava sempre que precisava acalmar sua mente exausta. Já adulta, não tocava para os outros, mas para si mesma, nas horas silenciosas da noite na varanda de sua câmara de dormir. Era a forma de colocar a rainha Swan para descansar e trazer de volta a pequena princesa de seu pai.

Agora, naquele novo mundo, sua flauta não estava ali. E ela precisava desesperadamente de algo para acalmar seu espírito agitado. Seus dedos tentavam em vão extrair uma melodia reconfortante daquele instrumento estranho, mas os sons dissonantes que saíam apenas a irritavam, aumentando ainda mais sua angústia. Frustrada, bufou e estava prestes a tentar novamente quando um som suave, quase imperceptível, sussurrou em seu ouvido.

Isa congelou. O que era aquilo? Parecia chamar seu nome.

Isa... Isa...

Aquela voz era da...

Isabella!

Isabella!! A voz era dela, de Elizabeth. A intensidade do reconhecimento fez Isabel quase derrubar o banquinho do piano ao se levantar bruscamente. Era impossível. Como poderia ser? A voz vinha de fora, como um eco distante, fazendo-a correr até a grande janela de vidro, tentando enxergar algo além das árvores que balançavam serenamente com o vento.

Era a voz de sua irmã, disso tinha certeza. Embora estivesse diferente, havia algo inconfundível naquele chamado. Isabel pressionou a testa contra o vidro, seus olhos buscando desesperadamente por uma presença, por qualquer coisa que confirmasse o que seus ouvidos diziam. Mas lá fora, havia apenas as árvores, silenciosas e indiferentes, como se zombassem dela.

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⏰ Última atualização: Sep 04 ⏰

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