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Passei muitas horas sentada na beira do precipício, balançando as pernas para frente e para trás, tentando camuflar o tédio com esse simples movimento.

Nada fora do comum aconteceu, e isso é bom. Mas, de um jeito ou de outro, decidi descer a montanha, e perambular perto da barreira, e consecutivamente, perto da vila também.

Bocejo uma vez, mas paro abruptamente, quando ouço o som de pisadas pesadas por perto, na mesma intensidade em que os arbustos balançam e folhas secas são esmagadas floresta a dentro.

Me viro, observando o lugar e, sem pensar muito, me enfio dentro da floresta, atravessando o escudo.

Olho para trás, só para ter certeza que de tudo está ok em Imperia, e então, dou alguns passos em direção ao barulho.

Alguns minutos depois, e alguns passos de distância, estou de frente a uma árvore, com as raízes sujas de vários arbustos, onde se esconde o que tanto me observa.

Saco a espada das costas, e quando estou prestes a atacar o monte de galhos e folhas, vejo uma pequena orelha marrom balançando.

Recuo a espada levemente, e o animal se mostra para mim.

Um cervo.

Mas não qualquer cervo. Ele é estranho, com o pelo faltando em algumas partes do seu corpo. Os olhos esbugalhados para fora, quase que caindo de sua face.

Franzo o cenho, e torço o nariz, sentindo um forte odor de podridão invadir minhas narinas.

O cervo ainda está parado, me olhando, e eu recuo ainda mais.

Abro a boca, e fecho novamente, sem saber exatamente o que dizer.

-Que porra é essa -Murmuro para eu mesma, olhando de canto, a aberração diante de mim.

O cervo abre a boca, produz um som estranho, gutural, parecendo algum tipo de tentativa de comunicação fracassada.

Nos encaramos pelo o que pareceu, uma eternidade de estranheza e desconfianças.

Aquela coisa estranha da um passo em minha direção, livrando ainda mais o enorme corpo, que se escondia ainda, em um pedaço do arbusto.

Aperto ainda mais forte a minha espada. Se esse ser tentar alguma coisa ainda mais bizarra do que existir, eu arranco a cabeça dele fora.

Mas ele apenas continua parado, me analisando com aqueles olhos esbugalhados, como se tentasse me decifrar.

Enfio a espada em seu pescoço, e sua cabeça rola pelos meus pés. O corpo ainda se mantém de pé por meio segundo, antes das patas dianteiras fraquejarem, derrubando o corpo inteiro logo em seguida.

Quando realizo esse tipo de golpe, o sangue costuma espirrar para todo o lado. Mas isso, não derramou nem sequer uma gota.

Chuto a cabeça decepada, deixando a parte dilacerada exposta para mim.

Me abaixo, enfiando uma faca de bolso na carne escura e seca do cervo, estranhando tal comportamento.

Eu literalmente acabei de matar esse troço,e a carne é escura, seca e fedorenta, como se já tivesse morto a muito tempo.

Me levanto com repugnância. O cheiro é tão forte, que quase me dá ânsia de vômito.

Me afasto, voltando para Imperia. Definitivamente, nada nessa floresta é normal. Tudo é corrompido pelo maligno.

Deve ser quase cinco da manhã, quando todas as luzes já estão de pé. O sol começa a aparecer timidamente no horizonte, e já estamos prontos para descer a montanha e procurar por Caleb.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora