Entender

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  Os dois dormiam junto às vezes e naquela noite não foi diferente. O ruivo estava em sua cama abraçado com Kageyama, sem blusa e completamente relaxado. Ele adorava o calor do corpo de Tobio e ouvir o ronco baixo dele. Sempre dormia como um bebê. Mas Kageyama não dormia tão bem assim. O moreno sempre acordava de hora em hora, morrendo de calor e com dores no corpo. Hinata queria abraçá-lo a noite toda, o que o sufocava, porém Kageyama não conseguia escapar. O ruivo podia ser pequeno e fofo, só que era tão forte e pesado dormindo, parecia outra pessoa.

  O moreno se mexeu, um pouco incomodado e tentou levantar, mas Hinata estava quase em cima de seu corpo. O ruivinho estava sem camisa, o que deixava Kageyama muito envergonhado. Ele cutucou Hinata que nem dava sinal de vida. Kageyama suspirou, tentando não pensar muito na sensação da pele quente de Hinata contra a sua. Ele estava suando, e o calor não ajudava em nada. Mesmo assim, o moreno não conseguia deixar de sentir uma pontada de culpa ao tentar se desvencilhar. Sabia que Hinata se sentia seguro e confortável quando estavam juntos, e por mais que fosse difícil para ele dormir assim, Kageyama não queria afastá-lo.

— Shōyō... – Kageyama sussurrou, cutucando o ruivo novamente, mas sem sucesso.

Hinata apenas murmurou algo incompreensível e se aconchegou ainda mais contra o corpo de Kageyama, o que fez o moreno revirar os olhos, embora não conseguisse evitar um pequeno sorriso. Não era sempre que alguém queria estar tão perto dele, e apesar do desconforto, havia algo reconfortante em saber que era importante para o ruivo.

— Você é insuportável... – Kageyama murmurou para si mesmo, resignado, enquanto tentava se acomodar de novo na cama.

Ele ficou ali, imóvel, olhando para o teto, enquanto Hinata continuava dormindo profundamente, como se nada pudesse perturbá-lo. Por mais que estivesse exausto, Kageyama sentiu seu coração se aquecer um pouco. Estar ao lado de Hinata, mesmo com todas as dificuldades, fazia tudo parecer mais suportável. Mesmo que ele não conseguisse dormir direito, sabia que a presença de Hinata fazia seus dias valerem a pena. Com um último suspiro, Kageyama fechou os olhos, aceitando o fato de que provavelmente não dormiria muito naquela noite. Mas, no fundo, ele sabia que valia a pena. Porque, por mais desconfortável que fosse, ele não trocaria aquele momento por nada. Afinal, estar com Hinata fazia tudo parecer um pouco menos solitário. Finalmente, ele conseguiu se ajeitar o suficiente para descansar um pouco, deixando que o som da respiração tranquila de Hinata o embalasse até pegar no sono, mesmo que apenas por algumas horas.

O ruivo acordou antes de todos, como de costume, e se deparou com Kageyama. Ele estava com o rosto franzido, parecia imerso em um pesadelo sem fim. Hinata balançou o moreno, tentando acordá-lo, mas não conseguiu. A expressão de medo no rosto de Tobio machucava o coração de Shōyō. Ele odiava vê-lo com aquela carinha triste e assustada. Um pequeno biquinho se formou nos lábios de Kageyama e, instantaneamente, Hinata deu um beijo. Quando se aproximou, o cheiro doce do moreno entrou no nariz de Shōyō, fazendo-o sorrir.

— Ah, você é tão lindinho. – Hinata riu baixo e se aconchegou nos braços de Kageyama.

  Enquanto se aconchegava nos braços de Kageyama, Hinata sentiu o corpo do moreno relaxar um pouco. O pesadelo que parecia torturá-lo começou a se dissipar, dando lugar a uma expressão mais tranquila. Shōyō continuou observando o rosto adormecido de Kageyama, seu coração se aquecendo com a visão. Ele adorava aqueles momentos de paz entre os dois, onde não havia espaço para preocupações ou inseguranças. "Meu Deus, como eu gosto de você." Hinata pensou. Queria tanto beijar Kageyama o dia inteiro, só que isso seria grudento demais e o moreno odiava. Ele era reservado, quando conseguia até era mais carinhoso, mas passava o tempo todo sozinho.

  Hinata ficou ali, em silêncio, apreciando a calmaria. A respiração de Kageyama voltou ao ritmo normal, e ele parecia mais sereno agora. Shōyō não podia deixar de se perguntar o que estava passando pela cabeça do moreno, o que poderia estar causando aqueles pesadelos. Ele queria tanto poder protegê-lo de qualquer coisa que o estivesse perturbando, mas sabia que Kageyama era uma pessoa fechada, que preferia lidar com seus problemas sozinho. Queria entender o comportamento dele.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora