Strong - Novas Espécies

Capítulo Cinco.

Selene não sabia o porquê, mas ver o grande canino trêmulo de frio e murmurando seu nome lhe causava angústia e dor. A mulher se aproximou da cama e tocou as mechas castanhas de Strong, seu cabelo estava úmido pelo suor.

- Strong.- Sentiu uma enorme mão cobrir a sua.

O macho abriu os olhos aos poucos, seu olhar parecia distante e sombrio. Retirando a mão da de Selene, Strong coçou os olhos se perguntando se na sua frente havia a miragem da fisioterapeuta.

- Não sabia que estava sonhando ainda com você. - Murmurou cansado. Ele fez um esforço falho ao tentar sentar na cama, seus músculos pareciam gelatinas. - Eu me sinto tão fraco. - Sua voz estava mais rouca do que o comum.

- Strong. - Juntando suas forças, Selene tentou ajudar o macho a se sentar. - Sou eu, a Selene. - O olhou com olhos culpados, não compreendia ainda os motivos que levaram o nova espécie adoecer e clamar seu nome a noite.

- Você está falando a verdade? -

- É claro, eu estou aqui. - Selene retirava alguns materias da bolsa, mas encarou o macho percebendo que ele estava incrédulo ainda. - Olhe só. -

Para faze-lo acreditar, a jovem apertou gentilmente o braço de Strong. Como não possuíam uma relação próxima, Selene não queria deixar o macho desconfortável, mas só o tocando poderia prová-lo que estava de carne e osso em seu quarto.

- Você está aqui mesmo? - Strong tocou a mão repousada em seu braço, ela ainda dava leves apertos nele.

Pegando a jovem de surpresa, Strong a abraçou com força e esquecendo da fragilidade humana de Selene. O macho se sentia subtamente aliviado, mas ainda desesperado para sentir cada vez mais a fêmea... a sua fêmea. Ele cheirou os cabelos negros da mulher, precisava sentir e gravar novamente aquele cheiro cítrico em suas memórias, antes de o perder novamente. No fundo, ele temia que Selene fosse realmente embora de Homeland, mas só naquela noite ele percebeu o quanto Selene era importante e preciosa para si.

- Sim. - Suspirou. - Strong, você está me apertando muito, por favor... - Se ferido e doente o homem já era forte, Selene não queria nem pensar como ele seria em sua forma plena e saudável.

- Me desculpe, fêmea. - A soltou, mas no mesmo estante se arrependeu disso e sentiu saudades do contato com ela.

- Tudo bem, Strong. - Ela disse. - Mas, eu gostaria de saber o que houve com você enquanto estive fora. -

- Você realmente foi embora de Homeland, fêmea? - Seu olhos castanhos repousaram em suas próprias mãos, o macho parecia incomodado.

- Embora? Não, eu estava na habitação que Justice designou para mim. Eu nunca fui embora de Homeland, a não ser quando você melhorar. - Selene ainda se sentia confusa, antes pensava que o macho se sentiria feliz com a sua partida.

- Espero nunca melhorar, então. - O macho murmurou, mas Selene foi capaz de escutar. Ela tentou disfarçar o sorriso.

- Por que? -

- Por quê o que? - O macho sentiu suas bochechas esquentarem, ele levou a mão até o rosto... eu corei? se perguntou surpreso.

- Por que disse isso? Você não quer ficar bom? - Ela perguntou. Selene colocou a mão para checar se a febre do macho persistia e, para surpresa, a quentura havia passado. - Você está muito melhor agora. Mas me responda. - Insistiu.

- Eu não quero que você vá. - Sua resposta saiu entredentes, como se fosse difícil pronunciar aquelas palavras.

- Só ficarei aqui até quando o contrato com Justice permanecer. -

- Entendi, doutora. - Por dentro o macho calculava planos para fazer a fêmea ficar. Talvez torna-se um macho mais calmo ou bonito a convenceria a ficar, certo?

Apesar da febre ter aparentemente passado, Selene examinou Strong como protocolo médico. Para ela, o macho nunca esteve tão bem. Porém, ainda se perguntava o porquê do mal estar repentino dele.

- Por que você pensou que eu estava indo embora, Strong? ‐ Ah, como era bom escutar seu nome saindo da boca daquela fêmea.

- Você não apareceu o dia inteiro, pensei que tinha desistido. - Respondeu.

Para evitar certo constrangimento de Strong, a jovem segurou um riso que tentava escapar.

- Mas hoje é sábado, eu só venho aqui de segunda a sexta. Enfim, eu não sabia que precisava de mim aos sábados também. - Respondeu.

- É sábado? - Novamente sentiu sua face corar. Meu deus, como era um macho burro, ele pensou.

- É claro, é final de semana. Eu estava em casa quando fui solicitada por Flame. -

- Depois do acidente eu perdi noção do tempo, me desculpa. Eu pensei que havia desistido, como as outras. - Suspirou. - Só me perdoe por isso. -

Selene se sentia culpada por se sentir feliz ao perceber como o macho estava sendo educado, mesmo que em uma situação delicada.

- Tudo bem, Strong. - Sorriu. - Já que estou aqui, posso lhe fazer companhia. O que acha? - Selene encontrou naquela noite uma chance de se aproximar do paciente.

- É claro, fêmea. Vêm, fica aqui. - Strong tentava encontrar uma oportunidade de se aproximar da fêmea. O macho apontou para o espaço vazio da cama, assim ela se sentaria ao seu lado.

Selene se sentou e foi rodeada por um súbito calor, parece que o tempo estava esquentado e amanhã faria sol...

- Podemos fazer muitas coisas hoje, não acha? - Ela disse, mas logo percebeu o certo duplo sentido de suas palavras. Ela pigarreou. - Quer dizer, podemos nos conhecer melhor ou ver um filme. -

O macho sorriu e se encantou com a sua afobação.

- É claro, desde que não saia do meu lado. - Sorriu.

Os dois passaram a noite assistindo o clássico live action "A bela e a fera". Muitas vezes Strong se viu no príncipe Adam, pois muitas vezes tentava ser doce com a sua Bela, mas seu jeito bruto o impedia. A noite deles foi regada com mais filmes e com a tentativa frustrada de Selene fazer pipoca amanteigada. No fim de tudo, Selene não percebeu quando caiu no sono e foi ajeitada na cama pelo macho, ele a cobriu com sua grossa coberta e a abraçou.

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Um curto capítulo apenas para matar as saudades, espero que gostem!!!