MY GIRL

Empty Crib

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Já se passaram 30 minutos desde que falei com Yelena. Ela disse que estaria aqui em 20 minutos, mas, na verdade, ela sempre chega em 15. A pontualidade é uma das características mais marcantes de Yelena, ela nunca se atrasa para nada. Desde que a conheci, nunca a vi falhar em cumprir um compromisso, especialmente quando se trata de estar conosco. O atraso dela não é apenas incomum, é algo muito fora da normalidade.

Eu tinha planejado fazer uma surpresa e descer com Anya para recebê-la. Yelena sempre adorou quando fazíamos isso, era um gesto simples, mas significativo, que a fazia sorrir todas as vezes como se ela estivesse sempre nos vendo pela primeira vez. Porém, à medida que o tempo passava e ela não aparecia, uma sensação de que algo estava errado começou a tomar conta de mim e eu não conseguia ignorar essa sensação. Nada nesse atraso fazia sentido, tudo parecia fora do lugar.

Eu comecei a andar de um lado para o outro no saguão do prédio, tentando em vão me acalmar. O atraso dela não era só inesperado, era alarmante. A farmácia fica na esquina, a poucos minutos daqui, não havia razão lógica para ela demorar tanto. Cada minuto que passava sem notícias aumentava minha ansiedade, meu coração acelerava e minha mente começava a considerar as possibilidades mais diversas.

Eu decidi ligar para ela, mas a primeira chamada foi ignorada, o que não era típico dela. A segunda chamada também não foi atendida, o que fez minha preocupação crescer ainda mais. Na terceira tentativa, finalmente Yelena atendeu.

"Por que você está demorando?" perguntei, a preocupação evidente na minha voz, incapaz de esconder a curiosidade e a inquietação que cresciam dentro de mim.

"É que... ela... eu... eu estou na farmácia... aconteceu um pequeno acidente..." A voz de Yelena saiu hesitante, entrecortada por nervosismo. Cada palavra parecia arrastada, como se estivesse lutando contra o próprio medo para falar. Eu não esperei mais um segundo antes de desligar o telefone e, sem pensar duas vezes, comecei a caminhar rapidamente até a farmácia, carregando Anya nos braços. Anya, curiosa como sempre, observava tudo ao redor com seus olhos atentos, absorvendo o movimento da rua, as luzes dos carros, como se o mundo ao nosso redor fosse um novo mistério a ser desvendado, isso era comum agora a cada nova descoberta dela.

Assim que entrei na farmácia, a ansiedade apertou meu peito. O que quer que tivesse acontecido, a voz de Yelena me alertou de que não era algo simples. Ela estava assustada, e isso era mais do que suficiente para me preocupar.

"Doutora?" Eu chamei assim que abri as portas, minha voz firme, mas cheia de uma tensão contida fez Anya se contorcer em meu colo e eu a acalmei. Em segundos, Yelena apareceu à minha frente. Um sorriso de alívio brotou no meu rosto ao vê-la, mas foi um alívio que não durou muito. Quando ela tocou a mãozinha de Anya, eu notei de relance algo que fez meu coração parar por um instante: o braço de Yelena estava roxo e inchado, inchado demais. A expressão no rosto dela não era de alívio como sempre que ela nos via, mas de uma angústia que ela mal conseguiu disfarçar. Ela parecia extremamente agitada, os olhos marejados, nervosos olhando constantemente por cima do meu ombro, como se estivesse se escondendo de alguém me disseram que minha desconfiança estava certa, aconteceu algo e não foi algo simples.