Jisung passou a ocupar um lugar curioso e simbólico na vida de Minho, guardado em seu telefone sob o nome de "Dália". Era um apelido que trazia consigo um peso sutil, uma lembrança constante de quem ele realmente era: um dos garotos do RED, intenso e cheio de nuances, como a flor carmesim que simbolizava tanto paixão quanto perigo. Cada vez que Minho deslizava os dedos pela tela, hesitando antes de apertar o nome, o simbolismo da dália o atravessava. Era um aviso silencioso de que, ao outro lado da linha, não estava apenas Jisung, mas o perigo velado de suas próprias escolhas.
E ainda assim, Minho ligava. Muitas vezes.
As respostas sempre vinham rápidas — bastavam dois toques, e a voz suave (e formal) soava do outro lado da linha com um breve "Oi, pode falar." Não importava onde estivesse, Minho sempre respondia com um simples "Livre?" e, em resposta, Jisung murmurava um horário e um lugar, de forma curta, rápida e quase fria, apenas para que pudessem acertar os detalhes antes que qualquer terceiro percebesse.
Minho tinha tanto a perder quanto Jisung, mas carregava também o fardo da liderança sobre seus ombros. Ele sabia que um único passo em falso não só o condenaria, mas arrastaria seus meninos consigo, por mais cruel que isso fosse. No entanto, Jisung era cauteloso de uma maneira que Minho desejava ser, mas simplesmente não conseguia — não quando se tratava das noites que passavam juntos, quando a razão era facilmente ofuscada pelo desejo.
A maioria de seus encontros — se é que poderia chamar assim — acontecia em seu apartamento studio. Um refúgio onde o tempo parava, uma vez por semana, talvez duas, se os compromissos e as pausas se alinhassem como uma dança de sorte. Eram encontros silenciosos, mas carregados de uma tensão que explodia no ar assim que Jisung cruzava a porta. Em dois meses desse jogo silencioso, Minho começou a ver o rastro de Jisung em cada canto do apartamento.
No terceiro mês, Minho já estava completamente convencido de que até as paredes haviam absorvido a presença de Jisung. Cada canto da casa parecia impregnado pelo aroma suave de lavanda que ele sempre trazia consigo. Esse perfume, antes sutil e passageiro, agora parecia uma parte inseparável do espaço, como se Jisung tivesse enraizado sua essência ali, em cada cômodo, em cada superfície. Minho podia sentir o cheiro mesmo quando ele não estava, e essa fragrância o envolvia de maneira quase sufocante, tornando impossível esquecer o mais novo.
O perfume de lavanda não era apenas uma lembrança olfativa; era a presença constante de Jisung, mesmo em sua ausência, uma sensação que mexia com os sentidos de Minho. Havia algo provocante na forma como aquele aroma parecia entrelaçar-se à própria alma de sua casa, uma intimidade silenciosa que o fazia estremecer. Era como se Jisung estivesse sempre ali, tocando-o de forma invisível, com aquela energia que deixava marcas invisíveis, mas profundas.
E assim, noite após noite, Minho começou a perder o sono, afundando-se cada vez mais na lembrança daquele toque, daquela presença. Ele sabia que estava entrando em um ciclo sem retorno, onde o desejo já não bastava — ele queria mais, precisava de mais.
— Porra, Minho Hyung... Você está bem? — a voz de Seungmin, normalmente calma, soou inesperadamente carregada de preocupação, algo raro de presenciar. O olhar assustado do mais novo refletia o choque diante da cena: Minho, distraído em seus pensamentos, havia perdido o equilíbrio e caído da bicicleta, sentindo o calor do asfalto contra sua pele enquanto a bicicleta tombava desajeitadamente sobre ele.
Minho, ainda no chão, hesitou ao tentar responder à pergunta. A verdade é que ele não gostava de mentir para nenhum dos seus meninos; eles tinham uma promessa silenciosa de honestidade entre si. Mas, naquele momento, ele sabia que não estava bem. E isso ia muito além dos arranhões nos joelhos e das mãos raladas. Era a confusão em seu coração, o caos que Jisung causava em sua mente e a dor sufocante no peito ao perceber o quanto o mais novo importava em sua vida. Essa dor interna, essa ferida invisível, era mais difícil de suportar do que qualquer ferimento físico.
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CARMESIM • minsung
Fiksi PenggemarMinho e Jisung são ícones rivais na indústria do entretenimento, protagonistas de uma competição acirrada que alavanca as ações de suas respectivas empresas. Suas carreiras são orquestradas para sempre cruzarem caminhos, mantendo uma rivalidade públ...