Lucerys estava em um mundo de dor. Em algum momento, ele perdeu qualquer senso de tempo e espaço que ele já teve, e se viu mergulhado em um mundo de agonia.
Seu corpo inteiro doía como o inferno, e abençoados eram os momentos em que ele sentia um líquido amargo como fel sendo forçado entre seus lábios, pois era seguido por uma dormência que nublava a mente e o corpo, dando-lhe um descanso feliz após a dor agonizante.
Às vezes ele sabia que estava sonhando, outras vezes não tinha tanta certeza. Como quando seu pai há muito morto, Laenor, apareceu ao seu lado cavalgando em um prado perto do mar, ele estava ciente de que não era real, porque a doce atmosfera do sonho não podia ser replicada na vida real. No entanto, quando ele acordou em agonia, seu corpo queimando de dor e tremendo ao mesmo tempo, e Daemon, o novo marido de sua mãe, estava ao seu lado, Lucerys não sabia se de fato isso estava acontecendo, pois mesmo que a mão que tocou sua testa fosse sólida o suficiente para que ele pudesse agarrá-la se tivesse força para isso, Daemon não era o tipo de pessoa que se sentava ao lado da cama de alguém.
Depois dessa estranha visão de seu padrasto, Lucerys lentamente começou a entender melhor sua realidade, como a cama em que estava deitado, as mãos carinhosas do velho Meistre que lhe deu um remédio amargo e disse que ele ficaria bem agora, que o pior já havia passado.
Então ele de fato acordou quando o Meistre, com a ajuda de um servo, terminou de amarrar sua perna direita, e os últimos acontecimentos de sua mente consciente retornaram a ele.
Lucerys lembrou-se de estar em Ponta Tempestade e não conseguiu obter o apoio de Borros Baratheon para sua mãe. Ele se lembrou de como o tio Aemond, que estava em Ponta Tempestade, o perseguiu em uma tempestade enquanto Lucerys cavalgava para longe, seu fiel cavalo Arrax incapaz de superar o enorme cavalo de guerra de seu tio - Vhagar. Ele se lembrou de como ele foi arrastado, amarrado e amordaçado sob um capuz escuro, para Porto Real, onde uma bruxa trazida das Terras Fluviais disse algo sobre um teste... e então para a floresta, onde ele teve que correr e correr e correr, porque seu tio louco estava atrás dele...
Ele não sabia por que o mantinham vivo depois que tentaram matá-lo na floresta, mas ele não seria torturado novamente por essas feras que ele uma vez pensou serem parte da família. Víboras, elas realmente eram. É por isso que a cor verde as definia tão bem: eram cobras venenosas.
O Meistre que havia terminado de cuidar da perna de Lucerys também verificou as bandagens em seu ombro. A expressão do velho era de satisfação.
"Logo Vossa Alteza estará bem, meu príncipe. Não há mais razão para mantê-lo sedado."
Lucerys, quando o Meistre e o servo começaram a se retirar, agarrou a mão do velho com sua mão boa, pois sua esquerda estava envolta em bandagens da flecha que havia sido disparada contra ele e o havia atingido no ombro.
"Por favor, me ajude. Você já serviu minha mãe, a Rainha Rhaenyra. Aegon não é o rei legítimo. Por favor..."
O Meistre forçou Lucerys a se deitar novamente - o que não foi uma tarefa difícil, pois ele ainda estava relativamente tonto depois de ter tomado o que ele imaginou serem alguns galões de leite de papoula para deixá-lo inconsciente por um tempo - e se livrou dele.
"Descanse agora, meu príncipe". O homem ignorou seus apelos. Saindo com o servo sem dizer mais nada.
Lucerys se sentia fraco, estava com fome, estava com sede (ele amaldiçoou o Meistre por não lhe dar um pouco de água) e, acima de tudo, sentia-se quebrado, física e emocionalmente. Ele olhou para sua perna direita, que era um grande caroço preso em uma camada grossa de faixas firmemente enroladas para imobilizar a perna logo acima do joelho, apenas as pontas dos dedos estavam para fora. Ele se perguntou em quantos lugares ele havia quebrado ossos ali. Sua mão esquerda era inútil, enfaixada contra seu peito para manter seu ombro parado sob a camisa grande que quase alcançava seus joelhos enquanto ele tentava se levantar com equilíbrio precário.
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Run (don't let me get you)
RandomCapturado, Lucerys deve sobreviver como refém dos verdes. Sua sorte parece tê-lo abandonado quando ele é caçado como um animal e arrastado de volta para as mãos de seus captores. (Esta história não me pertence,ela é da escritora/o,SarahChagalVonKrol...