Satoru Gojo
Lentamente, Zenin puxa o capuz para trás, revelando seu rosto inteiro. A iluminação laranja das chamas dança ao redor de sua
face, lhe dando um aspecto imponente fajuto. A capa preta lhe faz parecer um vulto em meio à penumbra, o monstro no centro de um pesadelo. Antes mesmo de dizer uma palavra, sei que não está aqui com boas intenções.Posso sentir a inquietação de Sukuna atrás de mim. Trocamos olhares de relance. Seu semblante recluso está manchado por
preocupação. Naobito, por outro lado, tem um brilho divertido no olhar, uma euforia maliciosa no rosto – como a de um gato que acabou de encurralar dois ratos indefesos.— O que está fazendo aqui, sr. Gojo? Sr. Ryomen? — pergunta ele, num tom suave e despreocupado. A insinuação de sorriso em seus lábios se alarga. — Vocês dois são amigos agora?
— Não exatamente — respondo, mantendo os dois pés firmes no chão. Algo me diz que precisarei correr muito em breve.
O professor de botânica cruza os braços e empina o queixo.
— Quando você descobriu o subsolo do castelo?
— Não importa — diz Sukuna, cortando a conversa-fiada, e dá um passo à frente, ficando entre o sr. Zenin e eu. — Nos deixe
passar, estamos indo a um lugar.— Ah, é mesmo? Aonde?
O tatuado fica em silêncio por um tempo desconfortável e longo o suficiente para deixar claro que está inventando uma
mentira. Se eu percebi isso, o Naobito também percebeu.Quando Sukuna volta a falar, suas palavras soam embaralhadas e sem firmeza alguma:
— Na real, estávamos procurando um lugar, mas acabamos nos perdendo…
— Sem problemas — o sr. Zenin aponta o caminho por onde viemos —, acompanharei os dois de volta à biblioteca.
Sukuna e eu nos entreolhamos de novo, angustiados, nervosos.
“O que vamos fazer?”, me pergunta ele, em silêncio.
“Não há nada que a gente possa fazer. Precisamos passar por ele”, respondo.
Em meus pulmões, sinto o ar ao redor ficar mais pesado e denso, a tensão se tornando tão palpável que consigo segurá-la na ponta dos dedos e senti-la esticar, e esticar, e esticar. Pode se romper a qualquer instante.
— Acho que preferimos fazer isso sozinhos. — É o que devolvo à sugestão de Naobito, que não toma a resposta muito bem.
— Sinto muito, mas isso não será possível.
O divertimento em seu rosto se apaga, a alusão a um sorriso nos lábios se derrete. As chamas parecem fugir de sua face, e
nela agora apenas sombras e escuridão dançam, acentuando os vincos na testa, o olhar semicerrado e o maxilar retesado.Inspiro fundo e meço minhas palavras com muito cuidado:
— Zenin, sei que você tem problema comigo, e com meu pai… — Ele bufa, surpreso. Não sei se pelo meu conhecimento sobre sua animosidade com meu pai ou pela minha coragem em
jogá-la na sua cara. — Deixa a gente passar — digo, calmo —, e tudo estará acertado.
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-» Entre neblina e desejo / Satosugu
Romance- A Academia Masters é um dos internatos mais prestigiados dos Estados Unidos. Escondido em uma ilha na costa da Flórida e cercado por muros impenetráveis, o internato recebe novas turmas anualmente. Mas, além dos alunos, abriga segredos sinistros e...