⚔ ▸ 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

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00.𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄 𝐃𝐎 𝐌𝐄𝐔 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄
prólogo

𝟏𝟑𝟐 𝐃.𝐂

Dragonstone virou cinzas.

A bandeira verde com um dragão de três cabeças em dourado foi fincada ao chão com a cabeça de Rhaenys.

Engasgando com meu próprio sangue; fissuras de lâminas indo do abdômen até a clavícula, uma flecha cravada ao ombro. Soldados vão e vêm ao meu redor, mas não sou capaz de ouvi-los ao eco em meus ouvidos.

O cheiro de fumaça viciou o ar junto às sombras dos dragões planando no céu.

A respiração é profunda, o ar parece rarefeito e doeu quando puxei oxigênio para dentro. Desvio o olhar desfocado para o corpo de minha noiva convulsionando diante de mim.

Parte da cabeça aberta pela pressão do arremesso espalhando a hemorragia no chão de pedras frente à pilha de cadáveres.

— Ba…ela…

Digo através de um fio de voz, suplício e falhado, afogado em sangue. Suor excessivo escorre pela derme anêmica; queima e arde.

Em um ato desesperado; rastejo em sua direção, a fim de tomá-la em meus braços, e protegê-la. Mentir ao sussurrar que tudo ficaria bem. Só para ter um último vislumbre do sorriso mais angelical já feito.

Impotente; forçado a assistir seu contorcer cessar e os olhos violetas perdendo o brilho de vida.

Quando alcancei sua mão, Baela estava fria e morta, poucas lágrimas descendo por seu bonito rosto.

— Bae… lá… — A agonia reverbera em minha voz, quebrada pelos chiados ofegantes.

Já não existia dor em meu corpo. Só um frio súbito que parasita na derme manchada, ouvidos letárgicos como se o chão girasse ao meu redor. O ritmo do meu coração diminui.

Sem forças; restou à mim aceitar meu destino. Não há outra alternativa quando a morte sopra rente ao peito.

Apertando a mão de Baela, encosto meu rosto no chão que rapidamente é envolvido por uma poça de sangue. Deixe-me fechar os olhos, respirar se torna difícil, agonizante.

Só desejo que Joffrey tenha conseguido fugir em Tyraxes com os gêmeos. Rhaenyra foi arrastada pelos guardas pouco antes do teto ceder. Que os deuses sejam piedosos com meus irmãos, é tudo que me resta pedir em meus dias finais.

Sinto muito, Daemon, quebrei o meu juramento.

Era meu dever proteger a família. Lutar para que a herdeira legítima senta-se ao trono de ferro, e a corja verde volta-se para o estranho. Abdicar dos meus desejos para focar na causa sempre foi um conselho precioso que recebi ainda jovem.

Mas, eu fui fraco no momento que me apaixonei, pelo homem responsável pela morte do velho rei. Eu deveria tê-lo matado em Winterfell. Arrancado do meu coração qualquer resquício de amor que um dia ousei sentir por um maldito assassino de parentes.

Mas minhas falhas trouxeram a nossa destruição.

Dedos são pressionados contra minha garganta, e ouço vozes conversando ao redor. Sem de fato compreender o que estão dizendo.

Abro a boca para gritar em dor quando sou virado para ficar de barriga para cima.

Forço-me a abrir os olhos, e mesmo com a névoa de incoerência querendo me dominar, consigo ver fios prateados. Olhos violetas ferozes e crueis. A visão turva me impediu de reconhecer quem está diante de mim.

Sou cercado por mais dois vultos, antes de gritar em agonia pela pressão firme contra o meu peito, sobre o ferimento.

Jacaerys.

Jacaerys.

O meu nome se torna um eco distante pela minha mente. Reviro os olhos ao sentir minha cabeça rodando até que a escuridão me engoliu.

𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄 𝐃𝐎 𝐌𝐄𝐔 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora