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Helena

── Gabriel? Gabriel? Gabriel Medina! — Cutuquei-o com irritação, e ele, sem muita pressa, tirou o fone de ouvido e me encarou. ── Quem é Júlia?

── Júlia quem?

── Alves! — Respondi, segurando o celular, enquanto ele recolocava o fone com um gesto displicente.

── Por quê? Ah, é aquela lá que estava lá em casa aquele dia. — Disse de olhos fechados, voltando à sua postura relaxada, enquanto meu sangue fervia.

── Ela está te mandando mensagem!

── Bloqueia. — Respondeu com total indiferença, e eu franzi o cenho. ── Ah, Lê, você está literalmente com meu celular desbloqueado na mão. Se quiser xingar, bloquear, faça o que achar melhor, só não exclui o Neymar e o Pedro. — Continuou, ainda sem se abalar. ── Nem minha mãe, ou a Sophia!

Fiquei ali, olhando para ele, tentando entender se estava falando sério, e para minha surpresa, ele estava. Estranhamente, isso me trouxe um certo alívio. Gabriel permaneceu de olhos fechados, mergulhado no som dos fones, enquanto eu analisava as mensagens no celular, com medo de encontrar algo que não queria. Fiz as contas das datas e a última vez que ele respondeu foi no dia em que brigamos. Será que devo fazer isso? Bom, isso me incomoda, e ele deu carta branca... além disso, ele já me assumiu, afinal. Abri o perfil da garota e, sem hesitar, bloqueei. Dei uma última olhada e, sinceramente, não havia nada comprometedor, mas a quantidade de mulheres que se jogavam nas solicitações era de tirar qualquer um do sério. Soltei o celular dele e peguei o meu, vendo que meu número de seguidores só aumentava, muito por causa dos boatos e das nossas fotos juntos. Postamos um story no meu perfil hoje, porque ele vivia reclamando que eu não o assumia publicamente.

Ele queria que eu colocasse uma música de casal.

Mas nada de algo fofinho, não. Ele insistiu em "você foi um dilúvio de amor", palhaço... Acabei escolhendo apenas o instrumental de "Os Anjos Cantam", acho perfeita!

Afinal, estamos namorando? Tudo isso parece atitude de um casal. Desde que conversamos e as coisas aconteceram, parece que demos um salto gigantesco, mas eu não estou reclamando. É uma sensação boa, diferente, mas boa. Ele não me pressiona, não é pegajoso... Eu mesma abri mão da minha liberdade, e ele fez o mesmo. Afinal, já não sei mais o que é passar um fim de semana sozinha, e dá pra contar nos dedos as noites em que durmo só. Ou ele está na minha casa, ou eu estou na dele.

Após o avião tocar suavemente o solo, o típico som de cintos sendo afivelados ecoou pela cabine, junto com o anúncio de que poderíamos desembarcar em breve. Destranquei o meu cinto e olhei para Gabriel, que já estava de pé, tentando pegar nossas bagagens no compartimento acima.

── Finalmente de volta ao chão, hein? — Disse, abrindo um sorriso preguiçoso, enquanto eu me espreguiçava no assento.

── Você dormiu o voo todo e ainda tá com preguiça? — Ele arqueou uma sobrancelha, jogando minha mochila no meu colo com cuidado.

── Ah, por favor, foram só umas cochiladas... — Dei de ombros, tentando disfarçar, mas a verdade é que o voo me deixou mole.

Gabriel riu e pegou a própria mala, me encarando de cima com aquele sorriso travesso que ele sempre usa quando está prestes a me provocar.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora