Dear John

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New York City, USA.
Taylor on.

Acordo sentindo dois pesos sobre mim. Sorrio ao ver os cabelos ruivos das duas, bagunçados e grudados nos rostos delas. Minha namorada dorme tranquilamente, abraçando Ayla com tanto carinho que chega a aquecer meu coração. Mas, então, a lembrança da noite passada me atinge: aquelas palavras que Ayla disse antes de adormecer, o medo que carregava.

Suspiro, deslizando delicadamente para fora da cama para não acordá-las. Pego o celular e mando uma mensagem rápida para Tree.

"Preciso de ajuda para encontrar uma terapeuta infantil... o mais rápido possível."

A resposta de Tree é quase imediata. "Tenho alguns nomes em mente, já vou fazer contato."

Alívio e ansiedade se misturam. Eu sei que Ayla precisa de apoio profissional, alguma coisa aconteceu e não sabemos de nada

Quebra tempo.

Estamos sentadas na recepção do consultório da terapeuta infantil, observando Ayla brincar com um ursinho de pelúcia que trouxemos de casa. Ela parece calma, mas seus olhos me traem, revelando o nervosismo. Seguro sua mãozinha, apertando-a de leve.

- O que vamos fazer lá dentro?

- Vamos conversar com a moça enquanto você brinca. Lá dentro tem vários brinquedos e coisas pra você desenhar. - S/N disse com calma.

Não demorou muito e a psicóloga nos chamou. Entramos e nos sentamos enquanto Ayla foi direto para os brinquedos de madeira.

- Bom - ela começou - o que trouxe vocês aqui?

- A Ayla falou uma coisa ontem a noite que nos deixou preocupadas. E depois eu comecei a lembrar de outras falas e atitudes dela.

- O que ela disse ontem?

- Toda noite ela acorda e vem dormir comigo, nunca dorme uma noite inteira sozinha. E como ontem estávamos na casa dela ela veio dormir com nós duas. Ela subiu na cama e se cobriu toda com o cobertor e quando nós começamos a fazer cosquinhas nela ela falou pra parar por que "estava doendo". Quando perguntamos ela simplesmente gritou falando que não era nada e começou a se tremer enquanto apertava o coelho de pelúcia, esse que ela trouxe, contra o peito. Eu só... fiquei com medo de ter acontecido alguma coisa.

- Certo. Só um adendo, você é? - disse olhando pra mim.

Olhei para S/N buscando aprovação e ela sinalizou que sim.

- Eu sou mãe dela também.

Vi a médica sorrir e anotar algo na prancheta.

- Mais alguma atitude ou fala dela?

- Uma vez, mais específicamente no aniversário de três anos dela, ela veio e falou que a bexiga doía quando sentava e quando andava. Quando eu falei que pediria ao pai dela pra levar ela no médico ela falou que não, e que era pra mim levar ela. Eu fiquei encucada por dias.

- Você tem quantos anos? E quantos anos o pai dela tem?

- Eu tenho 20... O "pai" dela 28.

Vimos a psicóloga levantar as sobrancelhas e anotar na prancheta.

- Eu posso estar maluca mas vou trabalhar isso com ela pra ver se realmente é verdade. Não posso falar agora, já que pode realmente ser só especulações mas quando eu tiver a certeza eu falo pra vocês. Aparentemente ela é uma menina feliz e bem avançada pra idade dela, sinceramente, com três anos eu pintava tudo fora da linha. - ela disse rindo enquanto chegamos perto dos desenhos que Ayla tinha feito - e ela ama muito vocês. Bom eu vou esperar ela semana que vem.

De relance vi um dos desenho, nós três, porém algo me chamou atenção.

- Esse desenho aqui - disse pegando ele da mesa - o que é isso aqui atrás da árvore?

- Eu vou analisar. Prometo entender e falar semana que vem.

Saímos do consultório com Ayla ainda segurando firme o ursinho de pelúcia. Ela parece mais animada agora, dando pequenos pulinhos enquanto segura nossas mãos, como se o peso de nossa conversa não a afetasse. Mas S/N e eu trocamos olhares silenciosos, ambas sabendo que as próximas semanas poderiam revelar mais do que estamos preparadas para ouvir.

No caminho para casa, Ayla começa a cantarolar uma música infantil. Sorrio para ela, acariciando sua mãozinha.

— Ei, princesa, que tal a gente ir tomar um sorvete antes de voltar pra casa? — pergunto, tentando trazer leveza ao momento.

Os olhos dela brilham de imediato, e S/N sorri, concordando.

— Sim! Sorvete! — Ayla responde com a alegria inocente que ilumina nossos dias.

Escolhemos uma sorveteria perto do consultório, e Ayla não demora em decidir que quer sorvete de morango com muitos confeitos coloridos. Observae ela se lambuzar com o sorvete, esquecendo momentaneamente qualquer tristeza, me conforta. Ela é só uma criança, afinal. Quero que ela tenha a liberdade de ser feliz, leve, sem qualquer preocupação.

Depois de um tempo, eu encaro S/N de um jeito sério, como se estivesse ponderando suas próximas palavras.

— Você acha que precisamos conversar com o pai dela sobre o que está acontecendo? — pergunto, com o tom cauteloso.

Ela engole em seco. É uma questão complicada. Acho que ela mão quer que Ayla sinta que estamos invadindo sua privacidade, mas também sinte a urgência de proteger ela de qualquer ameaça, mesmo que ainda não saiba ao certo de onde ela pode vir.

— Acho que, por enquanto, vamos seguir com as consultas e observar o que a terapeuta nos diz. Se precisar envolver ele... faremos isso, mas só quando tivermos certeza, — diz, tentando manter a calma.

Eu concorda com a cabeça, mas vejo a preocupação ainda pairando sobre seus olhos. Sei que ela está tão abalada quanto eu. Ayla é nosso mundo, e qualquer sombra de dor ou trauma nela nos afeta profundamente.

Voltamos para casa, e Ayla corre para seu quarto, ansiosa para mostrar algo que desenhou antes de sairmos. Nós a seguimos, vendo ela puxar uma folha de papel onde ela desenhou nós três juntos em um parque. O detalhe que nos faz estremecer é que, no canto da folha, há uma figura estranha, uma sombra que parece nos observar de longe.

— Quem é esse, Ayla? — pergunto suavemente, apontando para o desenho.

Ela franze o cenho, pensativa, como se estivesse tentando se lembrar de algo.

— É o...  papai... eu acho. — Ela diz em sussurro como se estivesse confusa ou com medo.

Eu e S/N trocamos olhares aflitos. Essa nova informação traz mais perguntas do que respostas. Decidimos não pressioná-la, e apenas assentimos, fingindo uma tranquilidade que definitivamente não sentimos.

Depois de colocá-la para dormir, S/N me puxa para o sofá, ambas ainda processando tudo o que ouvimos.

— Acho que vai demorar um pouco até conseguirmos entender tudo, — S/N diz, apertando minha mão.

— Mas vamos estar com ela, cada passo do caminho. Ela não está sozinha, e nós também não estamos. — Respondo, tentando nos fortalecer.

Por mais que o caminho à frente pareça nebuloso, sinto que, juntos, temos a força necessária para encarar qualquer coisa. Porque, no fim, nosso amor por Ayla e por nós três é o que vai guiar cada escolha que fizermos.

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Apareciiii!

Mudei bastante coisa cara.

Erros ortográficos tem total sentido já que escrevi eram cinco da manhã já que meu pequeno decidiu acordar e acordar a casa inteira junto. *Olho piscando*

Kisessssssss.

Maroon (Taylor Swift e S/N) 𝐑𝐄𝐄𝐒𝐂𝐑𝐈𝐓𝐀!!Onde histórias criam vida. Descubra agora