O Amor de Dois Anjos da Guarda

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Todos os dias eu ia para aquela escola especifica, ver aquela pessoa especifica. Nunca me aproximava demais, ele não podia ver que eu o procurava, ele nem sabe da minha existência. Mas amor, eu sei tudo sobre ti.

Namorei com o teu amigo e descobri mais sobre ti, mas parece que ele também não te conhece.... Muita coisa não bate certo. Todas as semanas eu observava-te, tu não parecias feliz, parecias triste, com um olhar vazio. Sempre com os teus fones, e músicas tóxicas ouvias. Nenhum amigo teu reparava no quão partido estavas, e eu, que não te conhecia percebi logo. Tu és daquelas pessoas que tenta ajudar todos, mas ninguém te ajuda. Mesmo que nunca desses abertura a ninguém, fazias questão de ajudar quem precisava.

Oh meu amor... eu precisava te salvar daquele poço sem fundo onde caías aos poucos, sem que ninguém soubesse. Depois de um tempo entendi, tu fingias ser uma pessoa diferente, mas eu seguia-te depois de saíres das tuas aulas, tu andavas, andavas, e andavas, ias não sei para onde. Mas o que reparei é que cada vez mais longe das pessoas conhecidas, mais fechavas a cara e mostravas os teus reais sentimentos. Tu estavas partido, morto por dentro, e ninguém reparava.

Nunca reparaste que eu estava ali, eu queria estar ali por ti, saber se estavas bem, se alguma vez faltasses há escola eu iria saber, se faltasses a uma aula eu iria saber, se fosses para fora da escola eu iria saber. Como é que eu chegaria a ti? Tu não dás abertura a ninguém, não olhas à tua volta, não queres saber de nada nem ninguém. Só queres estar sozinho com a tua música.

Que raiva, estava a namorar com um amigo teu, que por sinal era uma merda. Que raiva, não conseguia chamar à tua atenção. Que raiva, não sabia como fugir daquela relação tóxica para me focar em ti. Eu ando a observar-te há muito mais tempo que pensas, eu conheço-te há muito mais que pensas. O nosso amor era proibido, era impossível. Tu não olhavas para mim, à tua frente. OLHA PARA MIM!! Porque não olhas para mim? Mas tu não olhas para ninguém.

Todas as noites penso no que fazer para conseguir te ajudar, mesmo que seja de longe. Entreguei-te um bilhete que nunca viste, deixaste a tua mochila para trás e eu coloquei no bolso da tua mochila um papel, a dizer para olhares mais à tua volta, mas nunca o viste, acho eu. Eu tinha medo de ser tarde demais, diziam que tu eras depressivo e triste. Todos os dias pensava, será que o vou conseguir ajudar? Ou será tarde demais? Parecia que tinhas desistido de ti, mas eu não podia perder o que nunca tive. Um dia mandaste-me mensagem...

Os meus olhos brilharam, mas era apenas tu e os teus "amigos" a tentar saber se eu realmente gostava de anime. Amor eu comecei a amar ainda mais anime ao saber que tu gostavas, antes eu nem ligava para isso. Mas quando me mandaram a mensagem já eu sabia que gostavas de anime, então já tinha visto alguns. Tentei desenvolver assunto contigo, por uns dias até consegui, mas depois afastaste-te. Será que te perdi de vez? Fui muito chata? Estás vivo? Sim, estavas, porque eu continuei a ver-te ir embora depois da escola, estavas sempre de calções e T-shirt, com o teu chapéu preto, fones pretos. Às vezes tinhas uma blusa de anime.

Um dia consegui convencer o meu "namorado" para tu almoçares connosco. Foi o primeiro contacto que tivemos. Estavas sentado á minha frente, de fones, tentei falar contigo, tu ignoraste-me. Doeu tanto, pensei em desistir de te conhecer, mas eu não te conseguia tirar da cabeça, todas as vezes que estivemos próximos um do outro é como se ouvisse os anjos chorar, como se eles não quisessem que fosses meu, o nosso possível amor assustava-os.

Tu és meu há mais tempo do que pensas. É como se os anjos não quisessem que me encontrasses, mas eu nem sou muito ligada a fé, és meu, amor. A vida não é infinita, então o quão mais rápido conseguisse que olhasses para mim, melhor. Depois desse almoço, começaste a vir mais vezes. Todas as vezes dizias poucas palavras, estavas sempre de capuz e fones, o que me quebrava, pois achava que ia ser impossível. Pena de ti, sou mimada, muito mimada, ou seja, não aceito rejeição.

Quando consegui trocar as primeiras palavras contigo, parecia milagre. Desde aí consegui manter um pouco contacto contigo, até parares de me responder e começaste a ignorar-me. Pensei que talvez fosse melhor deixar-te, mas eu preocupo-me tanto contigo, não posso simplesmente te deixar sozinho, tu precisas de alguém que te salve desse abismo, que tu encaras o fundo, como se a qualquer momento fosses simplesmente te jogar do alto. Descobri que és bem mais velho que eu, eu tenho 15 anos e tu 21, mas isso não me importa.

Eu estava esgotada mentalmente, pensei em acabar com a minha vida, postei um storie de despedida, mas de forma que não entendessem que era uma despedida. Tu mandaste mensagem, a perguntar se eu tava bem. Foi um choque ver a tua mensagem, tu estavas a preocupar-te comigo. Foi nesse momento que desisti da minha ideia de acabar com a minha própria vida. Começámos a falar mais, tu querias me ajudar, e eu queria te ajudar, depois de quase um ano deste-me abertura para eu cumprir a minha missão de te salvar do abismo.

Começas-te a encontrar-me nas escadas da minha casa, ficávamos horas a falar e a rir. Eu consegui! Consegui fazer com que confiasses em mim, o que transtornou muitas pessoas, pois eu era a única pessoa que deixaste conectar-se contigo. A primeira noite que demos um abraço, foi o dia mais marcante na minha vida, afinal de contas, tu odiavas toque físico, e deste-me um abraço. Foi incrível... Desde esses dias aproximamo-nos e hoje namoramos há quase um ano. Sei que tive muito esforço e tempo para te conquistar, mas consegui. Tu disseste que gostas das malucas, estou aqui. No final das contas somos dois anjos da guarda a quererem se salvar um ao outro, e é o que fazemos até hoje, salvamo-nos um ao outro. Amo-te amor.

O Amor de Dois Anjos da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora